Verá que parte das dicas não são complicadas de implementar e podem fazer toda a diferença. A ordem que se apresenta é mais ou menos arbitrária.
1. Mantenha-se hidratado
Para alguns poderá não fazer sentido, mas é de importância capital estar bem hidratado quando está mais frio e damos uso à moto. Uma superior hidratação ajuda a manter a pele mais hidratada e torna-nos mais tolerantes ao frio.
Naturalmente que estão excluídas as bebidas alcoólicas, apesar de se considerar que “aquecem o corpo”, quando é exatamente o oposto que acontece.
2. Tenha especial cuidado com a pele do rosto e os lábios
O nosso rosto sofre imenso com as agressões causadas pelo frio e facilmente ficam marcas que teimam em não desaparecer, criando ainda mais rugas e até feridas ou manchas que podem ser evitadas.
Claro que o capacete oferece uma importante proteção, sobretudo se for integral, mas não é suficiente e opções de roupa térmica, como uma balaclava ou proteção para o rosto e pescoço, fazem todo o sentido e são de uma grande ajuda.
Um pouco de creme hidratante em toda a cara (se tiver protetor solar ainda melhor, afinal de contas, o sol de inverno queima imenso) e um pouco proteção contra o cieiro fazem todo o sentido. Os lábios são mucosas particularmente expostas e sensíveis. A sua proteção previne situações de feridas, herpes labial, entre outras.
3. A importância do capacete
Quem aprecia capacetes mais “arejados” para o tempo frio deve repensar essa estratégia. Um capacete jet não é, de todo, o seu melhor aliado no frio, muito pelo contrário. Se puder, pode até ter mais que um capacete para utilizações em épocas diferentes do ano.
Seja cuidadoso na escolha do capacete. Não olhe apenas para a decoração, a marca ou o modelo. O conforto térmico é importante e é nos meses mais frios (ou mais quentes) que mais se vai aperceber disso mesmo! Também acessórios como o pinlock ou película anti embaciamento, fazem ainda mais sentido nesta época e são um investimento também no conforto e segurança! Ter de circular com a viseira aberta e temperaturas negativas para evitar o embaciamento… não obrigado!
4. A escolha do blusão/casaco
É natural que tenhamos os nossos gostos por marcas ou cores, mas se a componente de estética e segurança é fundamental, também a dimensão do conforto térmico não pode ser esquecida, sobretudo na escolha da roupa mais invernosa.
A escolha de materiais de qualidade superior pode não estar ao alcance de todos, mas um bom forro, destacável, é essencial e faz toda a diferença, tal como conhecer devidamente o seu casaco e perceber as suas caraterísticas e estratégias que tem para melhorar o isolamento e, ao mesmo tempo, garantir alguma respirabilidade.
Para casos mais extremos há sempre a possibilidade de adquirir um equipamento que tenha aquecimento interior, geralmente conseguido por meio de uma pequena bateria. Talvez não seja necessário para a maioria de nós e das nossas utilizações, mas acreditem que faz milagres e pode transformar a experiência da condução.
5. A importância de umas boas luvas de inverno
Quando adquiriu a moto e ficou indeciso entre um escape espetacular ou os punhos e bancos aquecidos e um ecrã regulável… pense que quando andar de moto no inverno o escape não lhe fará falta, mas os punhos aquecidos ou mesmo o selim e o ecrã em posição mais elevada talvez sejam muito úteis.
Uma alternativa aos punhos aquecidos podem ser umas luvas aquecidas e mesmo umas proteções para os punhos, também conhecidas por sobre luvas ou manápulas, dão uma boa ajuda, mas o ponto de partida deve começar por ter umas boas luvas de inverno. Não precisam de custar uma pequena fortuna e duram vários anos, se tivermos algum cuidado com elas.
6. Não negligencie as calças
É um facto que algumas motos, não apenas as scooters, oferecem alguma proteção contra o frio, dado o seu próprio desenho e até o motor, em alguns casos, pode ter canais para conduzir o calor do motor até si, mas as calças são essenciais e umas cobre pernas, como as usadas nas scooters, ajudam, mas não são viáveis em todas as motos.
Não se iluda a pensar que umas calças são suficientes para o ano inteiro, mas se tiver de ser, escolha umas com forro que depois pode retirar. Em desespero de causa um corta-vento para as calças também pode dar uma ajuda e ser um bom aliado contra o frio. Também pode melhorar o conforto térmico pelo interior, mas já lá vamos.
7. A importância do calçado
Um pouco na lógica do que foi registado anteriormente, não vale a pena iludir-se com a esperança de que umas botas o vão servir bem ao longo de todas as estações. Não foram criadas e desenhadas para isso e os seus materiais estão destinados para uma gama ampla de temperaturas, mas não para todas.
A pensar no inverno a sugestão é optar por umas botas mais altas, não precisa de ser até ao joelho, impermeáveis, mas que não tenham rigidez excessiva. Em situações de mais frio umas cobre botas ou polainas também são uma boa ajuda e como são bastante altas, chegando próximo do joelho, ainda melhor!
Calçado técnico para andar de moto representa mais segurança, facilidade de utilização e conforto térmico. A velha estratégia de comprar fora da estação ou em saldos aqui também se aplica. Aqui faz todo o sentido comprar um tamanho ligeiramente acima, sobretudo se gostar de utilizar meias mais grossas e quentinhas, que representam uma proteção adicional contra o frio.
8. A roupa térmica é um excelente investimento
Muitos de nós, entre os quais me incluo, tem no seu guarda-roupa pelo menos uma camisola fininha e umas calças, ambas térmicas e sabe que são quase milagrosas com o tempo mais frio.
São o tipo de roupa que é acessível, bastante leve e fácil de vestir e despir, além de que ocupa pouco espaço e por debaixo da outra roupa nem se dá conta que estão lá, pelo que é altamente recomendável, mesmo quando as temperaturas não chegam a ser terrivelmente baixas.
Vestir uma balaclava, camisola, calças e meias térmicas é já meio caminho andado para que o frio fique mais longe e não deixemos a moto de lado só porque as temperaturas que nos rodeiam são um pouco mais agrestes que o habitual.
9. Atenção à manutenção da sua moto
O cuidado que temos para andar no tempo mais frio deve ser extensível à moto sendo que a bateria é o melhor exemplo já que é mais solicitada e sofre imenso com frio, até numa moto elétrica a sua autonomia é menor. Assim, o melhor mesmo é andar muito atento à bateria da moto, não vá ela acabar por o deixar apeado. Um otimizador de bateria faz milagres.
Verifique com mais frequência a pressão dos pneus. Assim como o tempo mais quente aumenta ligeiramente a pressão, o mais frio causa o fenómeno inverso. Já agora, quanto mais baixa for a temperatura exterior, mais tempo vai ser necessário para os pneus atingirem a temperatura normal de funcionamento.
As restantes recomendações ao nível da limpeza do sistema de iluminação, nível do óleo, lubrificação da corrente, prevenção da corrosão são mais ou menos transversais ao resto do ano, mas tenha sempre presente que o frio, nomeadamente o gelo, é um inimigo de plásticos, borrachas, cromados… e uma capa pode ser uma boa ajuda para quando a moto estiver em repouso, sobretudo se for num local sem cobertura.
10. Adaptar o estilo de condução
Com o tempo mais frio e “ensanduichados” em equipamento para nos proteger, faz todo o sentido que a condução continua a ser uma fonte de satisfação, mas seja necessário sermos cuidadosos até porque o piso pode estar gelado e os nossos reflexos serem um pouco mais lentos.
Outro aspeto interessante é que a sensação térmica pode ser bastante diferente da temperatura real, aumentando esse desfasamento com a velocidade. Por exemplo, podem até estar 10°, temperatura francamente razoável para andar de moto, mas a sensação térmica, mais ainda com vento, é que pareça estar bem menos e esta sensação agudiza-se se circularmos mais depressa. Se tiverem dúvidas, façam a experiência nessas condições! Basta fazer um trajeto a 50 km/h e depois repetir a 100 km/h que se sente nitidamente a diferença na perceção térmica.
Tudo somado, é fundamental uma maior adequação ao meio ambiente circundante, conduzir de forma mais cautelosa e defensiva, com a moto devidamente afinada e cuidada e o equipamento correto para que o frio, o vento e a humidade não tornem a experiência num suplício.