Teste Yamaha MT-07: Polivalência global

29/08/2023

http://www.revistamotos.pt

Polivalente, fácil, fiável, atrativa, prática, económica, equilibrada… A MT-07 é um dos modelos mais populares do mercado e uma das naked mais vendidas no nosso país em 2022. Depois de oito temporadas à venda e da atualização de 2021, mantém intactos os seus encantos, mas melhorou no tato e diversão.

Motos

http://www.revistamotos.pt

Apresentada ao mercado em 2014, a Yamaha MT-07 foi um êxito imediato, a partir do momento em que começou a chegar aos concessionários, motivado pela combinação das prestações, preço e design. Representa o terceiro escalão da família naked desportiva da família Yamaha Master of Torque, acima da MT-125 e MT-03 e abaixo das MT-10 e MT-09. No total, são cinco modelos bem diferentes entre si, concebidas para lutar num competitivo mercado, em crescendo e com grande pujança, já que nos últimos anos as naked têm ganhado protagonismo face a outros segmentos. Em quase uma década, a MT-07 apenas necessitou evoluir para se manter no topo das tabelas de vendas. Em 2018 chegou o primeiro “restyling”, com melhorias a nível estético, ergonómico e na ciclística e em 2021 sofreu a segunda atualização, aproveitando a chegada da norma Euro 5. O design foi redesenhado, mais concretamente a ótica frontal, que muitas opiniões tem dividido.

De acordo com os dados estatísticos, a Yamaha MT-07 é uma das motos mais vendidas na Europa e no mercado nacional. Alguns dados revelados pela Yamaha Europa ajudam-nos a perceber melhor a sua importância para o mercado e para a própria marca: quase metade dos compradores são jovens e por isso, muitas são vendidas limitadas a A2 (48 cv). Também continua a ser a naked desportiva mais vendida da marca, algo que deixa bem clara a importância do modelo para o fabricante dos três diapasões. Através da MT-07 a Yamaha partilha da filosofia e posicionamento com outras naked de média cilindrada com versões A2 como a Benelli 752S, Honda CB650R, Kawasaki Z650, QJ MOTOR SRK 700, Suzuki SV 650 ou a Triumph Trident 660.

CROSSPLANE 2

Recordamos que o motor da MT-07 é designado por CrossPlane 2 (CP2), isto é, um bicilíndrico em linha compacto de 689 cc com a particularidade de montar uma cambota ajustada a 270º para nos dar um tato e uma sonoridade semelhante a um V2 (mais caro, complexo e pesado). Na sua última evolução foram melhorados alguns pormenores internos (sobretudo menos fricção), além de uma caixa de velocidades otimizada e um novo sistema de escape. Este bloco, que se estreou na primeira geração do modelo em 2014, também foi aproveitado em quatro outras irmãs de catálogo (XSR700, Tracer 7, Ténéré 700 e R7), uma autêntica “jóia” para a Yamaha. Mas há mais argumentos neste modelo, como as suspensões Kayaba, travões de disco dianteiros de 298 mm e pinças monobloco Advics de excelente tacto. O amortecedor traseiro (com 9 posições de pré-carga), não deu sinais de fadiga em nenhum momento durante este teste. Está instalado horizontalmente, não tem bielas e está acoplado diretamente ao motor para conseguir maior rigidez. O quadro usa tubos de aço (sub-quadro assimétrico), deixando o assento a 805 mm do solo, algo elevado “a priori”, compensado pelo estreito arco de pernas. O guiador cresceu 3 centímetros de largura para conseguir uma postura 100% natural. De série vem calçada com pneus Michelin Road 5. Ao nível do utilizador é de agradecer a instrumentação digital de fácil leitura e com tanta informação.

A MT-07 é comercializada em três cores: ciano, azul e preto. Também existem diversos acessórios especialmente desenhados para este modelo, para que cada utilizador a possa completar ao seu gosto, como para-brisas, pousa-pés, assentos, top case, etc.

LÓGICA DIVERTIDA

A posição de condução é muito natural e, mesmo o assento que é algo rijo, passado uma semana acaba por se tornar aceitável. O tato geral é quase perfeito, com mudanças de direção rápidas e precisas e a resposta do acelerador é impecável: um grande trabalho da Yamaha.

Em andamento mostra-se uma moto extremamente ágil e quando a velocidade aumenta, não perde a estabilidade, transmitindo um “extra” de confiança que é sempre de salutar. Tudo isto é vital se nos recordarmos que metade das MT-07 vendidas são para utilizadores com pouca experiência. Por exemplo, a sua neutralidade em curva é importante: os pneus montados não são os mais ágeis, mas, se tocas no travão dianteiro em plena inclinação, a moto não tende a levantar-se de forma brusca como acontece noutras motos, algo que pode assustar os utilizadores menos experientes e retirar-lhes confiança.

A Yamaha MT-07 mantém a sua agilidade, mas é estável e mantém a trajetória sem perder a compostura em qualquer situação. Quanto ao motor, é muito divertido poder contar com um tato tão refinado, acompanhado por uma caixa perfeita (de tato e escalonamento). De facto, em estradas de curvas de segunda ou terceira mudanças, como aquelas em que fizemos bastantes quilómetros, a moto aceitou uma condução tranquila, com uma mudança acima, mas também quando jogamos ao ataque, jogando bem com os regimes médios. Numa condução rápida também nos surpreendeu pela competência: acelerando em segunda a fundo, a roda dianteira teimava em descolar do chão, mas com tranquilidade (longe de uma MT-10, por exemplo), deixando mudar de direção mesmo no ar, para preparar a curva seguinte.

Uma moto perfeita para aprender e ir progredindo, mas também idónea para usar no dia-a-dia e aos fins de semana, ou até para viajar com um para-brisas instalado (num ritmo normal faz um consumo médio de 4 litros). Assim que comeces a rodar com ela, abres o punho do acelerador com uma confiança pouco comum para uma moto que não conheces, notas como se torna leve o trem dianteiro (a distribuição de pesos é quase perfeita) e divertes-te tanto que vais parecer um jovem a “curtir” tanto em estradas de montanha como dentro da cidade. A MT-07 é uma naked muito válida no que a versatilidade e facilidade de condução diz respeito, com desenho atrativo, divertida como poucas, com um consumo dentro do comum e muito eficiente. É leve, com boa centralização de massas (motor pequeno e baixo), até parece que vais de bicicleta. Esta Yamaha é uma moto que não é muito exigente para utilização diária pelo que nunca te irás cansar e vais desfrutar das estradas como nunca o fizeste antes, aproveitando ao máximo todas as potencialidades deste modelo, graças à surpreendente manobrabilidade. Além disso, lembra-te, é uma moto que está disponível numa versão limitada para poder ser conduzida pelos utilizadores com carta A2.

CONCLUSÃO

Já diz o ditado que “em equipa que vence não se mexe”. Este ditado popular adequa-se na perfeição à Yamaha MT-07 que, embora tenha evoluído com o passar do tempo, nunca se transformou em algo mais radical que poderia prejudicar o conceito original. A Yamaha acertou em cheio com a MT-07 desde o seu lançamento e continua a seguir a mesma estratégia que confirma que fizeram uma aposta certeira. Esta nova versão agradou-nos ainda mais que as anteriores e isso quer dizer muito. Como em tantos outros modelos da história da Yamaha, esta é uma moto que te faz crescer enquanto condutor e que mesmo que tenhas já muita experiência, continuas a conseguir divertir-te muito. E continua a subsistir sem ajudas eletrónicas à condução..

A OPINIÃO DO JORNALISTA

São poucas as motos no mercado que dão tanto por tão pouco. A Yamaha MT-07 é uma moto para tudo e para todos, válida para os iniciantes ou para os mais experientes, para a cidade ou para a estrada: pura polivalência em formato naked desportiva.

Por: Jesse Mach
Fotos: Israel Gardyn

1 of 6