Condutores de matérias perigosas prometem “secar” o país

16/04/2019

As filas já se fazem sentir nos postos de abastecimento de combustível, que começam a ter os seus tanques vazios. A greve dos motoristas de matérias perigosas chega numa altura complicada, com o aproximar das férias da Páscoa, e o sindicato diz que a requisição civil do governo apenas entra em acção passadas 48 horas.

Depois da ameaça deixada ontem pelo Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas, onde se inclui o transporte de combustível para os postos de abastecimento, começam a sentir-se os efeitos desta greve decretada para exigir melhorias salariais destes profissionais. Uma das principais gasolineiras do país, a Prio, até já confirmou que o combustível poderá deixar de estar disponível em mais de metade dos seus postos até ao final do dia de hoje. Entre as reivindicações estão o reconhecimento da especificidade da profissão, que exige uma formação para o transporte de mercadorias perigosas mas sem o respetivo reconhecimento, sendo estes condutores equiparados aos restantes motoristas de transportes pesados. Além disso, é exigida uma revisão salarial dos profissionais.

A greve está decretada por tempo indeterminado, e como a Antram (Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias) já disse que não vai negociar enquanto a paralisação não terminar, os problemas podem avolumar-se nos próximos dias. Esta associação veio pronunciar-se sobre esta situação e, através de um comunicado enviado para as redações, refuta a acusação de que a remuneração destes profissionais esteja a ser “balizada pelo salário mínimo” . Aliás, apresenta valores líquidos, depois do salário, subsídios e ajudas de custo, que superam os 1400€ mensais, referindo ainda que existe um seguro com capital mínimo de 5.000€ para acidentes de trabalho, invalidez ou morte. A terminar, a Antram disse que “esperar que a verdade e o bom senso imperem” para resolver esta questão.

Devido à gravidade desta situação, e considerando que no primeiro dia de greve não foram cumpridos os serviços mínimos, o governo já avançou para a requisição civil. A justificação é de que a situação está a levar ao cancelamento de voos em Lisboa e Faro, afeta os portos e também tem impacto no cumprimento das tarefas por parte dos bombeiros. Como tal, anuncia a requisição civil para “assegurar a satisfação de necessidades sociais impreteríveis na distribuição de combustível”. Mas, como o Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas afirma que esta prerrogativa do executivo apenas entra em ação passadas 48 horas, os postos de combustível nacional continuam a ficar secos e as filas à porta destes estabelecimentos a avolumar-se…

Fontes: Público, DN, TSF e Antram