Volkswagen confirma ligações à ditadura brasileira

19/12/2017

Apesar de não existir qualquer prova de envolvimento institucional, as equipas de segurança da fábrica da marca trabalharam com o regime militar. Uma cooperação que envolveu até interrogatórios com tortura nas instalações da marca e o empréstimo de viaturas para transportar detidos.

Um novo estudo, encomendado pela própria VW, concluiu que existiu uma colaboração entre o staff de segurança da Volkswagen e a ditadura militar que comandou o Brasil entre 1964 e 1985. Apesar de tudo, o responsável pelo estudo, Christopher Kopper, afirma que “não existem provas claras de que a cooperação fosse institucionalizada”, o que significa que não há evidências de que os responsáveis da marca tenham dado ordens nesse sentido. Esta é a principal conclusão de um estudo que teve por base as afirmações de antigos funcionários e documentos dos arquivos da VW e do Estado brasileiro.

O suporte envolveu dar ao regime militar, que liderou o país durante 21 anos, listas com os nomes dos funcionários que seriam, politicamente, de esquerda. Mas mais grave é que esta cooperação chegou ao ponto de serem feitos interrogatórios dentro das instalações, inclusive com recurso à tortura. Outra acusação aponta para a utilização de viaturas da marca para o transporte de pessoas detidas.

A Volkswagen já comentou, indicando que nesta altura não pondera indemnizações, nem alargar o âmbito desta investigação também a possíveis envolvimentos com a ditadura na Argentina. O CEO da marca para o Brasil e restante território sul-americano, Pablo Di Si, disse que “não temos nada a esconder. Estamos a trabalhar com as autoridades”. O responsável pelo estudo agora publicado também veio indicar que recebeu total apoio da VW e reforçou que não existem provas de envolvimento institucional, mas que o departamento de recursos humanos sabia o que estava a acontecer. Mas ressalvou que a empresa destruiu, assim que cumprido o prazo legal mínimo para tal, diversos documentos que faziam parte do seu arquivo histórico. A Volkswagen é a terceira marca mais vendida no Brasil e a descoberta deste caso já originou protestos junto da sua fábrica.

Fonte: Automotive News Europe