Câmara quer transformar linha de Cascais em corredor bus

26/07/2018

Em face do que considera ser “a morte da Linha de Cascais” devido ao desinvestimento do atual Governo, Carlos Carreiras, presidente da Câmara de Cascais, tem um plano: lançar duas linhas de BRT (Bus Rapid Transit): uma na A5, em faixa dedicada; e outra no atual espaço da linha de comboios de Cascais.

O presidente da Câmara Municipal de Cascais considera, numa dura posição publicada pelo jornal i sobre a mobilidade da área metropolitana da Grande Lisboa, que, “perante a falência da Linha [de comboio] de Cascais, não há mais tempo a perder: temos de lançar o BRT (Bus Rapid Transit) em dois eixos: na A5, em faixa dedicada; e no atual espaço da linha da CP, que deve ser passado para a gestão das autarquias”.

O social-democrata que dirige os destinos da autarquia de Cascais entende que “enquanto Cascais, Oeiras e Lisboa fazem investimentos sem precedentes na mobilidade, o governo sacode as suas responsabilidades. Enquanto as autarquias trabalham em conjunto para encontrar soluções, o governo abre alçapões”.

Para o munícipe, “as notícias sobre mais desinvestimento e mais cortes na oferta de comboios na Linha de Cascais“, suscitam-lhe apenas “duas palavras: tenham vergonha. Essa vergonha tem caras e tem cores. Tem a cara de Pedro Marques [atual Ministro do Planeamento e das Infraestruturas] e tem as cores do Bloco de Esquerda e do Partido Comunista Português. Estes três são a comissão liquidatária da Linha de Cascais”.

Num artigo de opinião bastante contundente, o presidente da edilidade de Cascais refere que “Pedro Marques ou é um homem com um enorme descaramento ou acredita que as pessoas de Lisboa, Oeiras e Cascais que utilizam a Linha são seres desprovidos de inteligência”.

Carlos Carreiras lembra reuniões tidas com os seus homólogos de Lisboa e Oeiras para a modernização da linha de Cascais: “Com Fernando Medina, presidente da Câmara de Lisboa, e Paulo Vistas, à época homólogo da Câmara de Oeiras, estive em 2015 nas negociações com o governo do PSD e do CDS. E já nessa altura ficou fechado um investimento total de 259 milhões de euros: 135 milhões vindos do Orçamento do Estado e de fundos europeus para a remodelação da linha, que seria sempre propriedade da REFER; 124 milhões para investimento em novo material circulante, dinheiro do privado que vencesse o concurso de concessão, que estaria obrigado a aumentar os níveis de serviço e a manter ou diminuir os preços de transporte”.

Governo ignorou investimento que estava fechado

Para Carreiras, “Pedro Marques mandou tudo para o lixo. Sem projeto nem ideias para a Linha de Cascais, que continuou a degradar-se a olhos vistos, o ministro limita-se a oferecer aos utilizadores um comboio de propaganda. Em março de 2016, ‘o governo prepara a renovação da Linha’ e os dinheiros chegariam no Plano Juncker. Em outubro, perante as críticas dos autarcas, o ministro jura a pés juntos que ‘ninguém desistiu da Linha de Cascais’. No mesmo mês, mas em 2017, Pedro Marques acenava com ‘200 milhões para a ferrovia’, mas um mês depois já não sabe quem paga o investimento. Procuramos no Orçamento do Estado? Zero. No Plano para a Ferrovia? Nada. O embuste começa a revelar-se: o ministro governa, repetitivamente, em modo de anúncios. Promete hoje investimentos de ontem que talvez se concretizem amanhã”.

“Pedro Marques descarrilou”

Carlos Carreiras, n.º1 da Câmara de Cascais desde 2011, culpa o ministro das Infraestruturas de “de não ter recuperado a infraestrutura enquanto podia e enquanto estavam criadas as condições para o fazer. Divorciou-se dos problemas do povo que supostamente deveria servir. Remeteu-se às certezas do seu gabinete e quebrou o diálogo com os autarcas”.

“Como os utilizadores da Linha de Cascais – e da ferrovia pelo país fora – testemunham diariamente, há muito tempo que Pedro Marques descarrilou”, diz Carlos Carreiras.

PCP e BE sabotaram acordo de 2015, diz munícipe

O autarca considera que “comunistas e bloquistas sabotaram o acordo de 2015”, explicando a sua ideia: “Para PCP e BE, em matéria de transportes, a questão sempre se reduziu a isto: ou o acordo era revogado ou revogava-se o poder do PS. Com a conivência socialista, PCP e BE foram as raposas a guardar o galinheiro dos transportes públicos. A conclusão é paradoxal: entre uma Linha de Cascais funcional, ainda que coparticipada por poderes públicos e privados, ou uma linha de comboio pública mas morta, como a que temos hoje, os comunistas e bloquistas preferem a segunda”.

Diz, por isso, Carreiras: “Não desistiremos. Encetarei, com caráter de urgência, contactos com o primeiro-ministro e com os presidentes de câmara de Lisboa e Oeiras, com quem articularei posições”.

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