Evento sobre Geração Distribuída de energia reúne mais de 300 participantes

12/04/2024

Ciente dos desafios que o atual contexto geopolítico coloca ao setor da energia, o Grupo Greenvolt juntou mais de 300 participantes no Be Next | Europe’s Decentralized Energy Innovation Forum, realizado no Auditório da Fundação Champalimaud em Lisboa, para debater o papel transformador da Geração Distribuída de energia renovável. Num evento repleto de especialistas, das mais variadas áreas, foi sublinhado o progresso realizado, mas também identificados os constrangimentos que ainda existem à democratização desta nova forma de gerar, consumir e partilhar esta energia do futuro.

 

A invasão russa à Ucrânia, em fevereiro de 2022, colocou o tema da energia no topo da agenda europeia, nomeadamente a questão da independência energética. A Rússia, até então o grande fornecedor de gás natural da Europa, deixou de ser confiável, forçando o Velho Continente a dar o passo que há muito devia ter dado, procurando a autossuficiência energética a partir de fontes renováveis.

Com o REpoweEU, assistiu-se a um crescimento de projetos de geração de energia eólica e solar Utility Scale, mas ao mesmo tempo é visível um crescente apetite pela Geração Distribuída de energia renovável, tanto para autoconsumo como através do conceito de comunidades de energia. “As energias renováveis são competitivas. Precisamos delas para uma maior independência energética, para combater as alterações climáticas e também para o crescimento da economia e do emprego”, referiu Mechthild Wörsdörfer.

“Precisamos das energias renováveis de todas as formas, seja através de projetos Utility Scale, seja de Geração Distribuída, do eólico, do solar, mas também de mudanças ao nível da mobilidade”, acrescentou a vice-diretora-geral da Comissão Europeia para a Geração Distribuída de Energia, na sua intervenção no Be Next | Europe’s Decentralized Energy Innovation Forum realizada de forma remota, a partir de Bruxelas.

João Manso Neto, CEO do Grupo Greenvolt

João Manso Neto, CEO do Grupo Greenvolt, reforçou o papel das energias renováveis na obrigatória transição energética das economias, defendendo dois aspetos fundamentais: “são energias limpas, são energias baratas”. “Mas porque é que não há mais renováveis? Os projetos Utility Scale têm o problema de serem intrusivos, além de enfrentarem problemas de acesso às redes, o que cria uma grande oportunidade para a Geração Distribuída” que a Comissão Europeia prevê venha a representar 25% de todo o consumo no final desta década.

A oportunidade para a Geração Distribuída, embora exista, enfrenta alguns entraves. “Ao nível regulatório há ainda países que não fizeram a transposição das diretivas europeias, sendo que nos que fizeram há, muitas vezes, problemas de burocracia”,afirmou Manso Neto, lembrando que no que respeita ao problema das redes energéticas, além de ser necessário expandi-las é também vital que se faça um melhor uso destas, defendendo a subsidiação dos operadores para fazerem esse trabalho.

O CEO do Grupo Greenvolt apontou também para a”dificuldade de os decision makers, tanto CEO de empresas privadas como os responsáveis públicos, em tomarem a decisão óbvia de avançarem para esta nova forma de geração de energia e, por último, as próprias empresas do setor que têm de, perante estes entraves, inovar”, afirmou Manso Neto, defendendo a aposta em PPA, que permitiria superar um outro obstáculo, o do financiamento da transição energética, mas também a partilha de energia através das comunidades de energia e a mobilidade elétrica.

O Grupo Greenvolt, que prossegue com o crescimento da sua plataforma pan-europeia de autoconsumo, estando já em 10 geografias, assume a Geração Distribuída como uma das suas grandes prioridades, sendo um “importante impulsionador das comunidades de energias” na Europa, como salientado por Walburga Hemetsberger. A CEO da Solar Power Europe, que defendeu o empowerment dos consumidores, sejam famílias, pequenas ou grandes empresas, neste novo desenho do mercado energético, vê nesta forma de consumir energia renovável um fator de alívio na pressão sobre as redes energéticas.

O evento foi realizado no Auditório da Fundação Champalimaud, um dos vários exemplos práticos das comunidades de energia desenvolvidas pelo Grupo Greenvolt apresentadas. A Fundação Champalimaud, liderada por Leonor Beleza, tirando partido da partilha de energia, neste caso da que é gerada pelo Clube de Futebol “Os Belenenses” no Estádio do Restelo, será a primeira instituição de saúde a nível mundial a consumir energia 100% renovável num prazo de cinco anos.

As comunidades de energia, que permite o acesso das famílias a esta energia limpa e mais barata, são vistas, a par da mobilidade elétrica, como vitais para as cidades do futuro, desempenhando um papel fundamental para a promoção das smart, mas também sustentáveis, cities, como é o caso de Lisboa. Carlos Moedas, Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, a quem coube a intervenção no encerramento deste evento, trouxe à plateia o exemplo da capital portuguesa, sublinhando os passos concretos já dados rumo a uma capital que ombreia com as mais desenvolvidas do mundo ao nível da sustentabilidade.