Para evitar que se chegue ao “fundo do abismo” estes profissionais garantem que só há uma solução: avaliarmos o impacto ambiental dos nossos hábitos quotidianos e mudarmos a forma como vivemos. Além disso é crucial “avançar com transformações drásticas, principalmente na maneira como a sociedade global utiliza os ecossistemas naturais”.
E desengane-se quem pensa que ainda há tempo e que só as próximas gerações vão ter que trabalhar para reverter esta situação. “Não há tempo a perder”, afirmam os cientistas preocupados com o facto de a crise climática estar a evoluir a passos agigantados, “muito mais rápido do que se previa”.
Este é um problema bastante mais grave do que se pensa e “pode colocar em risco os ecossistemas naturais e o próprio futuro da humanidade”, avisam os técnicos responsáveis pela análise desta problemática.
Primeira conferência sobre o clima foi há 40 anos
Foi em Genebra, em 1979, que aconteceu o primeiro grande evento à escala mundial para se discutir os problemas climáticos. Quarenta anos depois a revista BioScience expôs nas suas páginas a gravidade da situação com base nas conclusões apresentadas por milhares de cientistas, oriundos de mais de 153 nações.
Na matéria publicada por este órgão de comunicação pode ler-se que os cientistas consideram que, para se resolver os problemas associados ao clima, é preciso: controlar o crescimento da população, deixar os combustíveis fósseis no solo, parar com a destruição da floresta e reduzir o consumo de carne.Este estudo contou com o contributo de William Ripple, professor na Universidade Oregon State após este ser confrontado com o crescimento “desmedido” da gravidade da crise climática. O objetivo principal por detrás desta iniciativa é evidenciar todas as causas e consequências do problema que o planeta Terra tem vindo a sofrer.
Os indicadores que devem ser monitorizados
Outro dos responsáveis pela pesquisa está integrado na Universidade de Sydney e assina pelo nome de Thomas Newsome. Este aponta como indicadores de referência para o acompanhamento da evolução da crise climática: “o crescimento da população, a diminuição de cobertura florestal, a quantidade de carne e energia consumidas, os subsídios atribuídos aos combustíveis fósseis e as perdas económicas anuais devido a acontecimentos climáticos extremos”.
Outros aspetos que, segundo os cientistas, devem ser monitorizados devido ao seu possível impacto ambiental são: o aumento do número de viagens realizadas em transportes aéreos e o crescimento do PIB mundial. De forma a justificarem esta teoria os profissionais explicam que “a crise climática está diretamente associada à adoção excessiva do estilo de vida rico”.
É também pertinente salientar que se contam atualmente com 40 anos de negociações climáticas globais, contudo, “salvo raras exceções, tem-se falhado na resolução efetiva deste problema”, consideram os cientistas.
Consequências graves desta crise climática
É assustador quando somos confrontados com as consequências deste problema que afeta todos nós sem exceção. O grupo responsável por esta pesquisa em redor da crise climática decidiu frisar algumas das possíveis consequências desta ameaça, nomeadamente: perturbações graves no ecossistema, na sociedade e na economia. A um nível extremo esta crise pode vir a tornar “algumas zonas da Terra inabitáveis”, alertam os cientistas.
O pedido destes investigadores é muito concreto: “avancem com o uso generalizado destes indicadores e baseiem-se nestas conclusões”, de forma a que “quem governa os vários países do mundo e a própria sociedade percebam a magnitude da crise climática pela qual o planeta está a passar”. Talvez assim “comecem a repensar prioridades”, frisam.
Os cientistas asseguram que “não é preciso ser especialista para olhar para os gráficos e perceber que o problema é grave e tem tendência a piorar”. Mas “ainda não é tarde de mais para agirmos”.
O que é preciso ser feito para reverter a situação?
Além de consciencializarem para a crise climática que afeta atualmente o planeta Terra, os cientistas também propuseram algumas medidas que devem ser tomadas para evitar o agravamento do problema.
A título de exemplo podemos destacar as seguintes sugestões: “usar a energia com muito mais eficiência e aplicar fortes impostos sobre o carbono para reduzir o consumo de combustíveis fósseis”; “acabar com a destruição da natureza e restaurar as florestas, de forma a absorver mais CO2”, e ainda “comer mais plantas e menos carne, assim como tentar ao máximo evitar o desperdício alimentar”.
A “luz ao fundo do túnel” surge quando nos deparamos com uma onda de preocupação generalizada que incluí greves escolares a uma escala mundial e a aplicação de ações judiciais face a atitudes que comprometem o meio ambiente.