Os cenários para o “day after” trazem um novo modelo de negócio

06/05/2020

Com as vendas de automóveis a colapsarem devido à pandemia em todo o mundo, os fabricantes pensam e trabalham já no “day after”.

O responsável da VW no Brasil e na América do Sul, o argentino Pablo Di Si, abordou, numa video-conferência coletiva com a imprensa local, vários aspetos de como poderá a indústria automóvel responder à presente crise.

Pablo Di Si assumiu a posição de Presidente e CEO da Volkswagen Região SAM (América do Sul, América Central e Caribe) e Presidente e CEO da Volkswagen do Brasil em outubro de 2017. Até então o executivo ocupava o cargo de Presidente e CEO da Volkswagen Argentina.

E nos vários cenários que traçou percebe-se que é quase garantido que nada será como dantes, após o terramoto do COVID-19.

O Watts On faz um apanhado de algumas das ideias partilhadas por este executivo.

Aluguer de viaturas acelera no pós-pandemia

Se, por um lado, a crise económica e o aumento do desemprego que já se verificam colocarão entraves à aquisição de automóveis por parte dos consumidores, o facto é que, por outro lado, entre as camadas da população que mantiverem os seus postos de trabalho, poderá haver um ressurgir do desejo de se deslocarem em viaturas particulares em detrimento dos transportes públicos.

O responsável da VW no Brasil e na América do Sul, Pablo Di Si, refere que, nesse sentido, a crise gerada com a COVID-19 poderá criar uma oportunidade para as marcas.

Pablo Di Si deu o exemplo do que se está a passar na China em que a reabertura dos concessionários mostrou uma nova realidade: pessoas que antes não tinham intenção de adquirir um automóvel estão agora, nesta nova fase, a procurar um veículo para evitar o uso de transportes coletivos para, desse modo, diminuir o perigo de contaminação.

Partilha de veículos como alternativa a transportes coletivos

Outro cenário que Pablo Di Si antevê passa pela possibilidade de surgimento ou reforço de novos modelos de negócio como o aluguer ou partilha de veículos, novamente como alternativa ao uso de transportes públicos e como forma de assegurar um menor risco de contaminação de coronavírus.

Em face de toda esta nova realidade social e económica, faz sentido que as marcas – diz este responsável da VW – estejam despertas para a necessidade de prestarem um serviço para um público que precisa de um veículo, mas não pretende ou não pode adquiri-lo por falta de crédito.

Vendas de porta em porta

Algo que também no pós-COVID-19 ocorrerá – projeta igualmente este dirigente da VW – é a possibilidade das marcas passarem a ter plataformas digitais que permitam aos seus próprios colaboradores venderem carros de porta em porta.

Dando o exemplo do projeto experimental que a VW lançou no Brasil Key Store Volkswagen que consise numa loja compacta e itinerante provida de meios tecnológicos e concebida para ser levada para diferentes locais, Pablo Di Si acredita na hipótese de, daqui em diante, os vendedores se poderem deslocar ao escritório do cliente munidos de um tablet e de óculos 3D e fazarem a venda ali mesmo. O contrato seria assinado no tablet.

“Acreditamos que esse tipo de iniciativa vai acelerar as nossas vendas num futuro muito próximo”, afirma Di Si ao meio digital NeoFeed.

De acordo com o nº1 da VW na América Latina, com o possível início da comercialização porta a porta suscitada pelas potencialidades da venda digital um concessionário pode ter, assim, um showroom menor e contar com uma equipa maior de vendedores.

Este executivo estima ainda que a indústria automóvel no seu todo venha a ter de gastar nos próximos quatro meses o volume de caixa equivalente a quatro anos de investimento para proteger toda a cadeia de fornecedores.

No mundo do trabalho tudo ficará diferente

Algo que também esta pandemia irá alterar são os hábitos de trabalho e respetivos práticas de mobilidade. À publicação digital brasileira NeoFeed, Pablo Di Si dá o seu próprio exemplo: “Eu estava acostumado a viajar uma vez por mês para a Alemanha. Não estou mais disposto a viajar uma vez por mês para lá e eles também não vão querer que eu viaje para lá uma vez por mês. Na vida profissional e na vida privada, cada um vai refletir de uma forma diferente e fará escolhas diferentes. E, obviamente, vai ter impacto em algumas indústrias a nível mundial. As companhias aéreas, os hotéis, a de carros”.