Atualmente, na Europa, a maioria dos veículos novos (57% em 2019) é comprada pelo canal empresarial, ou seja, por empresas de leasing de frotas empresariais de grandes e pequenas empresas. Serão elas também que irão sustentar o alavancar das vendas dos automóveis de zero emissões locais?
Foram registados duas vezes mais automóveis elétricos pelo canal empresarial do que no segmento privado em 2018.
No seu mais recente relatório, a Federação Europeia de Transportes e Ambiente (T&E) concluiu que estas matrículas provenientes do setor corporativo adicionaram mais de 9 milhões de veículos no Velho Continente em 2019, em contraste com um nível de vendas privadas bem abaixo de 7 milhões de automóveis, um mercado que provavelmente sofrerá um grande impacto na recessão na sequência da pandemia.
Canal empresarial
Como as empresas têm como preocupação o Custo Total de Propriedade (o chamado TCO – “Total Cost of Ownership”) na compra de veículos e a maioria dos países fornece regimes fiscais generosos para empresas que compram veículos elétricos, “o principal fator para a procura de veículos elétricos na Europa durante a crise pós-COVID-19 será provavelmente o canal empresarial”, refere a T&E.
Esta entidade explica a dedução feita com base na evidência do que está a ocorrer em França, nação em que as vendas do canal empresarial estão a cair duas vezes mais devagar que as vendas a privados. A T&E defende, por isso, que “é importante garantir que as empresas – grandes e pequenas – sejam apoiadas para continuar a alugar carros elétricos” para que a onda da transição energética não abrande.Os veículos elétricos podem vencer a crise da COVID?
Focar na economia
No entanto, após a crise de saúde, o foco deve ser reorientado, beneficiando o conjunto da economia, aponta a Federação Europeia de Transportes e Ambiente, em conjunto com a portuguesa associação Zero: “Os governos já estão a anunciar grandes programas de recuperação. Esse investimento público deve refletir as nossas metas climáticas de longo prazo e garantir uma recuperação verde. É de extrema importância direcionar os esforços de recuperação económica para as energias renováveis, transportes com zero emissões e infraestruturas de suporte. O atual protagonismo do automóvel elétrico deve continuar com a ajuda de medidas inteligentes de recuperação, o que também ajudará a indústria automóvel a cumprir as metas de CO2”.
Antes da COVID-19 as vendas de automóveis elétricos estavam a aumentar na Europa, mostrando a importância das normas de CO2 da UE fixadas para automóveis.