M. Francis Portela
M. Francis Portela
Investigador
A exploração de Marte tem sido feita à distância, mas a NASA tem um mandato para, a longo prazo, montar uma expedição humana ao planeta vermelho. Para isso, vai ser preciso um veículo pesado para transportar todo o equipamento que um ser humano iria necessitar em Marte, pelo que a agência aeroespacial americana já está a desenvolver um veículo todo-o-terreno que consiga navegar pelos terrenos marcianos explorados sem encontrar obstáculos pela frente.
M. Francis Portela
M. Francis Portela
Investigador

Até agora, o veículo mais pesado que a NASA já aterrou em Marte foi a sonda Curiosity Rover, que pesa uma tonelada. No entanto, para transportar equipamento, vai ser preciso algo mais parecido com um camião, com pesos entre cinco e 20 toneladas. E a massa adicional traz preocupações extra na altura de desenvolver a cápsula necessária para aterrar em Marte, com especial ênfase na propulsão. Marte tem menos gravidade que a Terra, mas o módulo vai precisar de propulsores preparados para algo maior que a Curiosity.

A NASA usou um paraquedas para reduzir a velocidade do módulo que transportou a Curiosity Rover para Marte, não tendo dificuldades em lidar com uma velocidade de reentrada de Mach 30, ou 35 mil quilómetros por hora. Mas o paraquedas tem problemas de eficiência com um simples aumento de escala, e não seria possível parar uma carga pelo menos cinco vezes maior que a Curiosity.

Assim, para uma missão a Marte que necessite de equipamento para presença humana, a cápsula usada pela NASA vai recorrer ao paraquedas para reduzir a velocidade a altitudes elevadas. Assim que atingir Mach 3, ou 3600 km/h, o sistema vai contar com a ajuda adicional de um retropropulsor, que vai ter a força suficiente para reduzir a velocidade de descida. Deste modo, o veículo pesado todo-o-tereno e o equipamento que transporta poderão aterrar em segurança.

Há, no entanto, um problema que a NASA necessita de resolver, pois o retropropulsor precisa de combustível e este também representa peso extra na nave espacial. Para reduzir a quantidade de combustível transportado da Terra para Marte, o Laboratório Aeroespacial da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, publicou um estudo em que explica como a NASA pode usar o ângulo de descida para controlar a velocidade da cápsula ao mesmo tempo que reduz o consumo de combustível.

Permitindo que o módulo entre em Marte em queda livre, este chega mais depressa a altitudes com atmosfera mais densa, aumentando a resistência aerodinâmica. Depois basta mover o ângulo de modo a colocar o retropropulsor em posição, poupando combustível. Torna-se possível aproveitar mais espaço para outro cientista da NASA ou equipamento adicional, tornando a primeira missão humana a Marte mais produtiva.