A dupla João Ramos/Vítor de Jesus (Toyota Hilux) impôs-se de modo muito consistente e de forma inquestionável na Baja TT de Gondomar/Rota da Filigrana, 4.ª prova do campeonato de Portugal de Todo-o-Terreno AFN, alcançando o primeiro bis da temporada.
Um triunfo imaculado do piloto-arquiteto, líder de início a fim da prova do Gondomar Automóvel Sport (GAS): venceu o prólogo e ambos os setores cronometrados e somou desse modo, o máximo de pontos. Uma proeza que lhe valeu a ascensão à vice-liderança do campeonato, após uma prova marcada por verdadeira hecatombe de favoritos e, por extensão, de candidatos ao título nacional absoluto.
Primeiro, foi Alejandro Martins a desistir no prólogo, traído pelo motor da Toyota Hilux. «Ainda não sabemos o que aconteceu ao motor, mas logo que arranquei para o prólogo percebi que havia algo que não estava bem. Bastou menos de um quilómetro para ele se calar pela primeira vez e, em definitivo, um pouco mais à frente. Foi um enorme balde de água fria», confessou o piloto, que sofreu sério revés na corrida para a conquista do campeonato:
«A luta pelo título ficou muito mais complicada, mas vamos continuar a fazer o melhor que soubermos na próxima prova».
Entretanto, Alejandro Martins adiantou que vai participar na Baja de Espanha/Aragón, antes do regresso do campeonato.
No segundo dia de prova e logo no setor matinal, Tiago Reis perdeu muito tempo; quando tentava recuperar no último setor, o motor do Mitsubishi Racing Lancer não resistiu e a desistência foi inevitável.
«As corridas são mesmo assim. Demos um ligeiro toque no SS1, que afetou o carro e impediu de discutirmos a vitória», explicou o piloto de Famalicão, já a pensar na próxima prova, em setembro:
«Temos tempo para prepararmo-nos da melhor forma e voltar mais fortes».
Na reta final, foi a vez de o azar bater à porta de Pedro Ferreira, quando seguia na 2.ª posição após o último CP (controlo de passagem).
A estreia estava a entusiasmar o jovem piloto, mas os triângulos de suspensão foram o calcanhar de Aquiles da VW Amarok.
«É um problema que tem de ser solucionado. No setor matinal, cedeu o triângulo traseiro do lado direito, mas como foi muito próximo do final, deu para completar o troço. No último setor, aconteceu a 30 quilómetros do final e já não deu para continuar, quando tínhamos o segundo lugar controlado. Estávamos a gerir, mas infelizmente as corridas são assim», referiu Pedro Ferreira, que apesar de tudo gostou do VW Amarok:
«É mais estável e muito fácil de conduzir em relação à Ford Ranger. Curva bem em zonas encadeadas e o motor tem uma faixa de utilização mais completa, com melhor binário», comparou Pedro Ferreira.
Intocável na liderança, João Ramos concretizou objetivo imediato: regressar os triunfos para manter candidatura à conquista do título.
«Correu tudo bem. Imprimimos, no setor matinal um ritmo com algumas cautelas, pois havia zonas rápidas e perigosas», referiu o vencedor ao MOTOR 24. Todavia, João Ramos, depois de ter encontrado alguns cavalos na pista, deparou com uma vaca. «Como não se mexia, tive de dar pequenos toques para a empurrar», contou o piloto.
A satisfação do vencedor, no final, foi dupla:
«Conseguimos recuperar pontos no campeonato e ficámos muito próximos da liderança, ou seja, mantivemos a luta em aberto», referiu João Ramos, que atacou sempre até final:
«Podia ter poupado no segundo setor, o Vítor (Jesus) sugeriu, mas optamos por atacar sempre».
Pela 3.ª vez esta temporada, Hélder Oliveira terminou na 2.ª posição. A regularidade — 4.º pódio em igual número de provas — continua a valer ao piloto de Barcelos a liderança do campeonato, agora ampliada de um para quatro pontos, mas a fase final desta baja nortenha causou dores de cabeça e exigiu muito esforço físico. Tivemos um problema na direção e o Mini não desfazia as curvas, obrigando a esforço redobrado na saída, para além da perda de tempo. Foi muito exigente em termos físicos», explicou o piloto, que concretizou objetivos traçados.
«Gostava de ter ganho, mas o João (Ramos) esteve muito forte. Travei ao longo da corrida uma luta intensa pelo segundo lugar, mas quando percebi que o meu adversário direto tinha parado, baixei o ritmo e preocupei-me apenas em gerir e terminar a corrida nessa posição», acrescentou o líder do campeonato.
No último lugar do pódio terminou Pedro Dias da Silva, que somou novo triunfo no Desafio Total Mazda. Um prémio para o piloto de Tomar, que partiu a alavanca das velocidades no setor matinal, penalizou à saída do parque de assistência, em Amarante, e ainda perdeu tempo devido a um erro do road book: «indicava uma distância de 300 metros, quando na realidade era de 1 300 metros», explicou o navegador José Janela.
Todavia, o balanço não podia ter sido melhor, sublinhando Pedro Dias da Silva que «foi um resultado fantástico e muito importante para toda a equipa. Andámos onde podíamos atacar e poupámos sempre que tal nos foi exigido».
Regular e sem cometer erros, Miguel Casaca continuou a evoluir e levou a Nissan Navara a um meritório 4.º lugar, seguido por André Amaral (5.º classificado), mais confiante, graças à fiabilidade do Mercedes Proto.
No Desafio Total Mazda, Jorge Cardoso, apesar de ter efetuado toda a prova apenas com tração traseira, terminou no 2.º lugar, posição que manteve naquela competição, enquanto Bruno Rodrigues, afetado pelo intenso calor, terminou na 3.ª posição.
RESUMO DA PROVA EM VÍDEO:
Desafio Total Mazda (após 4 provas): 1.º Pedro Dias da Silva, 72 pontos; 2.º Jorge Cardoso, 55; 3.º Bruno Rodrigues, 48; 4.º Bruno Oliveira, 26; 4º Francisco Gil, 26.
Na Taça de Portugal, novo triunfo da dupla Simão Comenda/Luís Coito (Nissan Navara).
Ver mais em: http://cptt.cronobandeira.com/index.php?lang=0&evento=1&local=224&rfr=1&idx=1
Campeonato
1.º Hélder Oliveira, 77 pontos
2.º João Ramos, 73
3.º Tiago Reis, 56
4.º Alejandro Martins, 42
5.º Pedro Ferreira, 41
Próxima prova: Baja TT de Idanha-a Nova, dias 7 e 8 de setembro.