M. Francis Portela
M. Francis Portela
Investigador
É verdade que já existem corridas de carros elétricos, mas nem todas as marcas podem dar-se ao luxo de gastar milhões de euros por ano nesta tecnologia de ponta. Uma nova solução poderá emergir em 2021, com carros híbridos, parecidos com automóveis de série, que vão poder ser usados por pilotos amadores, e quem sabe até participar nas 24 Horas de Le Mans.
M. Francis Portela
M. Francis Portela
Investigador

Há vários anos que duas competições, o DTM, baseado na Alemanha, e o Super GT, oriundo do Japão, estão a tentar unir os seus regulamentos, e agora finamente conseguiram, pois este ano será o primeiro em que os carros vão poder fazer provas em conjunto, com os regulamentos chamados Classe 1. Os carros são modelos desportivos, parecidos com veículos de estrada, com motor 2.0 turbo de 600 cv, baixo peso e asas grandes. Graças à partilha de componentes, incluindo o chassis e a célula de segurança, é possível reduzir o custo de produção. Seis marcas construíram carros à volta desta tecnologia, BMW, Audi e Aston Martin no DTM, e Toyota, Honda e Nissan no Super GT.

A nova plataforma foi preparada para receber uma importante atualização em 2021: a adoção de motores híbridos, com uma unidade elétrica de 150 cv a complementar o motor turbo de baixa cilindrada. Esta medida vai reduzir as emissões poluentes e o ruído, especialmente nas boxes e nas voltas de aceleração. E isto está a fazer com que haja interesse também na América do Norte, fazendo com que os carros Classe 1 do DTM e Super GT possam correr na pista de Daytona em 2022.

Nessa temporada, o campeonato IMSA de corridas de resistência, onde participam os portugueses Filipe Albuquerque e João Barbosa, vai ter que adotar novos regulamentos técnicos para a classe principal, e carros híbridos, com carroçarias semelhantes a modelos de estrada, são atrativas para as marcas. A Nissan, já presente no campeonato, podia simplesmente adotar o carro que usa no Japão, e a BMW e Ford demonstraram interesse na nova plataforma híbrida. E é aqui, com o IMSA, que está a ligação às 24 Horas de Le Mans.

O organizador da prova francesa quer substituir os atuais protótipos por supercarros, e embora a ideia de ver um Ferrari F8 Tributo, Porsche 911 GT2 RS, McLaren Speedtail, Koenigsegg Jesko ou Aston Martin Valkyrie a lutar pela vitória seja atrativa, muitas marcas não estão dispostas a fazer um supercarro de estrada só para participar em Le Mans. Para cúmulo, o organizador admitiu a hipótese de admitir carros sem motores híbridos, um retrocesso ao regulamento atual. Na “guerra” entre IMSA e Le Mans, os americanos, que partilham muitos dos mesmos carros, recusaram-se a usar a classe principal de Le Mans, devido aos custos elevados. Mas os carros do DTM providenciam uma boa base pronta a correr: a Toyota, única marca que corre atualmente na classe principal das 24 Horas, poderia simplesmente adotar um carro já existente, e marcas que correm nos GT, como BMW (com António Félix da Costa ao volante), Ford e Aston Martin, podiam dar o salto facilmente.