Confiante de que a sua estratégia de motorizações não tem de ser assente naquela que foi, nos últimos anos, a filosofia do ‘downsizing’, a marca de Hiroxima aparece com um motor Skyactiv-G a gasolina de 121 CV, posicionando-se como o modelo de entrada na gama SUV da Mazda.
A relutância da Mazda em seguir o caminho do ‘downsizing’ na cilindrada dos motores sempre foi evidente, com a marca a acreditar muito mais na filosofia da cilindrada certa e não da cilindrada reduzida. Porém, aquando do lançamento da mais recente geração de motores a gasolina, o mercado nacional colocou uma dificuldade adicional: a taxação por capacidade do motor. Ou seja, uma cilindrada de 2.0 litros acabaria por ser uma desvantagem. Chegados a 2019 e com o WLTP em pleno funcionamento, além de maior componente ambiental nos impostos e da mudança de tendências dos condutores portugueses levaram a Mazda a lançar, por fim, a sua mecânica de entrada com 121 CV, tomando o lugar do anterior 1.5 de 105 CV.
Um dos principais predicados desta motorização Skyactiv-G é o da suavidade de funcionamento, a que se juntam prestações bastante interessantes, tanto em aceleração, como em recuperações, valendo-se de uma facilidade de aumento da velocidade que demonstra o acerto desta opção.
O CX-3, já de si compacto, sente-se, por isso, bastante ágil, ganhando ritmo com ligeireza assinalável, sobretudo porque o motor ‘respira’ de forma fácil numa faixa mais alargada de regimes, auxiliado por uma caixa manual de seis velocidades que tem manuseamento impecável, o que já é um hábito na casa que tem um garante de diversão que é o MX-5. Assim, também as retomas cumprem-se com relativa rapidez, tirando partido da grande elasticidade que é facultada pela maior cilindrada, mesmo que seja mais enérgico acima das 2000 rpm.
Os consumos rondam facilmente a casa dos seis litros, chegando ao final deste ensaio com uma média bem interessante de 7,2 l/100 km, que fica perto do valor anunciado pelo ciclo WLTP de 6.6 l/100 km. Vale a pena frisar, ainda, que o CX-3 cumpre a norma de emissões Euro 6d-TEMP e o ciclo de emissões em condições reais (RDE).Além disso, o comportamento do CX-3 também é valorizado por essa mecânica, curvando de forma estável e objetiva, graças também a direção precisa, dotando a condução de um pouco mais de emotividade. Fá-lo devido a um acerto de suspensão que aposta em maior firmeza, o que lhe retira um pouco do conforto sem que chegue a ser desconfortável em mau piso. A Mazda assume que procedeu a ligeiras alterações na suspensão do CX-3, quer ao nível das molas, quer dos amortecedores que apresentam maior diâmetro, combinadas com barra estabilizadora dianteira de menor diâmetro.
Por dentro, o CX-3 tem construção impecável, sem correções a fazer no aspeto dos materiais, com os costumeiros plásticos rijos a surgirem na parte inferior do tablier, que beneficia, na sua zona superior, de revestimento mais macio ao toque. Ainda assim, nem tudo é positivo: o espaço a bordo está longe de ser exemplar, sobretudo atrás, com pouca amplitude para as pernas e em largura. A bagageira também não surpreende, com 350 litros, embora se deva recordar que este é um SUV de segmento B, logo mais compacto.
VEREDICTO
Bem equipado no nível Advance Navi (29.763€), este CX-3 2.0 Skyactiv-G revela, sobretudo, a competência dos engenheiros da Mazda no desenvolvimento de automóveis fáceis de guiar, com alguma diversão, e com motorizações eficientes capazes de boas prestações. A cilindrada elevada poderá assustar alguns portugueses, até porque o ISV também aumentou de valor, mas a conjugação de elementos dinâmicos e prestações torna o CX-3 a gasolina uma proposta que vale a pena dar uma olhada. Contudo, atendendo ao seu preço nesta variante, terá uma vida difícil no mercado nacional, entrando já no território de propostas de segmento C, mais espaçosas do que este SUV compacto. E, sobretudo, porque o 1.8 Diesel até fica mais acessível (27.634€)…
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