O novo Audi A3 Sportback projeta uma imagem mais agressiva e, ao mesmo tempo, apelativa, procurando assim responder aos muitos detratores que sempre criticaram a marca alemã pela sua apregoada falta de originalidade. Porém, esta nova geração mostra uma outra abordagem, com maior arrojo de uma ponta à outra da carroçaria, escondendo muito trabalho aerodinâmico que permite reduzir as emissões e os consumos como é o caso da grelha ativa dianteira, que otimiza a passagem do ar.
Na dianteira, o destaque vai para a grelha ‘Singleframe’ de maiores dimensões, ladeada por faróis com tecnologia LED, estilizados e com diferentes opções de iluminação consoante as opções de equipamento. Também a secção traseira tem uma postura mais musculada, com os farolins igualmente com tecnologia LED. O facto de contar com a linha de equipamento S line torna o conjunto mais desportivo, contando com saias laterais e para-choques ligeiramente diferentes, a que se junta ainda o rebaixamento de 15 mm inerente a este equipamento. As jantes de 17 polegadas preenchem bem as cavas das rodas e acentuam a lateral esculturalmente.
O novo A3 está 33 mm mais comprido (4434 mm de comprimento) e 31 mm mais largo (1816 mm de largura), mantendo-se inalterada a distância entre eixos, com um valor de 2636 mm. A capacidade da bagageira varia entre os 380 litros, igual à anterior, e os 1200 litros com o rebatimento dos encostos dos bancos traseiros.
Bom ambiente
Por dentro, o A3 Sportback serve-se dos mais recentes sistemas e conceitos do Grupo Volkswagen em termos de conectividade e interação, dispondo de painel de instrumentos digital de série de 10.25″ (opcionalmente, pode receber um ecrã de 12.3″), já personalizável e com todas as informações mais relevantes para o condutor. Ao centro, está o ecrã tátil central de 10 polegadas, que serve de centro de funcionalidades de navegação, média ou acertos do veículo (desapareceu o comando central rotativo com teclas de atalho). Além disso, há função de série Audi Smartphone Interface, com conexão aos sistemas operativos Android Auto ou Apple CarPlay. O carregador por indução ‘Audi Phonebox light’ está presente de série. Há ainda duas entradas USB na consola central, uma de entrada USB C e outra USB A.
A nível dos materiais e requinte de construção, o A3 Sportback não entra por atalhos, oferecendo ótica qualidade, mesmo que na zona inferior do habitáculo surjam alguns plásticos rijos. Mesmo que a sua aparência seja boa, poder-se-á argumentar que um premium merecia um pouco melhor. Porém, nada que afete uma impressão geral de solidez e qualidade de primeiro plano. Nota ainda para o desenho desportivo e dinâmico do interior, com as saídas de climatização em posição superior (do lado do condutor ladeando o painel de instrumentos). Toda essa qualidade no interior está patente também na insonorização, que é ponto muito positivo.
Por outro lado, ao contrário do que sucede, por exemplo, nos ‘primos’ Volkswagen Golf ou SEAT Leon, a Audi manteve um pouco mais de comandos físicos, sobretudo importante na climatização, que é aqui mantido abaixo do ecrã tátil e com manuseamento físico. Já o botão do volume desapareceu e dá azo agora a um comando circular tátil junto à caixa de velocidades (o posicionamento não é ideal), mas o funcionamento resulta até bem conseguido, já que consegue interpretar bem a passagem do dedo. Porém, não é verdadeiramente uma ‘rodinha’ física para ajustar o volume a bel-prazer…
Outros detalhes de bom efeito são os puxadores interiores das portas, o volante desportivo S line e os bancos igualmente desportivos que proporcionam um ótimo suporte do corpo. A habitabilidade está na média do segmento, recebendo com conforto quatro adultos, sem entraves na colocação das pernas e sem compromissos na postura. A melhoria nos lugares da segunda fila é discreta, mas permite ainda assim reforçar os seus atributos nesse capítulo. O túnel central acaba por não ser convidativo para levar mais do que dois ocupantes atrás.
Modesto, não desajustado
Graças a um bom escalonamento da caixa manual de seis velocidades, este bloco consegue ser boa companhia para a grande maioria das situações, mostrando elasticidade digna de registo para assim oferecer uma experiência de condução que, não sendo propriamente desportiva, é muito agradável, sobretudo porque o motor permite ser explorado numa faixa de rotações muito extensa. Acelerando de forma enérgica, este motor cumpre com as expectativas, não havendo qualquer indício de falta de ‘pulmão’.
Apenas com mais carga a bordo ou em subidas muito íngremes, se sente algum queixume do motor, mas o recurso à caixa – de fácil manuseamento – resolve prontamente. Apesar da elasticidade do motor, quando se pretende recuperar ritmo, o ideal é recorrer mesmo à caixa em vez de esperar que as rotações se ajustem ao desejado.
Também presente neste modelo, o sistema Audi drive select permite variar ligeiramente os modos de condução. Estranhamente, desapareceu o modo ‘Efficiency’, havendo apenas os ‘Comfort’, ‘Auto’, ‘Dynamic’ e ‘Individual’ (personalizável). A diferença entre estes modos não é muito grande, mas é notória uma ‘urgência’ ligeiramente maior na entrega da potência quando no modo mais dinâmico, a par de direção com menor assistência. Não há milagres e os 110 CV são mesmo pouco moldáveis entre estes modos.
Nova referência na condução?
A suspensão mais firme decorrente da redução de 15 mm na altura ao solo ajuda a esta impressão de segurança e estabilidade de condução, a que se associam os pneus Pirelli de 17″, com boa aderência. De tal maneira que nem se sente o facto de a versão 30 TFSI ter apenas uma barra de torção como esquema de suspensão atrás. Nota-se, ao mesmo tempo, que há um pouco mais de firmeza, sobretudo quando na passagem por mau piso, mas ao invés de parecer desconfortável, o A3 reage com solidez. Houvesse mais potência, melhor se aproveitaria o chassis.
Vale a pena destacar ainda a vertente dos consumos, com uma média de 6,3 l/100 km no nosso ensaio (teste a velocidades constantes e dentro dos limites legais, com passagem por ambiente urbano, trajetos extraurbanos e vias rápidas) a destacar o ponto da economia de utilização, mesmo tratando-se de um motor a gasolina.
A base e os opcionais
A versão ensaiada apresentava um custo de 32.859€, que se revela apropriada para o que é oferecido, como o painel de instrumentos digital, o ar condicionado bi-zona, o Audi drive select e os faróis em LED, entre outros. Mas, como já é usual, os opcionais ‘engordam’ o preço final, com a nossa unidade a apresentar um valor de 7830€ de equipamento opcional para um valor final de 40.689€.
VEREDICTO
A nova geração do Audi A3 Sportback (esta geração só terá versão de cinco portas e berlina) apresenta-se como uma forte proposta no segmento dos compactos premium, merecendo ser observado como um dos modelos mais competentes, mesmo que nesta versão de entrada a potência possa ser algo justa para todos os tipos de utilização – quem privilegiar maior desafogo nas prestações, sobretudo se viajar por trajetos marcados por subidas íngremes, poderá ser tentado a optar por uma das versões mais potentes do A3.
No entanto, aquilo que não se pode negar é que este modelo traz consigo sensações de ‘frescura’ e agradabilidade que jogam muito a seu favor. O visual, anteriormente ponto de alguma indiferença, passou a ser um trunfo a seu favor, enquanto a condução mostra como foi grande a evolução, assumindo-se como um compacto familiar de precisão e com bons atributos em matéria de eficácia e solidez.
Naturalmente, o motor 1.0 de três cilindros, turbo e de injeção direta, tem algumas limitações nas prestações, mas não serão tantas quanto seria imaginável à partida. Os 110 CV de potência são bem aproveitados, embora, repita-se, mais carga a bordo ou maiores inclinações no percurso fazem ponderar outra motorização mais potente.
MAIS
Suavidade do motor 1.0 TFSI
Prestações adequadas e consumos
Qualidade geral
Solidez e tato de condução
Tecnologia e conectividade
MENOS
Custo dos opcionais
Capacidade da bagageira igual à da geração anterior
FICHA TÉCNICA
Audi A3 Sportback 30 TFSI S line
Motor Gasolina, 999 cc, três cilindros em linha, turbo intercooler
Potência 110 CV às 5500 rpm
Binário 280 Nm entre as 2000 e as 3000 rpm
Transmissão Dianteira, caixa manual de seis velocidades
Dimensões (C/L/A) 4343/1816/1449 mm
Distância entre eixos 2636 mm
Aceleração 0-100 km/h 10,6 s
Velocidade máxima 204 km/h
Consumo médio 5,7 l/100 km
Emissões CO2 130 g/km
Peso 1295 kg
Bagageira 380-1200 litros
Pneus 225/45 R17 (série)
Preço base 32.859€
Preço ensaiado 40.689€
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