A fórmula EQ Power da Mercedes-Benz começa a estar presente em todos os modelos da marca alemã, chegando agora também à bem-sucedida Classe A. Com 69 quilómetros de autonomia em modo elétrico, o Classe A ganha um carácter de suavidade e eficiência que poderão destacá-lo em tão concorrido segmento.

Hoje não há construtor que não olhe para a eletrificação como necessidade para se cumprirem as metas de emissões bastante apertadas que são impostas um pouco por todo o mundo. Afetos à sigla EQ estão três modos de eletrificação, do mais simples EQ Boost com tecnologia ‘mild-hybrid’ de 48 V, passando pelo EQ Power para os híbridos plug-in e terminando nos modelos de gama EQ, como o já conhecido EQC.

Modelos importantes para a estratégia comercial da Mercedes-Benz na Europa, os Classe A (compacto e Limousine) e Classe B receberam tecnologia PHEV de nova geração, já com capacidade para percorrer até 77 quilómetros no ciclo NEDC (ou 69 no WLTP) em modo elétrico graças a uma motorização híbrida de 160 kW (218 CV) e 450 Nm de binário máximo, o que lhe permite acelerar dos zero aos 100 km/h em apenas 6,6 segundos. O motor elétrico de 75 kW está integrado na caixa automática de dupla embraiagem com oito velocidades, ajudando o motor 1.3 de 160 CV e 250 Nm nas suas tarefas de propulsão, quando necessário, ou movendo o carro sozinho.

A bateria de iões de lítio com 43 Ah e capacidade de 15.6 kWh permite-lhe atingir uma velocidade máxima sem emissões de 140 km/h. Tem um peso de 150 kg e refrigeração por líquido. O consumo de combustível no Classe A varia entre os 1,4 e os 1,5 l/100 km e as emissões entre 33 a 34 g/km de CO2.

Outra das suas particularidades é o facto de permitir carregamento DC de 24 kW, podendo carregar 10% a 80% da bateria em apenas 25 minutos. Numa wallbox de 7.4 kW em corrente alternada (AC) o mesmo carregamento cumpre-se em 1h45m.

A montagem da bateria procurou não interferir no espaço a bordo, estando localizada sob os bancos traseiros enquanto o depósito de combustível passou para junto do eixo traseiro, ainda assim tirando 60 litros à capacidade normal de um outro Classe A com motor 1.3 a gasolina. Uma particularidade técnica deste sistema é o desenvolvimento inteligente de um novo escape, com a panela no centro do veículo e a saída de escape orientada para a frente, estando este sistema integrado no túnel central.

Solução fácil

A expectativa de poder contar com o melhor de dois mundos em formato compacto assumiu preponderância, devendo-se reconhecer ao Classe A 250 e uma enorme suavidade de funcionamento, como é apanágio dos elétricos, sendo este um modelo capaz de percorrer facilmente mais de 60 quilómetros sem emissões de gases poluentes.

Com diferentes modos de condução a partir do sistema Dynamic Select, assumem relevância os modos ‘Electric’, ‘Eco’ e ‘Battery Level’, esta última com o intuito de preservar o nível de carga da bateria num determinado momento para utilização posterior, por exemplo, guardando-se em autoestrada para utilização, mais tarde, em cidade.

Num automóvel com bons níveis de resposta em modo elétrico, o A 250e nunca se sente acanhado quando é necessário acelerar com mais intensidade, embora seja em modo ‘Sport’ que este híbrido realça uma outra impetuosidade na aceleração. Com efeito, as suas prestações ganham quase um contorno desportivo, embora se destaque mais pela sensação de progressividade que lhe assenta bem e deixa uma ótima impressão da condução. A caixa DCT de oito velocidades aqui utilizada contribui muito para este seu desempenho, mas a Mercedes-Benz quis ser mais engenhosa e concebeu uma solução em que as patilhas atrás do volante podem ser usadas para mudar de velocidade quando em modo híbrido ou para acentuar a regeneração para a bateria quando em condução elétrica.

Com a da esquerda, aumenta-se a regeneração e a desaceleração, com a da direita, reduz-se e deixa-se o veículo rolar de forma mais ‘livre’. Isso permite que o Classe A seja ainda mais eficiente.

As reações deste Classe A pautam-se pela sobriedade e pelo refinamento, com o motor elétrico a dar ao compacto germânico a tranquilidade para os percursos citadinos e elasticidade necessária para atingir ritmos mais fortes sem preocupações de maior. O comportamento assemelha-se muito a um qualquer Classe A com motor de combustão, ainda que o aumento no peso deste modelo (em redor dos 150 kg) obrigou a mexidas na suspensão, que ficou mais firme para melhorar as suas reações. Aliada a uma direção precisa e com boa sensação, a condução do A 250e é bastante interessante, curvando com segurança e neutralidade.

E os consumos?

Sendo um híbrido plug-in uma solução que pode ser muito eficiente, o nosso ensaio demonstrou que esta é uma tecnologia muito válida com o registo do computador de bordo a ditar que em 100 quilómetros percorridos, 76 foram em modo elétrico para um consumo energético de 10.9 kWh/100 km, alternando ainda com uma média de combustível de 1,7 l/100 km. O modo usado foi, quase sempre o ‘Electric’ (naturalmente) ou, em alternativa, o ‘Eco’.

Como um A qualquer

De resto, o interior é decalcado de um outro A qualquer, demarcando-se pelo sistema de infoentretenimento MBUX com dois ecrãs horizontais (na versão ensaiada, de dimensões diferentes, com o painel de instrumentos mais pequeno) e comandos por voz graças ao comando ‘Hey Mercedes’. Há, porém, um menu diferenciado para o controlo e acompanhamento do sistema híbrido, sendo possível ver o funcionamento do sistema e os dados estatísticos das viagens.

Bem construído e confortável, este Classe A apenas peca na sua apreciação de habitabilidade pela redução da capacidade da bagageira.

A versão base do A 250e com jantes de 17 polegadas tem um custo de 40.800€, que acaba por ser um valor muito justo para um modelo que se assume Premium nas suas credenciais, mas que arrebata pela eficiência e pela competência de condução. Como equipamento adicional desta variante, conta ainda com a Linha Style Plus, com o Pack Advantage, a suspensão conforto e dois cabos de carregamento – para tomada doméstica com cinco metros e para wallbox e postos de carregamento públicos também com cinco metros.

VEREDICTO

Talvez um dos melhores representantes da classe dos plug-in híbridos neste momento, oferecendo uma interessante mescla entre prestações, condução, funcionalidade e eficiência, que torna a vivência com as emissões zero bem mais fácil. Não existe sem os seus pontos melhoráveis, como a capacidade da bagageira mais reduzida ou o incremento do preço consoante se adicionam equipamentos extra (modelo ensaiado por 44.200€), mas no cômputo geral este é um automóvel que mostra a validade da junção de um motor elétrico ao ‘velhinho’ motor de combustão.

FICHA TÉCNICA
Mercedes-Benz A 250e
Motor de combustão Gasolina, 4 cilindros em linha, injeção direta, turbo,
Cilindrada (cc) 1332
Potência máxima 160 CV às 5500 rpm
Binário máximo 250 Nm às 1620 rpm
Motor elétrico Síncrono Permanente
Potência 75 kW
Binário elétrico 300 Nm
Potência combinada (kW/CV) 160/218
Binário combinado (Nm) 450
Acceleração 0-100 km/h (s) 6.6
Velocidade máxima (km/h) 235
Velocidade máxima, elétrico (km/h) 140
Consumo médio (l/100 km) 1.5
Preço desde 40.800€

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