A marca foi pioneira na tecnologia e, em 1997, apresentou o Toyota Prius, aquele que veio a ser durante os vinte anos seguintes uma das referências no segmento híbrido. Apesar do design controverso foi adotado por quem queria reduzir os custos com combustível e também se preocupava com a pegada de carbono, incluindo muitas estrelas de cinema.

No entanto, o automóvel mais ecológico da altura não era assim tão empolgante de conduzir. Face à geração anterior, o novo Yaris não deixa ninguém indiferente. Parece que foi ao ginásio. Está musculado, mais largo, mais baixo e ligeiramente mais curto, mas com uma maior distância entre eixos, fruto da nova plataforma GAB estreada no modelo. O sistema de propulsão está agora na quarta geração que combina na versão testada um motor elétrico com 80 cv e um motor de combustão 1.5 l de três cilindros com 90 cv de ciclo Atkinson. Neste motor a abertura das válvulas de admissão é retardada, gerando menos atrito na câmara de combustão para aumentar a eficiência térmica. Dessa forma economiza combustível e por isso é uma escolha para automóveis híbridos. Infelizmente, a potência combinada fica-se pelos 116 cv, mas é preciso não esquecer que o objetivo deste automóvel é ser eficiente. Em percurso extraurbano verificámos uma média de 4,9 litros aos 100 quilómetros; já em auto-estrada e fazendo uso do “cruise control” a uma velocidade de 120 km/h, obtivemos 4,5 litros. Longe dos 3,7 litros indicados pela marca em ciclo combinado, mas mantendo ainda assim uma boa dose de frugalidade.

A Toyota anuncia ser possível circular até 80% do tempo com o Yaris em modo 100% elétrico

A Toyota anuncia ainda ser possível circular até 80% do tempo com o Yaris em modo 100% elétrico, no entanto, o feito só nos parece viável com muita contenção no acelerador. Se nas gerações anteriores da transmissão CVT, quando pisávamos o acelerador não acontecia nada de particularmente empolgante (além do som do motor a aumentar de rotação), agora ao escolhermos o modo “power” somos surpreendidos por um considerável impulso para a frente que permite ao Yaris Hybrid fazer uns honestos 9,7 segundos dos 0 aos 100 km/h. Ainda continuamos a ouvir a rotação elevada do pequeno propulsor de três cilindros sempre que lhe exigimos uma resposta mais expedita, mas está bem mais amenizado.

o comportamento dinâmico é surpreendentemente divertido. Claro que não estamos perante um desportivo, no entanto o Yaris Hybrid é capaz de proporcionar bons momentos de condução

Na verdade, o comportamento dinâmico é surpreendentemente divertido. Claro que não estamos perante um desportivo, no entanto o Yaris Hybrid é capaz de proporcionar bons momentos de condução numa estrada com curvas. Graças à rigidez extra o novo chassis aceita mudanças de direção praticamente sem reclamar. A direção é muito comunicativa e permite uma inserção em curva muito eficaz e previsível. Ao que parece, os engenheiros da Toyota ficaram tão surpreendidos com o desempenho da nova plataforma, que decidiram criar o Yaris GR, uma versão com um cariz puramente desportivo e tração integral.

No quotidiano o Yaris Hybrid não é desconfortável, mas apesar da taragem das molas traseiras ser mais suave, sentem-se as irregularidades do piso ao circular por ruas em mau estado também graças às jantes de 17” e ao perfil dos pneus. No interior, o espaço é suficiente para quatro adultos, sendo que o quinto lugar será mais indicado para situações pontuais ou para uma criança. As baterias de iões de lítio estão colocadas sob os bancos traseiros o que limita a altura para os ocupantes.

A bagageira obriga a alguma contenção disponibilizando apenas 284 litros, o acesso tem um desnível que dificulta sobretudo as operações de descarga. A qualidade dos materiais é geralmente boa (predomina o plástico), mas há um revestimento almofadado no topo do tablier e apoio de braço central com diferentes texturas agradáveis ao toque nas portas. Há muitos espaços para arrumação de objetos do quotidiano, inclusive para smartphones de dimensões generosas.

Para o condutor as coisas estão melhores do que na anterior geração

Para o condutor as coisas estão melhores do que na anterior geração. A posição de condução é ótima, o banco oferece apoio e é confortável e o volante em pele tem uma excelente pega com controlos para as funções mais importantes. A informação é-nos fornecida numa agradável solução de quadrante com dois mostradores circulares: um para a velocidade e outro que exibe o desempenho híbrido, com o habitual retângulo ao centro para o computador de bordo.

No centro do tablier está o ecrã tátil de infoentretenimento que, felizmente, tem botões físicos para acesso às funções – a Toyota continua a insistir num interface pouco intuitivo e claramente ultrapassado. A eliminação de distrações durante a condução são uma prioridade no novo Yaris e para esse fim temos um “head-up display” que projeta a informação essencial no para-brisas. Chegamos ao preço. 25 990€ para a versão testada que se justifica pelo equipamento incluído: Android Auto e Apple Car Play, vidros escurecidos, ar condicionado automático bizona, bancos desportivos em tecido e pele sintética, sensores de luz e chuva, câmara de marcha atrás, travão elétrico, sistema de som JBL com oito colunas, volante multifunções em pele, faróis LED para iluminação e circulação diurna, luzes de nevoeiro e óticas traseiras, máximos automáticos, reconhecimento de sinais, head-up display projetado, cruise control adaptativo, aviso de saída de faixa, travagem de emergência, sistema pré-colisão, jantes de 17 polegadas maquinadas, e ainda um tejadilho panorâmico, que é uma pena ser tão difícil abrir e fechar a sua cobertura.

A Toyota parece ter descoberto a fórmula para conciliar dois conceitos à partida difíceis de funcionarem bem em conjunto na forma do Yaris Hybrid: economia e diversão. E ainda por cima é bonito, o que se pode querer mais?

FICHA TÉCNICA
Toyota Yaris Hybrid Premier Edition
Motor: 1490 cc, três cilindros, injeção direta, ciclo Atkinson
Potência: 92 cv/5600 rpm
Binário máximo: 120 Nm/3600-4800 rpm
Motor elétrico: síncrono de magneto permanente
Bateria: iões de lítio (0,76 kwh)
Potência: 80 cv
Binário: 141 Nm
Potência combinada: 116 cv
Transmissão: variação contínua com controlo eletrónico
Aceleração 0-100: 9,7 segundos
Velocidade máxima: 175 km/h
Consumo: 4,1 litros/100 km
Emissões CO2: 92 g/km
Dimensões: /C/L/A) – 3940/1745/1500 mm
Bagageira: 286 litros
Peso: 1085 kg
Preço: desde 24 840€; versão ensaiada: 25 990€