Totalmente reciclável, o BMW i Vision Circular demonstra como a indústria automóvel pode ajudar o ambiente a ganhar outra ‘vida’ sem o prejuízo dos desperdícios materiais. Criado com o intuito de reforçar o princípio da economia circular, este protótipo cria uma nova imagem para os conceitos tradicionais da marca bávara e imagina como serão os automóveis de 2040.

Os automóveis do futuro serão decididamente diferentes, não só na ideologia de produção, mas também na própria imagem, como atesta o mais recente concept da BMW, o i Vision Circular, de quatro lugares e com um habitáculo bastante generoso em termos de espaço para um automóvel de cerca de quatro metros de comprimento.

Apresentando como declaração de intenções para o reforço da redução das emissões de CO2 e de reaproveitamento dos materiais em segunda vida, o i Vision Circular recorre a um design “visionário” com o intuito de mostrar como será um automóvel produzido a partir de materiais 100% renováveis e potencialmente 100% renovável no final do seu ciclo de vida, incluindo-se aqui também a bateria de estado sólido deste concept. De acordo com a BMW, essa bateria será totalmente reciclável e é quase totalmente composta por materiais reciclados, com uma densidade energética “consideravelmente maior” com significativamente menos recursos valiosos utilizados. Para reutilizar todo o potencial energético, o i Vision Circular compreende função ‘Vehicle-to-Grid’, devolvendo à rede toda a energia não utilizada na condução.

A marca adianta que, atualmente, os veículos de produção utilizam cerca de 30% de materiais reciclados e reutilizados, mas com a abordagem ‘Secondary First’, a ideia é aumentar esse valor para os 50% a curto prazo.

“Incluímos a circularidade no nosso concept logo desde o início do desenho do BMW i Vision Circular. É por isso que este veículo visionário está repleto de ideias inovadoras que combinam sustentabilidade com novas estéticas inspiradoras – apelidamos esta abordagem de Design Circular”, explica Adrian van Hooydonk, responsável do Grupo BMW pelo design. O Design Circular tem por base quatro princípios: ‘RE:PENSAR’, ‘RE:DUZIR’, ‘RE:UTILIZAR’ e ‘RE:CICLAR’.

Outro olhar sobre o rim

As linhas, embora disruptivas face aos atuais modelos da BMW, sobressaem pela simplicidade, com um reduzido número de partes em linha com os princípios de ‘RE:PENSAR’ e ‘RE:UTILIZAR’. Em vez da grelha com as barras cromadas, o tradicional rim da marca foi reinterpretado como uma superfície digital, estendendo-se ao longo de toda a dianteira, fundindo-se com os faróis e com a grelha, com a marca a explicar que cria um “duplo ícone inconfundível que vai continuar a ser um claro identificador da BMW”.

Uma linha gráfica nas superfícies do rim é o único elemento decorativo na secção dianteira, podendo ser encontrada também nas janelas, tejadilho, rodas ou na traseira. As superfícies abaixo do para-brisas são produzidas a partir de alumínio secundário. Um conjunto de sensores entre os dois elementos da grelha aloja as funcionalidades tecnológicas, podendo ser desmontado como um elemento único.

De perfil, as superfícies da carroçaria são bastante limpas, mostrando igualmente simplicidade mas longe do que se vê nos automóveis da BMW nos dias de hoje, enquanto a superfície vidrada permite um interior mais luminoso e de sensação ‘aberta’. Em vez de um elemento cromado em torno dos vidros, utiliza uma faixa digital que funciona não apenas como detalhe estético, mas também como centro funcional, uma vez que existe ali um ecrã e superfície de controlo: pode servir para mostrar o estado do veículo e guiar o passageiro para a porta à medida que se aproximam do automóvel. Quando o interruptor da porta é tocado, as portas abrem em sentidos opostos, permitido entrada e saída desafogada.

O exterior também evita a pintura, pelo que a carroçaria, principalmente feita de alumínio secundário, tem um acabamento levemente dourado, numa tonalidade denominada ‘Anodized Mystic Bronze’, que contrasta com a secção traseira azulada (‘Temper Blue Steel’) cuja tonalidade foi obtida a partir de aço com tratamento de calor. Com este refinamento de materiais, a BMW procura demonstrar como é possível criar outras tonalidades sem recorrer a pinturas.

Os pneus são produzidos de borracha sustentável a que se juntaram elementos reciclados, ao passo que as jantes combinam a funcionalidade de arrefecimento dos travões com a eficiência aerodinâmica permitida pelas extremidades mais fechadas.

A traseira replica, de certa forma, a abordagem da dianteira, com as funcionalidades luminosas integradas de forma disfarçada no grande componente preto em vidro. Quando o veículo está desligado, apenas o logótipo bidimensional da BMW é visível na superfície preta. Ao ligar o i Vision Circular, essa mesma superfície ganha ‘vida’ com elementos funcionais e uma linha gráfica, como na frente.

Interior vanguardista

No interior, a forma angular do tablier é bastante peculiar, com formato em ‘V’ e efeitos luminosos para mostrar o estado de funcionamento do automóvel, dispensando centros de informações convencionais, como ecrãs ou instrumentação. Porém, em funcionamento, o condutor terá acesso a um sistema head-up display que projeta as informações mais relevantes no para-brisas em toda a sua largura. É aqui que aparecem também os ecrãs das funções de infoentretenimento para condutor e passageiros.

O conteúdo projetado é controlado pelo condutor a partir de comandos de interação no volante, enquanto os passageiros podem conectar os seus dispositivos móveis e assim utilizar os seus próprios conteúdos na sua secção.

Os bancos são produzidos a partir de materiais reciclados, enquanto o volante de formato retangular nasce por impressão 3D com base em materiais biológicos, nomeadamente, pó de madeira.

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