Com cerca de 46 milhões de unidades vendidas desde a primeira geração, o sucesso do Corolla é inegável e, também insuperável, uma vez que é o carro mais vendido do mundo. Por isso, a nova geração do Corolla assume uma enorme preponderância na gama, a começar, desde logo, pelo desaparecimento do nome Auris, numa espécie de passagem de testemunho no qual a marca japonesa sai a ganhar.
No cerne desta nova geração está uma filosofia de três conceitos diferentes, unidas pela plataforma global (Toyota New Global Architecture) que continua a ser estendida a mais gamas (encontra-se já no RAV4, por exemplo), que possibilita maior rigidez (aumento de 60%), redução do centro de gravidade em 10 mm, maior agressividade no design e reforço da aposta na tecnologia híbrida, da qual passam a haver dois representantes no Corolla.
Na verdade, serão os híbridos a grande aposta da Toyota para esta gama, com o 1.8 Hybrid e o 2.0 Dynamic Force a surgirem como diferenciadores de poupança, o primeiro direcionado para um ritmo mais tranquilo e o segundo para maior dinamismo ecológico. Mas, antes, uma descrição desta nova família Corolla.
Compacto, carrinha e sedan
O novo Corolla surge com três carroçarias, cada uma com um objetivo ou declaração de intenções apresentada pela Toyota. O compacto de cinco portas (doravante apelidado HB, de hatchback, para simplificar) dirige-se a um condutor mais jovem, ainda sem família numerosa que dá valor à diversão de condução e economia. A carrinha (Touring Sports), por oposição e definição, dirige-se a quem tem uma família já com filhos e procura espaço e versatilidade (aumentou exponencialmente a distância entre eixos e a bagageira), também com a eficiência no pensamento. Por fim, propondo-se para um cliente mais executivo que gosta do seu status, o sedan conjuga um pouco de tudo isto, sendo que em Portugal apenas terá versão híbrida de 1.8 litros, enquanto os outros dois têm motor 1.2 turbo a gasolina e o novo híbrido 2.0 Dynamic Force de 180 CV de potência.
Na apresentação internacional, estes pontos de relevo de cada gama foram bem reforçados pelos engenheiros da marca, tratando de cunhar padrões de utilização para os modelos, sempre com a questão da motorização híbrida como fio condutor.
Puxe-se o fio
Puxando-se esse fio, entremos na definição dos híbridos. O sistema de 1.8 litros recorre a uma versão evoluída da anterior, com 122 CV de potência e 142 Nm de binário (do motor térmico), oferecendo-se como uma proposta equilibrada entre consumos e prestações, contando com bateria de iões de lítio (nos HB e TS) para maior eficiência e nova gestão do software híbrido. O motor elétrico de 53 kW e de 163 Nm de binário imediato aumenta o lado da eficácia.
Aqui, a nota é mais dinâmica. Amortecimento bastante competente (mais firme) e boa filtragem das irregularidades traduzem um ótimo compromisso, com motor responsivo e não tão audível no habitáculo, o que mostra o trabalho feito na insonorização. Um passo em frente, portanto. As respostas são bem conseguidas e os consumos, com uma condução absolutamente despreocupada pelas estradas de Palma de Maiorca mostraram elevadíssima eficácia. Com efeito, apenas com absoluta brutalidade de condução se pode atirar o consumo médio para cima dos seis litros, sendo bem simples colocar a média na casa dos quatro litros. No caso do Sedan, obtivemos 4,6 l/100 km de média e no HB ainda menos, com uma média de 4,4 l/100 km.
O 1.8 Hybrid conta com uma nova bateria de iões de lítio no HB e na Touring Sports, mantendo a de hidreto metálico de níquel (Ni-mH) no Sedan. A aceleração dos zero aos 100 km/h cumpre-se em 10,9s, 11,1s e de 11s nos HB, TS e Sedan, respetivamente, partilhando a velocidade máxima (180 km/h). Já os consumos variam entre os 3,3 l/100 km no compacto e na carrinha e 3,4 l/100 km no Sedan (valores correlacionados NEDC) e emissões a partir de 101 g/km de CO2 (WLTP).
Subida de nível
Pudemos ensaiar esta variante na carrinha e as respostas assumem um pendor muito mais dinâmico, com prontidão de respostas em todos os regimes, beneficiando igualmente da energia elétrica fornecida de forma imediata para uma disponibilidade que aporta maior dinamismo quando necessário. Nesta versão, o motor é menos audível, anulando-se em grande medida uma das queixas usuais apontadas a estas motorizações híbridas.
Em ambos os casos, seja no 1.8, seja no 2.0, a entrada em ação do modo elétrico de forma frequente (no 2.0 podendo agora circular em modo elétrico até aos 115 km/h) traduz-se em maior eficácia geral, sobretudo em velocidades estáveis em vias rápidas ou autoestradas. O ganho na potência traduz-se também numa maior rapidez nas prestações: a aceleração dos zero aos 100 km/h cumpre-se em 7,9s e 8,1s no HB e na TS, respetivamente, com velocidade máxima idêntica de 180 km/h. As emissões partem nos 106 g/km de CO2 (WLTP) em ambas as carroçarias e o consumo parte nos 3,7 l/100 km em ciclo correlacionado NEDC.
A Toyota terá também disponível a motorização 1.2 Turbo a gasolina, que transita da geração anterior, com 114 CV de potência e 185 Nm de binário máximo, apenas para as carroçarias HB e TS. O Sedan não terá outra opção que não o 1.8 híbrido, como já se referiu.
A Toyota quis igualmente privilegiar a comodidade a bordo, sobretudo em termos de insonorização, mas também ao nível da qualidade percebida dos materiais e da construção, subindo de nível neste ponto. Materiais macios na parte superior do tablier, com pespontos na consola central a marcarem uma aparência desportiva, a que se junta um ecrã central tátil com navegação e funcionalidades de conectividade reforçadas. Um dos pontos mais interessantes é o painel de instrumentos com três visualizações configuráveis, entre um mais convencional e outro mais tridimensional.
O espaço a bordo também varia consoante a versão, sendo mais ampla para os passageiros traseiros no caso da carrinha e da berlina (sedan), adotando uma posição de maior conforto para esses lugares (a distância entre eixos para o Auris carrinha cresceu em 100 mm comparativamente ao Corolla TS). O objetivo foi captar os utilizadores do Avensis, entretanto descontinuado. No caso da Touring Sports destaque ainda para o facto de ter uma bagageira com elevada versatilidade: piso duplo, rebatimento dos bancos a partir de comando nas laterais da mala e fundo da bagageira amovível com lado duplo, um de revestimento macio e outro de silicone fácil de limpar. Por exemplo, para quem necessita de transportar bicicletas ou material para desportos radicais.
Bem equipados
Um dos pontos reforçados pela Toyota é o do equipamento, com os Corolla a surgirem de série com uma boa dotação neste campo, tanto nas funcionalidades de comodidade, como nas de tecnologia e de assistência à condução (neste caso com a evolução do Toyota Safety Sense).
Nos HB e TS, parte do nível Active, com jantes em aço de 15″, óticas traseiras LED, luz de circulação diurna LED, sensor de luminosidade, ecrã TFT de 4.2″, ar condicionado manual (1.2T) ou automático bi-zona (Hybrid), cruise control adaptativo (ACC) e travão de parque elétrico, além do já referido pack Safety Sense.
Já o nível Comfort, acrescenta jantes em liga leve de 16”, volante em pele, Toyota Touch 2 com ecrã de 8″, AC dual auto (1.2T), câmara traseira e o nível Comfort+Pack Sport junta ainda jantes em liga leve de 17″, vidros traseiros escurecidos, sensor de chuva, faróis de nevoeiro, espelho eletrocromático, retrovisores retráteis e ecrã TFT de 7″.
O motor 2.0 Hybrid Dynamic Force está disponível apenas com os equipamentos superiores: Square Collection, Exclusive e Luxury, este exclusivo para este sistema híbrido.
Preços
Quanto aos preços, a gama começa nos 21.299€ para o HB com motor 1.2 Turbo e nos 22.499€ para o mesmo motor em versão carrinha, ambos em nível de acesso Active. Já os híbridos arrancam nos 25.990€ para o 1.8 Hybrid HB e nos 27.190€ para o Hybrid TS, também em nível Active. As versões 2.0 Hybrid Dynamic Force acrescentam 2870€ aos preços do 1.8, quer no compacto, quer na carrinha.
Por último, bem mais simples, o Sedan, com três equipamentos: Comfort, Exclusive e Luxury, com os preços a começarem nos 28.250€.
As primeiras entregas vão ser feitas no fim de semana de 16 e 17 de março.
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