M. Francis Portela
M. Francis Portela
Investigador
Tem sido constante a procura por baterias mais eficientes, utilizando metais e minerais de diferentes origens. Mas se existem combinações que tem resultados interessantes em termos de autonomia para os carros elétricos, há outros problemas a resolver para fazer com que a instalação destes materiais nas baterias seja comum. Era o caso das baterias de lítio e enxofre, que têm um potencial de acumulação energética de fazer vergonha às atuais baterias de iões de lítio, mas que tinham um problema de condutividade. E a solução para resolver esse problema está nas cascas de amêndoa.
M. Francis Portela
M. Francis Portela
Investigador

As baterias de lítio e enxofre têm potencial para acumularem duas a três vezes mais energia que as baterias de iões de lítio, beneficiando também da baixa toxicidade e da abundância do enxofre, facilitando o seu uso com baixo impacto ambiental. No entanto, ainda não existem aplicações comerciais por terem um número limitado de recargas e porque o enxofre tem uma baixa condutividade elétrica, aumentando desmesuradamente o tempo de recarga necessário. Quanto mais vezes precisar que recarregar a bateria, mais esta tem tendência para formar substâncias que causam corrosão.

Para resolver este problema, um grupo de investigadores da Universidade de Córdova, em Espanha, recorreu a carbono ativado, ou seja, criou uma estrutura porosa de base carbónica com alta condutividade, permitindo o contacto dos eletrólitos com o enxofre e servindo para reter os polissulfidos responsáveis pela corrosão. No interesse de manter estas baterias sustentáveis, o estudo preferiu recorrer a fontes renováveis de carbono no ânodo e no cátodo, mas muitas delas obrigavam a usar fontes de alimento, pelo que foi preferível o uso de resíduos de produtos orgânicos.

É aí que entra em cena a amêndoa. Como a sua casca representa 75 por peso do fruto seco, não é comestível e habitualmente é deitada fora, passa a ser uma fonte de biomassa de baixo custo interessante para a produção de carbono. A equipa de investigadores espanhóis pôde assim usar um produto local (a amêndoa é comum no sul da Península Ibérica) de valor baixo como fonte para criar o seu carbono poroso e usá-lo nos elétrodos da bateria de lítio e enxofre. Embora ainda apenas tenha sido testada em laboratório, esta investigação abre a porta para a criação de novas baterias com mais autonomia que vão dar ao público mais resistente uma razão para experimentarem carros elétricos.