A Polícia Foral de Navarra poderá ter registado oficialmente a velocidade mais elevada num acidente de viação sofrido em solo europeu. A constatação foi avançada pelas próprias autoridades daquela região espanhola, que tiveram acesso aos dados de um veículo acidentado no início deste ano, com registo de 250 km/h.

Atualmente, a resolução de acidentes depende, em larga medida, da investigação de dados subjetivos (como testemunhos) combinados com dados mais objetivos, como os danos nos veículos e via pública, bem como marcas de pneus no asfalto. Porém, a introdução das chamadas caixas negras e leitura das centralinas (termo corriqueiro para as unidades de controlo eletrónico) permitirá retirar dados mais concretos relativos a velocidades num dado momento, dinâmicas de acidentes e as suas causas.

O agente Pablo Esquisabel Otamendi, da equipa de investigação de acidentes, indicou que foi uma outra equipa de investigação dos Mossos d’Esquadra a apontar a possível obtenção de um valor recorde a título oficial na Europa.

De acordo com a autoridade de investigação de acidentes de trânsito da Polícia Foral de Navarra, em declarações ao Diario de Navarra, poderá ter sido estabelecido um recorde europeu na velocidade de um acidente – 250 km/h. Sabe-se também que desse acidente resultou um morto, estando agora as autoridades a investigar as responsabilidades, com poucos dados do conhecimento público enquanto decorre o processo.

“Temos uma colaboração direta com a Ertzaina [NDR: polícia autónoma do País Basco], com os Mossos e com a Guardia Civil. E os Mossos, que têm muita experiência na investigação de acidentes, disseram-nos: ‘Acreditamos que tenham o recorde. Que se tenham retirado dados eletrónicos a essas velocidades, a nível europeu, têm o recorde’”, comentou Esquisabel ao Diario de Navarra. Tal não quer dizer que não tenham existido acidentes com velocidade mais alta, mas, diz aquele agente, este poderá ser o primeiro em que existem dados cientificamente concretos do mesmo.

“A nossa tarefa é dar ao tribunal todos os dados objetivos que temos para que o juiz, que depois decidirá, tenha toda a informação”, prossegue, adiantando que “esse dado concreto provém da análise da centralina do airbag do veículo, aquilo que comummente chamamos de caixa negra”.

Este é um dispositivo que alguns automóveis já contam e que se tornará obrigatório na União Europeia a partir de 2024, gravando continuamente informação em ciclos de cinco segundos. A ativação ao airbag faz com que os valores de velocidade, movimento do volante, posição final do acelerador ou a atuação dos cintos de segurança fiquem registados, como aconteceu com este acidente.

“Produziram-se vários eventos, até cinco eventos, e foram dando informação. Houve choques com vários obstáculos até à posição final do veículo. E a velocidade registada antes do primeiro impacto, que resulta de uma saída de estrada, é de 250 km/h”, naquela que era também a velocidade limitada pelo fabricante do veículo acidentado, destaca Esquisabel.