O setor automóvel foi dos que mais sofreu com a pandemia de Covid-19: todos os países da Europa registaram quedas de dois dígitos no primeiro semestre de 2020, de acordo com os dados mais recentes da Associação de Construtores Europeus de Automóveis (ACEA), que colocam Portugal no terceiro lugar entre os países que mais caíram no primeiro semestre. Porém, num dado menos animador, foi o que mais caiu nas vendas em junho.

No que diz respeito ao mês de junho, observa-se uma ligeira melhoria geral dos números de vendas de automóveis novos na Europa, embora ainda longe de um sentimento de otimismo no setor, sobretudo na medida em que, de todos os países da União Europeia, apenas a França teve uma variação positiva face ao mesmo mês do ano passado, com um crescimento de 1,2%. Este registo positivo do mercado gaulês pode ser explicado pelos novos incentivos para estimular as vendas de veículos de baixa emissão que foram introduzidos pelo governo francês no início de junho.

Coube a Portugal, porém, o papel de país com pior desempenho na venda de automóveis ligeiros de passageiros novos, com uma quebra homóloga de 56,2%. No seio da União Europeia, que teve uma média de -22,3% nas vendas, os mercados que tiveram piores desempenhos logo a seguir a Portugal foram a Croácia (-49,4%), Lituânia (-40,8%), a Holanda (-39,2%), a Grécia (-37,2%) e a Espanha (-36,7%).

Apenas a Bélgica (-1,8%) e a República Checa (-5,8%) apresentaram quebras homólogas abaixo dos dois dígitos. O mercado alemão caiu 32,3% no sexto mês do ano. Por seu lado, o mercado italiano baixou 23,1%.

No cômputo do primeiro semestre, todos os países europeus registaram quedas de dois dígitos, com Portugal a cair 49,6%, apenas superado por Espanha (-50,9%) e a Croácia (-54,4%). Já a média da UE foi de um decréscimo homólogo de 38,1%, o que equivale a menos 2.634.211 de automóveis comercializados.

A Alemanha manteve o estatuto de maior mercado europeu, com 1.21 milhões de veículos,
traduzindo-se num decréscimo de 34,5%, ou seja, 368.378 veículos a menos. O mercado francês passou de 1.166.442 para 715.798 viaturas vendidas, correspondendo a um
decréscimo de 38,6%. Por seu lado, o mercado transalpino, um dos mais fustigados pelo surto pandémico, viu as suas vendas baixarem de 1.083.1845 no primeiro semestre de 2019 para 583.960 no período homólogo deste ano, caindo 46,1%. Já o mercado britânico passou de 1.269.245 para 653.502 automóveis vendidos (-48,5%).