Reflexo de um momento difícil para a indústria, o mercado nacional de automóveis novos continua a dar sinais negativos. Em outubro de 2021, a queda nas vendas foi de 19,0% face ao mesmo mês do ano passado, quando a pandemia estava a recrudescer.

Após a crise provocada pela pandemia de Covid-19, a indústria automóvel está a braços com mais uma crise, esta causada pela falta de chips (ou semicondutores). Esta circunstância leva a que os representantes legais das marcas não tenham automóveis para entrega, o que se reflete numa baixa dos números das vendas em Portugal, de acordo com os dados revelados pela Associação Automóvel de Portugal (ACAP).

Assim, em outubro de 2021 foram matriculados 13.424 veículos automóveis novos em Portugal, ou seja, menos 29,5% do que no mesmo mês de 2019 e menos 19,0% quando comparado com outubro de 2020. No acumulado dos dez primeiros meses de 2021 foram colocados em circulação 150.009 novos veículos automóveis, o que representou uma diminuição de 33,5% relativamente a 2019, apesar da comparação com 2020 mostrar um aumento de 4,4%.

Entre os automóveis ligeiros de passageiros, o mês de outubro trouxe 10.576 novas matrículas, menos 32,4% do que no mesmo mês do ano de 2019 e menos 22,7% do que em outubro do ano passado. No cômputo dos dez meses, as matrículas de veículos ligeiros de passageiros totalizaram 123.101 unidades: menos 35,1% do que em 2019, mas mais 3,2% do que na comparação com 2020.

O mercado de ligeiros de mercadorias registou no décimo mês de 2021 uma evolução negativa de 19,4% face ao mês homólogo do ano de 2019, situando-se nas 2575 unidades matriculadas. Quando comparado com o décimo mês de 2020, verifica-se também um decréscimo de 5,0%. Em termos acumulados, o mercado atingiu as 22.872 unidades, o que representa um decréscimo de 26,4% face ao período homólogo do ano de 2019, embora signifique um aumento de 8,4% em comparação com o período homólogo de 2020.

Por fim, no mercado de veículos pesados, o qual engloba os tipos de passageiros e de mercadorias, verificou-se um aumento de 3,1% em relação a outubro de 2019, tendo sido comercializados 496 veículos desta categoria. Em comparação com o mesmo mês de 2020, o mercado registou um aumento de 21,3%. No total do ano, as matrículas desta categoria totalizaram 4036 unidades, menos 16,8% face ao mesmo período de 2019, mas mais 22,7% em comparação com o mesmo período de 2020.

Peugeot reforça liderança

No mercado de ligeiros de passageiros, a tendência geral foi de descida face a outubro de 2020, embora algumas marcas tenham conseguido evitar essa circunstância, como foi o caso da Citroën (mais 11,9%), Toyota (mais 24,5%), Hyundai (mais 56,9%) ou Kia (mais 31,4%).

No topo da tabela das marcas mais vendidas, a Peugeot reforçou a sua posição de liderança, com a marca francesa a ser a mais vendida em outubro de 2021, com 1490 unidades matriculadas, o que lhe valeu uma quota de mercado de 14,09%. Apenas a Renault, que foi a segunda mais vendida em outubro, com 1118 unidades, conseguiu também uma quota acima dos dez por cento, ficando com 10,57%. A Mercedes-Benz foi a terceira mais vendida, com 856 unidades, mas em comparação com outubro de 2020 perdeu 45% (1557 em outubro do ano passado). A Citroën destacou-se como a quarta marca mais vendida, com 810 unidades, à frente da BMW, com 750 registos.

Na soma dos dez meses do ano, a Peugeot tem agora 14.156 matrículas, apresentando uma variação homóloga positiva de 7,5%, para uma quota de mercado quase inalterada de 11,50% (era de 11,04% no período homólogo de 2020). A Renault segue em segundo, com 13.058 unidades, menos 11,0% do que no ano passado, o que se traduz numa redução da sua quota, de 12,29% para 10,61%. Na luta pelo terceiro lugar continuam as duas marcas premium alemãs, com a BMW e a Mercedes-Benz em contenda direta. Com 9797 unidades, a BMW leva vantagem por enquanto (quota de mercado de 7,96%), mas a Mercedes-Benz aproximou-se, levando 9780 unidades matriculadas em 2021 (quota de 7,94%).