Autor de alguns dos mais revolucionários automóveis de competição da história e do icónico McLaren F1, Gordon Murray está agora empenhado na criação do seu próprio superdesportivo, que terá como foco principal a ideia de baixo peso – o T.50.

Apostando numa receita reforçada de redução peso, o T.50 produzido pela Gordon Murray Automotive (GMA) terá um peso ‘pluma’ de apenas 980 kg, pretendendo com isso ser mais ágil e eficaz do que os superdesportivos rivais que, apesar de mais potentes, trazem também mais peso associado. É preciso isso que o projetista pretende evitar, mas quis fazê-lo sem abdicar do conforto e da funcionalidade de um carro para uso diário.

“Desenhar um carro desportivo ligeiro não resulta apenas da escolha de materiais exóticos por si só, mas também de um estado mental, de foco absoluto, controlado e do conhecimento profundo do design ligeiro e otimizado”, referiu Gordon Murray.

Uma das filosofias daquele engenheiro é, por isso, ajustar o peso à potência, com o T.50 a ter um rácio aprimorado: cada 100 CV tem de mover 150 kg de carro, graças aos seus 980 kg ‘versus’ o motor V12 de 650 CV de potência às 12.100 rpm. A sua conceção é da autoria da Cosworth Powertrain, apontando-se-lhe um peso total inferior a 180kg.

Para Murray, noção fundamental é de que um carro pesado nunca consegue oferecer os mesmos atributos dinâmicos que um carro ligeiro – mesmo que tenha o mesmo rácio potência-peso. Considerando que é possível ‘disfarçar’ as capacidades dinâmicas de um carro mais pesado com sistemas complexos como os de suspensão ativa ou eletrónica elaborada, esse é um caminho que Gordon Murray quer evitar, apontando que mesmo isso não compensa as vantagens de um carro ligeiro, numa filosofia que era, de resto, bem conhecida de Colin Chapman, fundador da Lotus e um dos engenheiros mais inventivos da Fórmula 1.

“Hoje, a diversão de condução perdeu-se já que muitos superdesportivos apenas ganham ‘vida’ na fase superior das suas capacidades de performance. Alcançar uma velocidade máxima apenas acrescenta peso (sobretudo através de motores cada vez mais potentes), pelo que o futuro dos verdadeiros carros de performance reside na remoção inteligente de peso”, afiançou.

Para já, sabe-se que o T.50 será mais compacto do que um Porsche 911, mas com espaço para três passageiros e as suas bagagens, graças aos seus 4380 mm de comprimento e 1850 mm de largura. A razão para o baixo peso deste desportivo passa, em muito, pela estrutura monocoque em fibra de carbono, que em conjunto com os painéis da carroçaria, pesam menos de 150 kg no total. Mesmo os três bancos desportivos são produzidos em fibra de carbono, com o banco central do condutor a pesar menos de 7 kg, com os dos passageiros a pesar menos de 3 kg.

E, para garantir que o peso não sai dos eixos, cada semana os principais responsáveis de design e engenharia reúnem-se para rever o peso do carro e os seus componentes, incluindo das porcas e dos parafusos… que são ajustados consoante a sua área de aplicação no veículo, com base em cálculos da força a que serão sujeitos na estrada.