Desastre ferroviário atinge Portugal

09/01/2024

Menos comboios e mais atrasados. É este o retrato do transporte ferroviário em Portugal feito pela Autoridade da Mobilidade e dos Transportes.

 

A pontualidade dos comboios tem vindo a piorar e há cada vez mais transportes ferroviários suprimidos. Este é o retrato feito num relatório da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes, que conclui que o serviço ferroviário em Portugal está pior desde 2019.

Nos serviços urbanos/suburbanos de Lisboa, a Fertagus apresenta melhores índices de pontualidade do que os serviços da CP-Lisboa, com um índice de pontualidade de três minutos de 93%, em 2022 (contra 86% na CP). Os serviços de longo-curso foram os que registaram piores índices de pontualidade, assinala a Autoridade da Mobilidade e dos Transportes.

Também durante este período se verificou deterioração da regularidade em todos os serviços relativamente a 2019, como se verifica nos gráficos relativos ao número de supressões e ao índice de regularidade, escreve o relatório.

No total, de acordo com o relatório consultado pelo Welectric, CP e Fertagus suprimiram 27.700 comboios entre 2019 e 2022.

Os utentes dos comboios urbanos da Grande Lisboa são os que mais se podem queixar quanto à redução da oferta.

A CP destacou como principais fatores com implicações negativas na regularidade e pontualidade do serviço ferroviário, principalmente em 2021 e 2022, as intervenções que têm sido feitas na infraestrutura e que implicam a imposição de limites de velocidade, em especial na Linha do Norte e na Linha do Minho; as avarias no material circulante; as greves realizadas por trabalhadores tanto da CP, como da IP; e diversos acontecimentos meteorológicos adversos que levaram à supressão de comboios em dezembro de 2022.

Já a Fertagus destacou como principais causas para a supressão ou atraso dos comboios, com maior impacto em 2022, as greves dos trabalhadores da IP, os afrouxamentos decorrentes de constrangimentos na infraestrutura e ainda situações de doença súbita ou prolongada do seu pessoal.

À Antena 1, a Associação Comboios do século XXI atesta a degradação do serviço ferroviário, lembrando que os milhões anunciados para a ferrovia ainda não são sentidos por quem usa diariamente os comboios.

Quanto ao número médio de passageiros por comboio, dado pelo rácio PKm/CK (Passageiros km/comboio), em 2022 destacam-se os serviços urbanos e suburbanos de Lisboa da CP (≈277 pass/comboio), seguindo-se os serviços de longo curso e urbanos e suburbanos de Lisboa da Fertagus (≈175 passageiros/comboio), depois os serviços urbanos e suburbanos do Porto (≈117 pass/comboio) e por último, os serviços regionais (≈54 pass/comboio).

No contexto da atividade de transporte ferroviário e tomando como referência o ano pré-pandemia de 2019, verificou-se:

2020 – um decréscimo de (-) 39,6 % no número de passageiros, (-) 48,5 % no número de passageiros-km e (-) 41,7 % nas receitas tarifárias.

2021 – um decréscimo de (-) 15,9 % no número de passageiros, (-) 20,6 % no número de passageiros-km e (-) 17,7 % nas receitas tarifárias.

2022 – uma subida de (+) 0,5 % no número de passageiros, (-) 3,6 % no número de passageiros-km e (-) 2 % nas receitas tarifárias.

No que diz respeito às mercadorias o impacto não foi tão gravoso, tendo-se verificado o seguinte impacto, tomando também o ano de 2019 como ano de referência:

2020 – um decréscimo de (-) 39, 6 % no número de toneladas transportadas.

2021 – um decréscimo de (-) 0,4 % no número de toneladas transportadas.

2022 – um decréscimo de (-) 3,6 % no número de toneladas transportadas.