Numa entrevista concedida à agência Reuters, Carlos e Carole Ghosn arrasaram a justiça japonesa e não pouparam críticas à Nissan.

O casal falou pela primeira vez sobre a inesperada fuga para o Líbano e não hesitou em colocar o dedo na ferida: «A primeira regra para se fazer alguma coisa como esta é que nenhum membro da família saiba, pois torna-se ansiosa e pode estragar os planos». E explicou: «Se me tivesse dito que queria fugir logo no início do processo, tentaria tudo para que não o fizesse. Preferia que lutasse e provasse a sua inocência», acrescentando que, pela forma como os «procuradores se comportaram», rapidamente percebeu que Carlos poderia não ter um julgamento justo. «Por isso, hoje, estou feliz que o tenha feito», concluiu.

Sobre o alegado envolvimento de Carole Ghosn em todo o processo, a esposa do antigo responsável da marca japonesa foi clara: «As acusações que me fazem são uma anedota. Testemunhei horas a fio, disseram-me que estava livre para me ir embora, e agora, nove meses depois… aparece isto! São vingativos! Isto não tem nada a ver com leis», explicou.

Carlos Ghosn confirmou: «passei 18 anos no Japão e nunca suspeitei desta brutalidade, desta falta de honestidade e desta falta de empatia, afirmou, alegando ainda que terá sido colocado «numa situação em que a vida era miserável», com intuito de conseguirem obter uma confissão.

Carlos Ghosn continua a dizer-se inocente no processo de que é acusado pela justiça japonesa e confirma a intenção de manter-se no Líbano, recusando qualquer de hipótese regressar ao Japão.

Noutra entrevista, ao El País, o antigo executivo diz-se vítima de uma cabala dentro da Nissan. “Ao ter uma reputação tão forte, tornava-se difícil livrarem-se de mim sem arrasarem a minha imagem. Por isso, começaram a dizer que era um ditador, um ganancioso…. Sou um homem determinado, nunca um ditador“, refere.

O Japão, pelo seu ministro da Justiça, já considerou a fuga de Ghosn um crime. O executivo responde: «Eles surpreenderam-me quando me prenderam, eu surpreendi-os ao fugir».