Opel Astra renovado: Atleta de ginásio reforça eficiência

Apologista da teoria de que todos os gramas contam, a Opel levou a cabo um enorme trabalho de atualização no Astra, focando-se essencialmente na eficiência para reduzir o nível de emissões poluentes. Além disso, mais tecnologia de segurança e conectividade reforçada para aquele que é o segundo modelo mais importante na gama da marca alemã.

A banda Depeche Mode popularizou-se pelo tema ‘Everything Counts‘ (que em português significa ‘Tudo Conta’), o qual parece também servir de mote para renovar o Astra, modelo de segmento C, que passa a usufruir de uma nova geração de motores e aerodinâmica muito cuidada, escondendo as suas melhorias num visual que não se diferencia por enormemente face ao anterior Astra.

Começando por aqui, o renovado Astra passa a ter um coeficiente de resistência ao ar de 0.26, tanto na variante de cinco portas como na carrinha Sports Tourer, graças a detalhes de otimização que foram realizados no túnel de vento do Instituto de Pesquisa de Engenharia Automóvel e Motores de Veículos, da Universidade de Estugarda.

Reconhecendo que, em deslocação, cerca de 40 a 50% do total de resistência ao ar de um automóvel surge sob a carroçaria e em torno das rodas e dos guarda-lamas, os engenheiros da Opel dedicaram especial atenção a estas áreas, concebendo também uma cortina integral ativa para colocar atrás das grelhas dianteiras. Essa cortina consegue variar o fluxo de ar para o compartimento do motor (tanto na grelha superior, como na inferior), de forma independente, sendo que, só neste detalhe, a marca obtém uma redução de emissões de CO2 de 2 g/km. Tudo conta…

A marca aponta ainda outros benefícios, nomeadamente no capítulo térmico, permitindo atrasar o arrefecimento do motor depois de este ser desligado, ou acelerar o aquecimento após um arranque a frio – algo que é importante no inverno, com reflexos positivos no consumo de combustível, no controlo das emissões e na capacidade de aquecimento do habitáculo. Outros desenvolvimentos passaram pela carenagem da zona inferior do compartimento do motor, um novo painel isolador do depósito de combustível que funciona também como defletor de ar, menor altura ao solo em 10 mm (dependendo da versão) e braços da suspensão traseira com formato aerodinâmico. No total, a otimização aerodinâmica do renovado Astra faz baixar a emissão de CO2 em 4,5 g/km no ciclo NEDC.

No total, atendendo também às novidades nos motores, este facelift traduz-se numa redução de emissões de CO2 até 21 por cento face ao modelo anterior. Aliás, é mesmo apontado como o Astra mais eficiente de sempre.

Motorizações novas… em legado

Ao contrário do que seria de supor, as novas opções mecânicas disponíveis para o renovado Astra ainda não são aquelas que o Grupo PSA desenvolveu. A explicação é simples: o Astra – tal como o Insignia – tem base em plataforma ainda desenvolvida no grupo General Motors (GM), recebendo por isso motores também desenvolvidos nesse âmbito. Novos, sim, mas concebidos numa outra conjuntura.

Estas motorizações a gasolina (1.2 e 1.4) e Diesel (1.5), todas sobrealimentadas e todas com arquitetura de três cilindros, permitem à Opel voltar a ‘batalhar’ no segmento C em matéria de emissões e de custos operacionais, sendo esse também um argumento relevante para o relançamento do Astra.

A gama inicia-se com o 1.2 Turbo de 130 CV de potência e 195 Nm de binário, sendo este um dos melhores exemplos dos ganhos no campo da eficiência. Em comparação com o motor comparável anterior (1.0 Turbo), emite menos 21% de CO2. Esta unidade está sempre associada a caixa manual de seis velocidades, dispondo de soluções evoluídas como a integração do coletor de escape, arrefecido a água, na cabeça dos cilindros (que otimiza a gestão térmica do motor na fase do arranque a frio) ou válvulas com comando variável. De acordo com a marca, 90% do binário é entregue logo às 1500 rpm, contribuindo para um desempenho eficaz e muito competente, como pudemos observar durante um breve ensaio levado a cabo em Lisboa.

Num trajeto de 28 quilómetros, que passou pelo centro da capital e vias nos seus arredores (para uma média de velocidade de 32 km/h), obtivemos um registo de 5,8 l/100 km, bastante aceitável atendendo ao trânsito matinal e ao percurso com muitos desníveis.

No cinco portas, este bloco apresenta um consumo médio homologado de 4,3 l/100 km no ciclo NEDC (4,5 l/100 km na carrinha) ou, bem mais realista, o intervalo entre 5,2-5,5 l/100 km no novo ciclo WLTP (5,3-5,6 l/100 km na carrinha). As emissões de CO2 cifram-se nos 99 g/km (102 g/km na carrinha) e 119-125 g/km (121-128 g/km na carrinha), respetivamente.

Acelera dos zero aos 100 km/h em 10,5 segundos e atinge os 215 km/h de velocidade máxima no cinco portas, enquanto a carrinha demora 10,7s a chegar aos 100 km/h, mantendo-se a velocidade máxima.

Beneficiando dos mesmos trabalhos técnicos em termos de conceção, o motor 1.4 Turbo de 145 CV de potência e 236 Nm de binário está exclusivamente associado à nova caixa automática CVT de sete velocidades programadas. Também no cinco portas, tem níveis de consumos homologados de 5,0 l/100 km em NEDC (igual na carrinha) e intervalo de 5,6-6,0 l/100 km no WLTP (5,8-6,1 l/100 km na carrinha). As emissões situam-se nos 115 g/km no NEDC (114 g/km na carrinha) e entre os 128-136 g/km no WLTP (131-139 g/km na carrinha).

Em associação a este motor, o Astra de cinco portas acelera dos zero aos 100 km/h em 9,9 segundos para uma velocidade máxima de 210 km/h, aqui devido à caixa. A carrinha faz o mesmo exercício de aceleração até aos 100 km/h em 10,1 segundos, com igual velocidade de ponta.

Turbodiesel evoluído

Por outro lado, a Opel mantém o foco também no turbodiesel, um motor 1.5 de três cilindros, com bloco e cabeça construídos em alumínio, destacando-se ainda por dispor de turbina de geometria variável e veio de equilíbrio. O sistema de injeção direta consegue funcionar a pressões até 2000 bar. Debita 122 CV de potência e tem um binário máximo de 300 Nm na versão de caixa manual, podendo ser associado a uma nova caixa automática de nove velocidades que reduz o binário máximo para 285 Nm, mas a uma faixa de rotações mais baixa – 1500 rpm contra as 1750 rpm a que os 300 Nm de binário estão disponíveis na caixa manual.

Para tratamento de gases de escape, beneficia de catalisador de redução seletiva (SCR) e catalisador de oxidação passiva, injeção de AdBlue e filtro de partículas Diesel (DPF).

Todos os propulsores têm veio de equilíbrio situado no bloco, que funciona em contra rotação com a cambota para eliminar vibrações. No cinco portas com caixa manual, acelera dos zero aos 100 km/h em 10,3 segundos (10,5 segundos na carrinha), chegando aos 210 km/h de velocidade máxima em ambas as carroçarias. O nível de consumo médio é de 3,5 l/100 km no cinco portas em ciclo NEDC e de 4,4-4,7 l/100 km no WLTP, sendo idêntico em ambos os casos na carrinha. As emissões são de 92 g/km tanto no compacto, como na carrinha, em ciclo NEDC, sendo de 115-122 g/km em WLTP (115-123 g/km na carrinha).

Já a versão do 1.5 Turbo D associada à caixa automática chega aos 100 km/h em 10,9 segundos (11,1 na carrinha), acelerando até aos 205 km/h. Tem um consumo médio de 4,2 l/100 km no cinco portas em ciclo NEDC (5,0-5,3 l/100 km em WLTP).As emissões cifram-se nos 109 g/km em NEDC e no intervalo entre os 130 e os 138 g/km em WLTP.

Chassis com melhorias

Além do trabalho de aperfeiçoamento no capítulo aerodinâmico, os engenheiros da Opel procederam a diversas evoluções ao nível dos componentes do chassis, com novos amortecedores e calibração diferenciada da direção, a que se junta, em versão mais dinâmica, disponível em opção, suspensão mais firme e eixo traseiro com paralelogramo de Watt.

A bordo, nota para o novo painel digital de 8.0 polegadas associado ao Pacote IntelliLink Navi Pro, que inclui também navegação com atualizações de trânsito, atualização regular dos mapas, ecrã tátil central de 8.0 polegadas (a versão de entrada é de 7.0″) e seis altifalantes. Tem um custo de 1500 euros. Além disso, há nova consola central, novos revestimentos e nova decoração.

A gama Astra distribui-se por três níveis de equipamento: Business Edition, GS Line e Ultimate. Todos os Astra possuem de série sensores de luminosidade e de chuva, ar condicionado, rádio IntelliLink Multimedia compatível com Apple CarPlay e Android Auto, cruise control, sensores de estacionamento, espelhos retrovisores exteriores com regulação elétrica e aquecimento e jantes em liga leve, entre outros.

Os preços fixam-se a partir de 24.690€ para o Astra de cinco portas 1.2 Turbo e de
25.640€ para a Sports Tourer 1.2 Turbo. As versões a gasóleo surgem com preços a partir de 28.190€.