Numa era em que as motos custam valores exorbitantes, eis que surge a Royal Enfield Himalayan 410 para abanar o mercado: potência, manutenção simples, conforto e… um preço bastante aliciante. É o primeiro modelo inteiramente novo desde que a marca inglesa passou para mãos indianas.

Ainda não pusemos o motor a trabalhar e rapidamente somos seduzidos com a aparência da moto. Sem olharmos à volta, somos transportados para um ambiente de aventura, de longas estradas ou fora do alcatrão. Ainda não rodámos a chave e já nos apetece carregá-la de mochilas.

Mas deixemo-nos de tantos sonhos. Estamos na cidade, num intervalo entre o trabalho no escritório e o trânsito. De qualquer forma, nem tudo é mau. Aliás, a Royal Enfield conseguiu com esta moto um resultado final indicado para todos os tipos de condução.

Comecemos então pela potência: uma cilindrada equilibrada (400 cc) que cumpre bem as exigências da rotina na cidade ao mesmo tempo que está pensada para trajetos mais longos – e sem pressa. É para se apreciar a condução, sem nos deixar ficar mal. Tem um arranque potente, com força em baixa rotação, que depois se desmultiplica em 5 velocidades e deixa para trás todos os carros. A velocidade máxima aconselhada são 120 km/h, mais ainda se tivermos as malas laterais.

A marca apresenta a Himalayan como tendo sido concebida para se atravessar os Himalaias, a maior cordilheira do mundo. Não fomos tão longe, mas conseguimos perceber que a moto se sente bem por caminhos esburacados, proporcionando muita suavidade nas irregularidades do piso ou em subir pequenos obstáculos. Parte boa: não existe tecnologia nem eletrónica para avariar, apenas um painel de instrumentos básico, sem botões nem luxos – apenas uma bússola! Também as carenagens aqui não fazem falta, mas sim o reforço lateral para servir de proteção em caso de queda.

Este teste foi feito em vários dias durante a rotina e tornou-se uma experiência muito agradável. Assim que nos sentamos, rapidamente estamos habituados à posição de condução e passamos a ser só um corpo a deslizar. Nos primeiros dois ou três quilómetros, as malas laterais causaram alguma insegurança quanto às dimensões – normal para quem anda diariamente com uma trail 250 cc com um palmo de largura.

Depois, percebendo que as malas estão em linha com os punhos, passa a ser muito fácil. E deram imenso jeito em dias de alguma chuva, onde a roupa impermeável pode ficar guardada e está sempre à mão. Depois, o consumo nem se dá por ele.

E, claro, convém não fingir: o trabalhar deste motor monocilíndrico é muito viciante, com um roncar que apetece ouvir sobretudo em baixa rotação…

O preço base da Himalayan 410 é de 4595€, com a versão Adventurer (com kit malas e proteção de motor) a ter um custo ligeiramente superior, de 5195€.

Ficha técnica
Motor: Mocilíndrico refrigerado por ar e óleo, 4 tempos
Caixa de 5 velocidades
Suspensão dianteira: Telescópica tradicional 41mm e 200mm de curso
Suspensão traseira: Mono-amortecedor com 180mm de curso
Roda dianteira: 90/90-21”
Roda traseira: 120/90-17”
Travão frente: Disco de 300mm com pinça flutuante
Travão traseiro: Disco de 240mm com pinça flutuante
Altura do banco: 800 mm
Peso: 182 Kg
Depósito: 15 litros

Texto: Nuno Mota Gomes
Fotos: Fernando Marques

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