Dia de sorte para uns, sinal de azar para outros, uma sexta-feira 13 é ideal para falar em superstições nas corridas.

Todos os desportos envolvem talento, método, treino e dedicação. Mas, mesmo ao mais alto nível, os atletas contam com aquela pontinha de sorte, a estrelinha de campeão, e tentam precaver-se contra os azares. A Fórmula 1, a categoria mais avançada do desporto motorizado, não é exceção. Como confirmam os pilotos e as suas crenças.

O número 13 carrega uma enorme superstição e esteve sempre associado à má sorte. Chegou a estar banido, na sequência de uma série inexplicável de graves acidentes, e continua a ser evitado.

Ao contrário de outras combinações de algarismos que, alegadamente, trazem fortuna.

Desde 2014, a Fórmula 1 mudou o sistema de atribuição dos números, que passaram a ser escolhidos pelos pilotos.

Max Verstappen corre atualmente com o #1, mas o atual campeão do mundo usou durante sete temporadas na Fórmula 1 o número 33. A explicação é simples: o neerlandês queria 3 inscrito no seu carro, mas este número que já era utilizado por

Daniel Ricciardo. Verstappen optou então pelo 33, para obter o “dobro de sorte”.
Outros pilotos como Esteban Ocon mantiveram os números do resto das suas carreiras de sucesso… para não estragar. O piloto da Alpine foi campeão de kart em 2007 com o #31 e decidiu seguir com a superstição.

Pierre Gasly também manteve o #10 com que foi campeão na Fórmula Renault Eurocup em 2013, mas o piloto francês tem outro motivo que o liga a este número, que era o do seu ídolo Zidane na seleção francesa de futebol.

Mas um dos que leva mais a sério este aspeto talvez seja o asturiano Fernando Alonso. O número 14 é sinónimo de muita sorte para o piloto da Aston Martin: quando tinha 14 anos, no dia 14 de julho, e com o kart número 14, foi campeão do mundo. “A partir deste momento, eu não tive dúvidas de que 14 é o meu número”, afirmou.

Na temporada atual da Fórmula 1 ninguém alinha com o número 13…

Portimão amuleto da sorte
Além dos números da sorte, alguns pilotos adotam hábitos e comportamentos por mera superstição. É o caso de Fernando Alonso que confessou em entrevista que, apesar de ser bastante cético sobre os benefícios de fazer a tradicional volta de reconhecimento a pé antes de um Grande Prémio, tudo mudou em Portimão. Fez a caminha na pista portuguesa porque era um novo circuito e foi o seu melhor fim de semana. “Marcámos bons pontos e sentimo-nos competitivos.”

“Parámos de fazer isso em Barcelona e no Mónaco e voltámos a não marcar pontos. Então voltámos a tentar em Baku. Terminámos em sexto, o que foi a nossa melhor corrida.”, explicou em entrevista.

“A partir desse momento, continuamos a fazer as caminhadas (…) é uma coisa puramente supersticiosa.”, acrescentou.

Hamilton, o ex-supersticioso
Lewis Hamilton nunca acreditou em bruxas, mas… na Fórmula 1 poucos ligavam mais a amuletos e superstições. De acordo com o britânico, antes de cada corrida cumpria até uma sequência sempre igual para se equipar (meia direita primeiro…), e que não mudava por nada.

Numa entrevista conjunta com Tom Brady, no âmbito da parceria com a IWC Watches, Hamilton explicou que teve uma castanha da sorte que usava no fato de competição quando era miúdo, um par de cuecas, que só deixou de usar em provas quando a sua mãe as encolheu na máquina de lavar. Tudo pertence ao passado agora. “Está tudo na nossa cabeça.”, disse.

As mais estranhas superstições
Nem as lendas deixaram o seu sucesso ao acaso. Mark Webber, ex-piloto da Red Bull, entrava sempre no seu carro pelo lado esquerdo, em vez de o fazer pela direita como a esmagadora maioria dos pilotos.

Já Sebastien Vettel guardava duas moedas nas meias durante todo o fim-de-semana de corrida. Uma das moedas foi-lhe dada pela avó.

Michael Schumacher, um dos pilotos mais bem-sucedidos da história da Fórmula 1, nunca escondeu que contava com os seus amuletos para ultrapassar qualquer azar. Entre os quais estava uma pequena escova de cabelo de brincar oferecida pela sua filha, e que fazia questão de manter sempre por perto.

O lendário Alberto Ascari para se sentir seguro em pista tinha de usar sempre o seu capacete azul-marinho e uma t-shirt da sorte, meias e luvas.

No dia do fatal acidente em Monza, em 1955, Ascari estava a usar um capacete emprestado por Eugenio Castelloti…