As doenças, os fatores de riscos e os medicamentos que podem afetar a capacidade de conduzir. Pode ou não conduzir doente?

A temperatura ainda é de verão, mas o outono está aí e vai, inevitavelmente, trazer consigo as doenças próprias da época. É o tempo das tosses, dos espirros, da febre, das bronquites, das pneumonias e da gripe. Nada que obrigue a alterar radicalmente as rotinas ou impeça que se desloque diariamente para o trabalho confortavelmente agasalhado ao volante do seu carro. A não ser que a medicação prescrita o desaconselhe.

Atchim: andou mais de 10 metros às cegas!

Pode parecer uma questão pouco importante, mas ter um ataque de espirros enquanto se está ao volante é perigoso.

Espirros fortes e frequentes prejudicam muito a condução, devido a contração muscular que fecha os olhos por breves instantes, impedindo a visão por período de tempo que, dependendo da velocidade do automóvel, poderá provocar um acidente.

De acordo com os estudos, espirrar quando se conduz um veículo que circule a cerca 50 km/h obriga a percorrer cerca de 13 metros autenticamente… às cegas! Assim, conduzir nessas condições pode ser bastante perigoso.

Doenças crónicas podem afetar a capacidade de conduzir

As doenças que representam maior risco de poderem provocar acidentes são as do foro neurológico e psiquiátrico, seguindo-se-lhe os medicamentos, a diabetes e, num grau menos elevado, as doenças cardiovasculares e as relativas a problemas do sistema locomotor, auditivo e oftalmológico.

Se tem alguma doença crónica como a diabetes, epilepsia, problemas cardíacos, do foro neurológico, psiquiátrico não deve conduzir, sem autorização do médico.

Também não deve conduzir se, por esquecimento ou qualquer motivo, não tomar os medicamentos prescritos.

Falta de visão

As alterações da visão relacionadas com a idade incluem diminuição da acuidade visual, dos campos visuais, da resistência ao encandeamento e redução da visão com baixa luminosidade.

Falta de audição

A diminuição da acuidade auditiva diminui a perceção do tráfego e pode aumentar o risco de acidente.

Fraqueza muscular

O envelhecimento nas pessoas pode trazer uma diminuição da força muscular, da flexibilidade e da estabilidade das articulações. A existência de problemas músculo-esqueléticos, nomeadamente a osteoartrite e artroses frequente nos idosos, provoca limitações de mobilização, agravando a sua função motora.

Condução durante a gravidez

Conduzir durante a gravidez não está contraindicado, no entanto, há que ter em conta alguns fatores que podem alterar a capacidade de conduzir durante a gravidez, como o sono de que algumas grávidas sofrem.

A gravidez pode trazer alterações a nível do açúcar no sangue, da tensão arterial, edemas nos membros inferiores. Durante as últimas semanas de gravidez é aconselhável não conduzir pois o tamanho da barriga poderá impedir que faça uma condução segura.

Automedicação, nunca!

A automedicação está completamente fora de questão. Durante uma consulta indique, sempre que necessário, que irá conduzir de forma a que os medicamentos não tenham efeito na mesma.

Existe uma lista aprovada que descreve alguns dos medicamentos no mercado que não deve mesmo tomar se vai sentar-se ao volante:

Analgésicos (opiáceos) – Este tipo de medicamentos para a dor, podem provocar sonolência, tonturas, vertigens, etc.

Antidiabéticos – medicamentos para o tratamento da diabetes. O risco de efeitos sobre a condução é proporcional à probabilidade de ocorrer hipoglicémia.

Antidepressivos – Medicamentos para tratamento da depressão. A depressão pode afectar negativamente o condutor. O efeito destes medicamentos pode variar conforme o princípio activo utilizado. Podem causar sonolência, diminuição do estado de alerta e desequilíbrio, visão turva, ansiedade, etc.

Antiepiléticos – Estes medicamentos para a epilepsia podem originar sonolência, tonturas, falta de coordenação de movimentos, estados de confusão, falta de memória e concentração.

Anti-histamínicos sedativos – Estes medicamentos, destinam-se principalmente ao tratamento de alergias. Podem causar sonolência, sedação, perturbações visuais, diminuição de agilidade e capacidade de condução automóvel.

Anti-histamínicos não sedativos – Estes medicamentos de um modo geral, têm menor actividade sedativa, dano psicomotor e efeitos não específicos. Pouco risco para a condução. Todavia, em doses superiores às recomendadas, podem ocasionar insónias e outros sintomas.

Antigripais – Alguns destes medicamentos contêm anti-histamínicos (por exemplo, clorofenamina), que podem provocar sonolência.

Antiarrítmicos – Alguns fármacos destinados a controlar o ritmo cardíaco podem perturbar a visão, diminuir a capacidade de concentração e provocar vertigens.

Antipsicóticos – tratamento da esquizofrenia e outras psicoses. A condução é desaconselhada no início do tratamento, na alteração da posologia ou mudança do fármaco. Podem dar sonolência, tonturas, etc.

Antiparkinsónicos – Estes fármacos para tratamento da doença de Parkinson podem causar sonolência repentina, confusão, alucinações, movimentos involuntários. Antitússicos – Alguns medicamentos para tratar a tosse seca e irritante podem causar sonolência e vertigens.

Ansiolíticos e Sedativos e Hipnóticos – São utilizados para combater a ansiedade e a indução ou a manutenção do sono. Provocam sonolência ou tonturas, diminuem a capacidade cognitiva e psicomotora, pelo que a condução deve ser desaconselhada nas primeiras horas após a sua administração.

Gotas oftalmológicas – Algumas substâncias para tratar o glaucoma (por exemplo, timolol) provocam alterações de visão.

Relaxantes musculares – Algumas substâncias usadas na espasticidade associada a esclerose múltipla e a outras lesões do SNC, podem provocar, sonolência, náuseas, tonturas e perturbações visuais.

Estimulantes Centrais – A diminuição do tempo do sono pode afetar a capacidade de concentração. Podem provocar euforia, alterações visuais, fadiga e agressividade excitação.

Medicamento usado para a enxaqueca – Não é recomendável a condução de veículos ou máquinas no tratamento com Triptanos.

Outros medicamentos – Alguns fármacos usados no tratamento da hipertensão e certos diuréticos podem ocasionar quebras de tensão, pelo que também são um risco para a condução.

Medicamentos podem acusar positivo numa operação STOP

Mas outros fármacos como o Bromfeniramina (Ilvico), a Difenhidramina (Bisolvon e outros), o Ibuprofeno, a Prometazina (Actithiol e Fenergan) ou a Quetiapina (Seroquel), que atuam ao nível do sistema nervoso podem motivar um teste positivo ao rastreio de drogas numa operação STOP.

São na sua maioria medicamentos apenas disponíveis mediante prescrição médica que, pelos seus princípios ativos ou pelos elementos químicos que integram a sua composição, podem originar aquilo a que as autoridades referem como um falso positivo.