A eletrificação das frotas e os desafios do futuro para as empresas

30/11/2023

a carregar vídeo

É uma solução que já está a ser adotada pelos CTT. Até 2030, a empresa portuguesa quer ter 100% da sua frota totalmente elétrica. A EDP diz que é preciso continuar investimentos para se criar uma rede comum de postos de carregamento.

É preciso facilitar e tornar mais conveniente os serviços de carregamento de veículos elétricos (VE) e estabelecer acordos de roaming nos diversos países da União Europeia para facilitar este serviço, sobretudo às empresas. No segundo dia da Cimeira de Cascais do Portugal Mobi Summit, decorreu um painel de debate sobre a experiência de carregamento sem obstáculos nas frotas VE e estas foram algumas das conclusões apresentadas para um futuro, defendido pelos oradores, como a única solução para a eletrificação da economia.

 

“É a União Europeia que tem de ditar as normas e tem havido alguma timidez. Estamos numa fase de maturação, e algumas das regras estão a ser afinadas”, começou por dizer LucieMattera, secretária-geral da ChargeUp Europe. A responsável abordava desta forma o problema da falta de postos de carregamento elétrico e de opções de pagamento para estrangeiros. Defendeu o sistema de roaming, solução que começou a ser avaliada desde 2018, e que poderia criar um sistema unificado. Como exemplo, Mattera falou do protocolo OCPI, uma norma de carregamento de VE reconhecida mundialmente e utilizada por muitas empresas e centros de itinerância, estando acessível a todos para utilização e benefício.

A eletrificação da economia e gradual transição de muitas empresas para uma realidade em que as frotas são maioritariamente, ou na sua totalidade, elétricas trazem desafios também ao nível interno de cada organização. “É preciso que se fale com os trabalhadores”, realça Carlos Moreira, administrador da EDP Comercial, uma vez que se está falar de uma transformação de veículos alimentados a combustíveis fosseis para uma nova realidade. A EDP apresentou, recentemente, uma solução pioneira para carregar o carro de serviço em casa, na rua ou no escritório, com um cartão a que é atribuído um plafond pela empresa, anunciado ontem pelo mesmo responsável na Mobi Summit.

A partir de um cartão físico ou da app desenvolvida para o efeito, o EDP Charge Frota engloba infraestrutura de carregamento, gestão de carregadores e cartão com plafond, que permite aos colaboradores carregarem os veículos em casa, no escritório e na rede pública com os custos a cargo da sua empresa. “No nosso entender é uma solução digital única, que também benficia os utilizadores individuais, caso as suas empresas adotem o serviço”, sintetizou Carlos Moreira. O responsável destacou ainda o facto de que, em muitos países da Europa, mais de 50% dos utilizadores não têm garagem própria, sendo que este serviço não só seria conveniente, como iria facilitar a gestão dos carregamentos.

Em todo o caso, é preciso continuar o investimento numa rede pública de postos de carregamento. Este aspeto é essencial para empresas como os CTT, que assumiram o compromisso de tornar a sua frota de veículos totalmente elétrica. “Para nós, tudo isto é visto como uma tendência muito positiva. Estamos empenhados em ter só veículos elétricos, sendo que, em 2025 queremos contar com 50% da frota com VE e, em 2030, com 100%”, adiantou Maria José Rebelo, diretora de Sustentabilidade dos CTT. A responsável explicou que até agora o feedback dos trabalhadores tem sido positiva, até pela “facilidade de conduzir um veículo elétrico”. Neste momento, realça Maria José Rebelo, os desafios centram-se na minimização dos tempos de paragem para carregamento e nas rotas de longo curso.

 

No caso do CTT, explicou a diretora de Sustentabilidade, os veículos são carregados durante a noite para que estejam operacionais quando se iniciam as diversas rotas, sendo que pretendem apostar numa rede interna de postos de carregamento. “O problema era de infraestruturas, mas estamos num processo acelerado para criar esta rede, que nos vai facilitar a gestão”, salienta. Entre diferentes aspetos, a responsável falou ainda de se criar uma rede de parceiros para que se possa fazer o carregamento entre diferentes empresas e frotas, nomeadamente com a criação de hubs de mobilidade.

Em relação ao futuro, os oradores defendem que é preciso trabalhar numa rede eficiente e rápida de carregamentos, como contributo para a redução de emissões, mas não só. “Os números dizem-nos que a procura vai continuar a aumentar e, embora sejam investimentos grandes, trata-se de um fardo positivo”, diz LucieMattera. “A eletrificação vai acontecer: não acho que tenhamos uma escolha. Naturalmente que temos de fazer alguma coisa”, completa. Além disso, defende Carlos Moreira, é preciso explicar como a decisão de tornar as frotas elétricas é uma situação vantajosa a longo prazo do ponto de vista económico. O ponto é corroborado pelo exemplo dos CTT, sendo que Maria José Rebelo acrescenta o conforto da condução e a necessidade de pensarmos na fonte de energia, como mais sustentável para o futuro.

Ricardo Ramos Gonçalves

Portugal Mobi Summit