Falar de veículos elétricos há dez anos equivalia a ser chamado de louco. Helena Silva, CTO do CEiiA, recordou esses tempos e de como o Centro de Engenharia e Desenvolvimento se tornou pioneiro, pois além de ter apostado na mobilidade elétrica, também evoluiu para um serviço, como acontece com a plataforma Mobi.Me. “Autónomo, partilhado e conectado. O que iremos conduzir em 2040?” foi o tema em debate num dos painéis da Automotive Sessions@Setúbal, pois “o veículo do futuro não se resume à sua eletrificação”.

A mudança na forma de mobilidade, a procura por veículos mais sustentáveis, a constante inovação na digitalização, que está a trazer cada vez mais novos serviços, gera também diversos desafios. “A indústria automóvel está num processo bastante complexo de definição no que os veículos devem ter de tecnologia e de materiais utilizados”, salientou Nuno Silva, que participou no mesmo painel dedicado à indústria automóvel, numa sessão realizada em Setúbal.

O CEO da MoldIt, Grupo Durit, exemplificou como os veículos tendem a mudar a nível estético, mas também os materiais utilizados para a sua construção estão a ser modificados, além de se pensar na integração da tecnologia. Um dos exemplos dados foi a instalação de sensores que possam substituir partes mecânicas, como os pedais.
“Já se perdeu o da esquerda e já se consegue fazer viagens quase sem tocar nos pedais”, referiu, adiantando que está aberta a porta para se ir mais além.

Respondendo ao repto do moderador do debate, João Tomé, coordenador do DN Insider e jornalista do Dinheiro Vivo, Nuno Silva concorda com a ideia de que o interior dos automóveis venha, no futuro, a ser um “espaço mais aberto, mais livre, com bancos que ocupam menos espaço, dispostos de forma diferente, quase como se fosse uma sala de estar”. Isto acontecerá tendo em conta a tendência para que os veículos venham a ser autónomos, sem esquecer a conexão entre eles.

Miguel Pinto citou estudos que indicam a perspetiva de 90% dos carros em 2030 serem conectados. Para tal acontecer, “o grande salto será com o 5G”, que acelerará este processo. Com a inovação a ser essencial, o diretor-geral da Kathrein Automotive referiu que se está a evoluir rumo a uma antena inteligente, em vez das cinco atuais, não se esta fosse a especialidade da empresa.

Autónomos, conectados e partilhados

Filipe Coelho, mobility program manager da Via Verde Serviços, sublinhou que um dos desafios dos “grandes atores da mobilidade partilhada” é crescer, mas numa “base de diferenciação”, pois a concorrência está a ser muito baseada apenas nos preços. O responsável não duvida de que “a digitilização é o caminho a fazer” e que o número de serviços disponíveis vai “aumentar exponencialmente”. E deu o exemplo seguido a nível da mobilidade partilhada na Via Verde e no grupo Brisa, como a aposta no carsharing, que não só é para continuar como também já se olha para a transição para uma mobilidade mais elétrica. Quanto ao que se irá conduzir em 2040: “Acho que nem vamos conduzir.” Para Filipe Coelho, o veículo será muito superior aos de hoje e só em necessidades muito específicas será preciso a intervenção humana.

Num debate centrado em desafios, as seguradoras representam um setor que enfrenta vários e em várias frentes. Se, por um lado, o aparecimento de veículos autónomos trará novas formas de responsabilidade, por outro, é necessário também pensar como acompanhar a evolução da tecnologia, utilizando-a para oferecer mais serviços ao cliente. Para Bruno Militão, administrador da GEP – Gestão de Peritagens, do Grupo Fidelidade, o desafio de uma seguradora está precisamente mais do lado do serviço.
Aquele dirigente disse que um dos serviços possíveis é, por exemplo, uma aplicação através da qual seja possível indicar o que é necessário por parte do cliente e ter a capacidade para identificar qual o reboque mais próximo, em caso de acidente. Isto torna todo o processo mais eficaz. No entanto, com a aposta numa mobilidade mais partilhada, ou seja, com as pessoas a olhar, cada vez mais, para outras formas de deslocação além do carro particular, Bruno Militão salientou que o que se quer na seguradora “é estar com o cliente em toda a fase da sua vida”, independentemente da sua escolha de mobilidade.

Elisabete Silva

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