ALFA 24 HP, o primeiro automóvel da marca italiana

26/05/2024

A marca italiana Alfa Romeo, foi fundada em 1910, como A.L.F.A., designando Anonima Lombarda Fabbrica Automobili. Mas, a empresa que se tornou na A.L.F.A., foi criada em 1906, como SAID, significando Società Anonima Italiana Darracq, fundada pelo francês Alexandre Darracq, em conjunto com investidores italianos, na tentativa de produzir e vender os seus automóveis Darracq.

 

Inicialmente, a fábrica iria ser construída em Nápoles, mas Darracq decidiu que Milão seria melhor, construindo a primeira fábrica em Portello. Em 1915, Nicola Romeu entrou para a direcção da empresa, transformando-a para a produção de artilharia militar. Em 1920, a designação da marca passa para Alfa Romeo tal como a conhecemos hoje. Entretanto, em 1981, foi adquirida pela Fiat, após a sua proposta ser melhor que a da Ford.

Em 1910 é então lançado o primeiro automóvel da A.L.F.A., o 24 HP, que tal como era frequente na época, recebeu o nome da potência taxada. A ideia nasceu do director executivo da época, Ugo Stella, que pediu a Giuseppe Merosi, em Setembro de 1909, para desenvolver um automóvel de raiz para o mercado italiano, começando a trabalhar no modelo ainda antes de ser formada a A.L.F.A.. A sua proposta de design foi apresentada à direcção da marca, a 1 de Janeiro de 1910.

O 24 HP foi produzido na fábrica de Portello até 1914, altura em que foi substituído pelo 20/30 HP, que era uma evolução do 24 HP, com a produção a continuar até 1915, só retomando após a Primeira Guerra Mundial, com mais alguns exemplares construídos em 1920. Estava disponível em dois tipos de carroçaria, a Torpedo e a Limousine, além da carroçaria Baquet, conhecida também como Tipo Corsa, que era a versão de competição. As dimensões do 24 HP são de 3.200 mm de distância entre eixos, 4.250 mm de comprimento, 1.550 mm de largura, 1.700 mm altura e a carroçaria Torpedo rondava os 1.000 kg de peso.

Por falar em competição, o 24 HP estreou-se nas provas no Targa Florio, a 14 de Maio de 1911, com dois Tipo Corsa, construídos de propósito para a prova. Estes exemplares estavam equipados com duas backets, um depósito adicional de 30 litros de combustível atrás dos bancos, dois pneus suplentes e um motor mais potente, além de um peso reduzido para os 870 kg. Com todas estas modificações, o 24 HP poderia atingir os 110 km/h, o que para a época era muito bom. No entanto, a estreia não trouxe bons resultados, com os dois pilotos a desistirem na última volta, Nino Franchini devido a acidente e Ugo Ronzoni devido a exaustão física.

Durante a produção do 24 HP, houveram cinco séries diferentes, mas a última, a E, devido a ter muitas diferenças passou a ser um novo modelo, o ALFA 20/30 HP. A Série A foi produzida de 1910 a 1911, com dez exemplares produzidos no primeiro ano e 40 no segundo, a Série B foi produzida em 1912 em 50 exemplares, a Série C foi produzida em 1913 em 103 exemplares e por fim, a Série D, foi produzida em 1914, com 97 exemplares. No total, do 24 HP foram produzidos 300 automóveis, com vários destinados aos militares e, possivelmente, só sobreviveu até aos nossos dias o exemplar que está no museu da marca. Mas, a produção do ALFA 24 HP resumia-se somente a vender o chassis rolante com mecânica, pois o trabalho de carroçaria era feito no exterior, pelas diversas carrozzerias italianas, como por exemplo a Castagna, exemplar que está no Museo Storico Alfa Romeo. O chassis era construído em aço prensado, composto por vigas longitudinais, reforçada com vigas em C verticais.

O 24 HP está equipado com um motor de quatro cilindros em linha de 4,1L de cilindrada, 4,15:1 de taxa de compressão e duas válvulas laterais por cilindro, com a alimentação a ser efectuada por um carburador vertical, desenvolvendo, inicialmente 42 cv às 2.200 rpm e atinge os 100 km/h. O motor dos 24 HP Tipo Corsa desenvolvia 45 cv às 2.400 rpm. A partir da Série C, ou seja, de 1913, os motores dos 24 HP receberam os melhoramentos da versão Tipo Corsa, aumentando a potência para os 45 cv.

Este motor era construído em bloco, ou seja, a cabeça e o bloco do motor eram uma peça única em ferro fundido, com cárter em alumínio fundido. A distribuição era feita através de rodas dentadas, sendo alterado para uma corrente nos modelos 20/30 HP. A árvore de came está montada no cárter. A ignição era feita através de um magneto de alta tensão.

A embraiagem era de vários discos, lubrificada a óleo. A caixa de quatro velocidades, com marcha atrás, e o eixo, trabalham dentro de um compartimento que liga ao diferencial traseiro, dividindo-se, para no seu interior, serem montados os semieixos. A caixa de velocidades não estava acoplada ao motor, mas sim montada a meio do automóvel, debaixo do condutor. A suspensão era de eixo rígido à frente e atrás com molas de lâminas longitudinais. Os travões só accionavam as rodas traseiras, com tambores, e poderia ser operado pelo pé ou pela mão. As jantes Sankey eram produzidas em madeira, com vários raios. Portanto, pode-se concluir que, em 110 anos, a tecnologia automóvel evoluiu imenso.