A história deste automóvel remonta aos anos 60, nas montanhas de França, onde o Sr. Bernard Cournil, mecânico, adaptava os Willys de acordo com o seu gosto e as suas necessidades de trabalho, mas com o objectivo de serem capazes de trabalhar no campo. O trabalho no campo é árduo, duro, de Sol a Sol, sendo por isso necessário um 4×4 indestrutível… e assim nasce o tractor Cournil, um automóvel com um chassi inquebrável e um motor que o fizesse chegar aos terrenos mais inóspitos.
A produção inicial pode-se dizer que foi um sucesso, pois de uma oficina em cerca de 10 anos foram produzidos 1080 veículos, uma média de 100 veículos por ano… é um trabalho de mestre. Nesta época, o Sr. Cournil estava longe de imaginar que estaria a dar início a um movimento de fans tão forte como o chassi que havia criado.
Em 1977, a UMM, União Metalo Mecânica SA inicia a produção de veículos 4×4 através da licença de fabrico de origem francesa, que tendo por base o modelo inicial, iniciou a produção do modelo em território nacional… e já se sabe, que o que se faz cá, enche-nos de orgulho e é sempre melhor do que as coisas provenientes do estrangeiro. Aliás, este será um comentário que irá escutar muitas vezes, é que o UMM é feito cá não é!
Mais tarde, em 1980 inicia-se uma série de remodelações feitas pela marca, que passam pela alteração da carroçaria, bem como as motorizações, inicialmente o 2.5TD e mais tarde o 2.1TD, que foram aumentando de potência e de eficiência. A par destas mudanças, o UMM teve a sua aplicação em praticamente todos os serviços. Bombeiros, Guarda Nacional Republicana, ambulância na Cruz-Vermelha, exército, pick-up, cabine longa, utilizado em passeios, descapotável, autocaravana, Papa móvel… somando provas no Dacar… uma infinidade de utilizações que, ainda se mantêm hoje em dia. Não querendo ser injusto, mas é talvez um dos 4×4 que maior capacidade tem para receber alterações a nível de mecânica, seja a colocação de outros motores, ou outros componentes.
Este 4×4, de certeza que está associado a memórias de infância ou de adolescência de muitos de nós que crescemos na década de 80, sendo que, muitos poderão revivê-las, outros vivê-las… prepare-se, pois quando chegar com este carro a casa… o sofá deve ser confortável, pois a primeira impressão (no fundo é a realidade), é sempre que é um carro velho onde se vai gastar uma fortuna. E é verdade! Recuperar um UMM é um processo simples, mas como qualquer recuperação é dispendioso, mas a sua manutenção, se cuidada, terá uma vida de colocar gasóleo e andar.
Motorizações… bem, o turbo é sem dúvida uma excelente opção, com força e garra para vencer o alcatrão e os obstáculos fora dele, mas se não optar por esse motor, tenha em atenção a motorização 2.3L, que é no fundo um “tractor”… muito lento, mesmo muito lento… com velocidades máximas de 90 Km/h em estrada, e fora dela, devagarinho… vai passando de forma realista a maioria dos obstáculos. Repare-se que não estou a falar de um 4×4 modificado, mas sim a versão mantida original. Como diria o anúncio da época: “UMM… chega sempre”. Quando comprar tenha em atenção se tem ou não direcção assistida e se os travões são de disco, pois isso tem muita influência na sua condução que, prepare-se, de confortável vai ter muito pouco… mas de diversão vai ter muito muito. Se optar pela versão Cournil, então é mesmo uma viagem no tempo. O UMM pouco mais é que chapa e mecânica, um carro simples e honesto, por isso, não espere grandes luxos.
Onde entra a parte dos amigos… sempre que forem fazer um passeio! Se por um acaso tiverem a versão de bancos corridos atrás, então entram mais amigos, onde oficialmente cabem sete mais o condutor… e começa a diversão! Saltos, subidas, descidas, obstáculos que dentro do veículo ganham uma dimensão maior e a oportunidade de visitarem locais únicos onde a viagem é uma aventura, sem qualquer ajuda electrónica, apenas o barulhento motor que o ajudara a silenciar possíveis reclamações. Com um pouco de sorte, se forem muitos, podem sempre contribuir para uma bela da patuscada algures no percurso.
Quer mais aventura, caso tenha a versão de bancos corridos atrás, e não seja uma pessoa com 2m de altura, é colocar um estrado improvisado atrás e um colchão, provisões e rapidamente pode correr a Costa Vicentina sem se ter de preocupar onde dormir e os vários locais por onde passar. Desvantagem dos bancos corridos, é se necessitar de colocar uma cadeirinha para a criança, esta terá de vir no banco da frente ou então, optar pela versão com os bancos noutra disposição, sendo que, com um pouco de sorte, a sua versão é descapotável, então, é retirar a capota e viver as praias de outra perspectiva. Como vê, tudo coisas que fazer sozinho seria um verdadeiro aborrecimento.
José Sebastião / Jornal dos Clássicos
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