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Câmara quer transformar linha de Cascais em corredor bus

Em face do que considera ser "a morte da Linha de Cascais" devido ao desinvestimento do atual Governo, Carlos Carreiras, presidente da Câmara de Cascais
Carreiras lembra que, em 2015, ficou fechado um investimento total de 259 milhões de euros para a Linha ferroviária de Cascais que o atual Governo ignorou. Foto: JoanaM
Exemplo de um BRT na cidade brasileira de Belo Horizonte.
Exemplo de um BRT aplicado a uma via rápida, solução que poderia ser introduzida na A5, segundo Carlos Carreiras.
A Câmara de Cascais propõe o BRT para o canal atualmente ocupado pelos comboios que unem Cascais aos Cais do Sodré, em Lisboa.

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Em face do que considera ser “a morte da Linha de Cascais” devido ao desinvestimento do atual Governo, Carlos Carreiras, presidente da Câmara de Cascais, tem um plano: lançar duas linhas de BRT (Bus Rapid Transit): uma na A5, em faixa dedicada; e outra no atual espaço da linha de comboios de Cascais.

O presidente da Câmara Municipal de Cascais considera, numa dura posição publicada pelo jornal i sobre a mobilidade da área metropolitana da Grande Lisboa, que, “perante a falência da Linha [de comboio] de Cascais, não há mais tempo a perder: temos de lançar o BRT (Bus Rapid Transit) em dois eixos: na A5, em faixa dedicada; e no atual espaço da linha da CP, que deve ser passado para a gestão das autarquias”.

O social-democrata que dirige os destinos da autarquia de Cascais entende que “enquanto Cascais, Oeiras e Lisboa fazem investimentos sem precedentes na mobilidade, o governo sacode as suas responsabilidades. Enquanto as autarquias trabalham em conjunto para encontrar soluções, o governo abre alçapões”.

Para o munícipe, “as notícias sobre mais desinvestimento e mais cortes na oferta de comboios na Linha de Cascais“, suscitam-lhe apenas “duas palavras: tenham vergonha. Essa vergonha tem caras e tem cores. Tem a cara de Pedro Marques [atual Ministro do Planeamento e das Infraestruturas] e tem as cores do Bloco de Esquerda e do Partido Comunista Português. Estes três são a comissão liquidatária da Linha de Cascais”.

Num artigo de opinião bastante contundente, o presidente da edilidade de Cascais refere que “Pedro Marques ou é um homem com um enorme descaramento ou acredita que as pessoas de Lisboa, Oeiras e Cascais que utilizam a Linha são seres desprovidos de inteligência”.

Carlos Carreiras lembra reuniões tidas com os seus homólogos de Lisboa e Oeiras para a modernização da linha de Cascais: “Com Fernando Medina, presidente da Câmara de Lisboa, e Paulo Vistas, à época homólogo da Câmara de Oeiras, estive em 2015 nas negociações com o governo do PSD e do CDS. E já nessa altura ficou fechado um investimento total de 259 milhões de euros: 135 milhões vindos do Orçamento do Estado e de fundos europeus para a remodelação da linha, que seria sempre propriedade da REFER; 124 milhões para investimento em novo material circulante, dinheiro do privado que vencesse o concurso de concessão, que estaria obrigado a aumentar os níveis de serviço e a manter ou diminuir os preços de transporte”.

Governo ignorou investimento que estava fechado

Para Carreiras, “Pedro Marques mandou tudo para o lixo. Sem projeto nem ideias para a Linha de Cascais, que continuou a degradar-se a olhos vistos, o ministro limita-se a oferecer aos utilizadores um comboio de propaganda. Em março de 2016, ‘o governo prepara a renovação da Linha’ e os dinheiros chegariam no Plano Juncker. Em outubro, perante as críticas dos autarcas, o ministro jura a pés juntos que ‘ninguém desistiu da Linha de Cascais’. No mesmo mês, mas em 2017, Pedro Marques acenava com ‘200 milhões para a ferrovia’, mas um mês depois já não sabe quem paga o investimento. Procuramos no Orçamento do Estado? Zero. No Plano para a Ferrovia? Nada. O embuste começa a revelar-se: o ministro governa, repetitivamente, em modo de anúncios. Promete hoje investimentos de ontem que talvez se concretizem amanhã”.

“Pedro Marques descarrilou”

Carlos Carreiras, n.º1 da Câmara de Cascais desde 2011, culpa o ministro das Infraestruturas de “de não ter recuperado a infraestrutura enquanto podia e enquanto estavam criadas as condições para o fazer. Divorciou-se dos problemas do povo que supostamente deveria servir. Remeteu-se às certezas do seu gabinete e quebrou o diálogo com os autarcas”.

“Como os utilizadores da Linha de Cascais – e da ferrovia pelo país fora – testemunham diariamente, há muito tempo que Pedro Marques descarrilou”, diz Carlos Carreiras.

PCP e BE sabotaram acordo de 2015, diz munícipe

O autarca considera que “comunistas e bloquistas sabotaram o acordo de 2015”, explicando a sua ideia: “Para PCP e BE, em matéria de transportes, a questão sempre se reduziu a isto: ou o acordo era revogado ou revogava-se o poder do PS. Com a conivência socialista, PCP e BE foram as raposas a guardar o galinheiro dos transportes públicos. A conclusão é paradoxal: entre uma Linha de Cascais funcional, ainda que coparticipada por poderes públicos e privados, ou uma linha de comboio pública mas morta, como a que temos hoje, os comunistas e bloquistas preferem a segunda”.

Diz, por isso, Carreiras: “Não desistiremos. Encetarei, com caráter de urgência, contactos com o primeiro-ministro e com os presidentes de câmara de Lisboa e Oeiras, com quem articularei posições”.