Doze autocarros a hidrogénio entram ao serviço na cidade do Porto

30/01/2024

Uma comitiva da Metro do Porto, Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP) e da Câmara Municipal do Porto visitou Nantes, em França, com o objetivo de estudar in loco o serviço da operadora local Semitan.

 

A deslocação – explica a agência Lusa que acompanhou a comitiva portuguesa – tem a ver com o facto de Nantes ter uma rede de tramway convencional (elétrico convencional), semelhante à operação em superfície da Metro do Porto, mas também duas linhas de BRT (Bus Rapid Transit, também conhecido por metrobus, tratando-se de um autocarro em via segregada), opção que será a escolhida para a operação entre a Casa da Música e a Praça do Império (e posteriormente Anémona), prevista arrancar este ano.

O NOVO SERVIÇO DA METRO DO PORTO LIGARÁ ESTE ANO A CASA DA MÚSICA À PRAÇA DO IMPÉRIO (EM 12 MINUTOS) E À ANÉMONA (EM 17 MINUTOS), COM RECURSO A AUTOCARROS A HIDROGÉNIO.

A nova linha do Metrobus no Porto, que utilizará 12 autocarros articulados a hidrogénio, terá, entre a Casa da Música à Praça do Império, as seguintes estações: Casa da Música, Guerra Junqueiro, Bessa, Pinheiro Manso, Serralves, João de Barros e Império. Na secção até Matosinhos haverá as seguintes estações: Antunes Guimarães, Garcia de Orta, Nevogilde, Castelo do Queijo e Praça Cidade do Salvador (Anémona).

De acordo com os dados oficiais da Semitan apresentados à comitiva portuguesa, em Nantes o nível de satisfação dos clientes é superior no metrobus (8,1 em 10) face ao tramway (7,3 em 10), tendo a cidade sido a primeira a implementar os dois sistemas em França.

Metrobus com satisfação superior a elétrico convencional

“O BRT aqui em Nantes tem um índice de satisfação dos clientes superior ao próprio ‘tram’. E a velocidade comercial que eles têm aqui, em média, é inferior àquela que nós temos, em termos de projeto, no nosso”, afirmou Tiago Braga, presidente da Metro do Porto, à agência Lusa.

No Porto, a velocidade prevista será de 22 km/h, ao passo que o metrobus de Nantes tem 21 km/h de velocidade comercial, informa a Lusa.

“Nós ouvimos muitas críticas sobre aquilo que é o BRT, dizendo que o BRT não é um modo eficiente, que é uma redução do nível de qualidade da Metro do Porto, e aquilo que nós viemos aqui verificar é que isso não é verdade”, complementa Tiago Braga, à Lusa.

No caso de Nantes, as linhas de BRT têm uma taxa de segregação do restante tráfego automóvel superior a 90%, ao passo que as linhas de autocarro apresentam uma segregação superior a 60%.

O INVESTIMENTO NO METROBUS É TOTALMENTE FINANCIADO PELO PLANO DE RECUPERAÇÃO E RESILIÊNCIA (PRR) E CHEGA AOS 66 MILHÕES DE EUROS.

No Porto, o metrobus, que será operado pela STCP, terá segregação total apenas na Avenida da Boavista, partilhando a via com o restante tráfego automóvel na Marechal Gomes da Costa, numa taxa de segregação que rondará os 70%, segundo Tiago Braga.

A Lusa, que acompanhou a comitiva portuense a Nantes, questionou os responsáveis da Metro do Porto sobre a polémica ausência de uma ciclovia no troço mais a nascente da Avenida da Boavista. Tiago Braga reconhece que “o futuro é a promoção da mobilidade suave”, mas salienta “que o coração de qualquer sistema de mobilidade é o sistema de transporte coletivo”.

“O transporte coletivo é que é a solução para a mobilidade. Os modos suaves são modos complementares” para cidades como o Porto ou no anel central da sua área metropolitana, defendeu, ao contrário de locais onde já há “tradição da utilização da bicicleta”, explicou à Lusa.

O fornecimento e manutenção dos veículos BRT (Bus Rapid Transit – metrobus), projetos e infraestruturas de produção de hidrogénio verde e de energia elétrica de fontes renováveis foi adjudicado a um consórcio que inclui a CaetanoBus, DST Solar, DouroGás Natural, PRF e BrightCity.
O objetivo é produzir, através de painéis fotovoltaicos localizados nas estações de recolha da Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP), a média diária mínima de 350 kg de hidrogénio necessária para abastecer, na estação da Areosa, os BRT.
O projeto do BRT representa 66 milhões de euros, estando incluído neste valor tudo o que são obras de transformação das estradas. O contrato dos veículos propriamente dito envolve 29,5 milhões de euros e pressupõe um contrato de manutenção de 15 anos.
Os 12 autocarros serão híbridos, recorrendo a hidrogénio no estado gasoso. Terão uma velocidade limitada até 50 km/h e poderão transportar até 130 passageiros, dos quais 35 sentados. Em modo 100% hidrogénio, a autonomia será de até 350 km. Em modo 100% elétrico, o alcance será de até 50 km.