O que é gratuito nos nossos transportes públicos?

14/12/2018

Sempre que posso, ando a pé e recomendo como forma de meditação diária.

Segundo a aplicação que tenho no meu telefone, faço em média quatro quilómetros por dia. Uso tão pouco o meu carro que, frequentemente, chego a não me lembrar onde o estacionei da última vez.

Sei que o meu caso deve ser considerado “raro” e que tenho que agradecer esta sorte de não ter que estar parada no trânsito, como a maioria da população.

No entanto, começam a chegar boas notícias de soluções para encorajar mais pessoas a deslocarem-se de transportes públicos.

Na semana passada, ficámos a saber que o Luxemburgo será o primeiro país do mundo com transportes gratuitos. A medida irá entrar em vigor já no próximo verão de 2019.

Atualmente, os passes “Citykaart” e “Jobkaart” da Multiplicity têm o valor mensal de 25 euros e, caso opte pela compra anual, terá um desconto de 75 euros.

Por cá, ainda não tivemos a notícia de que os transportes públicos serão gratuitos. Mas sabemos que o custo máximo do passe, proposto pelo Presidente de Câmara Municipal de Lisboa, é de 30 euros por mês, na cidade, e de 40 euros para circular nos 18 municípios da Área Metropolitana de Lisboa.

Mais e melhores autocarros em Lisboa

Também ontem foi anunciado pela Carris que, a partir de amanhã, vai ter 15 novos autocarros a circularem nas ruas de Lisboa, aos quais se vão juntar mais veículos a partir de janeiro, para completar um total de 250 autocarros na nova frota.

Esta é uma medida que reforça as carreiras já existentes e que permite à Carris continuar o projeto de criação de mais carreiras de bairro, com autocarros mais pequenos, esta sim uma medida inteligente para que a circulação melhore no centro da cidade.

Até aqui, tudo me parecem informações a serem consideradas como boas notícias.

No entanto, fiquei surpreendida com o “extra” da informação disponibilizada ontem pela Carris, de que estes autocarros são confortáveis e “vêm equipados com internet ‘wi-fi’ a bordo, que pode ser utilizada de forma gratuita”.

Todos sabemos que o “gratuito” implica deixar os nossos dados quando quisermos aceder. Tudo bem, desde que fique claro que serão usados apenas e só para avaliação da qualidade dos serviços dos transportes públicos, ou outros fins que se destinem à melhoria da qualidade de vida dos cidadãos.

Deixo a nota de que, nas cidades inteligentes, estes dados autorizados devem até ser disponibilizados de forma aberta para que outras entidades possam analisar e criar mais soluções de mobilidade.

Por outro lado, ter internet a bordo não significa que se consiga aceder e que funcione bem, pela minha experiência quando ando de Metro pelo que continuo a achar que, por cá, se fala sempre “antes de tempo”.

De qualquer forma, agora até considero optar por andar de autocarro (em vez de metro) e observar o que se passa nas ruas para me entreter, caso a internet esteja lenta.

O que realmente interessa é que o autocarro circule sem ficar parado no trânsito.
Tudo o resto, será sempre melhor por acréscimo.

Joana Sande de Freitas / Watts On