On Mobility debateu o paradigma da mobilidade

03/07/2020

Dedicada ao tema “A Mobilidade Pós Covid-19”, a 2ª edição da série de eventos ON Mobility abordou o novo paradigma da mobilidade nesta renovada realidade pós pandemia, com destaque especial para o papel dos veículos elétricos.

A série ON Mobility, iniciada em março, em parceria com a EcoMood Portugal, tem como missão juntar a comunidade ligada à mobilidade elétrica e unir esforços para informar e educar o país, no sentido de acelerar este movimento e transformá-lo numa realidade que veio para ficar.

A ideia é sensibilizar não só as empresas e os empresários, mas também o público em geral, para as oportunidades da eficiência energética ligada à mobilidade.

No contexto atual de pandemia, a perspetiva das pessoas sobre a mobilidade está, naturalmente, a mudar; e, com isto, surgem questões importantes como: de que modo podemos garantir a evolução da mobilidade sustentável neste novo paradigma? O que está já a ser feito? E qual o papel de todos nós nesta evolução?

Painel representativo

Estiveram presentes oradores representativos de vários setores relacionados com a mobilidade sustentável para debater sobre estas questões, e muitas mais, e encontrar novos caminhos e soluções para um mundo mais sustentável.

Ao contrário do que aconteceu no primeiro ON Mobility, desta vez não houve apresentações individuais – os palestrantes debateram entre si. E houve já algum “semi-desconfinamento”, com parte dos oradores e moderadores a participarem presencialmente*. Outros participaram remotamente, através do GoToWebinar, tal como todos os espectadores.

Existiram dois painéis de debate: no primeiro painel, os convidados foram questionados sobre o novo paradigma da mobilidade na pós-pandemia; e, no segundo painel, abordou-se, em específico, o papel que os veículos elétricos terão neste novo paradigma.

O estado da mobilidade

No primeiro painel, moderado pelo António Gonçalves Pereira, da EcoMood, falou-se sobre o estado da mobilidade sustentável em Portugal, quais as soluções existentes, as tendências e as oportunidades que se revelam a cada dia que passa. Concluiu-se que ainda há muito a fazer no que diz respeito à sustentabilidade no nosso país: a falta de espaço nas cidades é um problema e infelizmente a mobilidade elétrica não é suficiente como solução, mas a mobilidade partilhada e os transportes públicos já são opções promissoras nesse sentido.

Miguel Baptista, da MUBi, adiantou que ”enquanto não existir solução para esta pandemia, vão ser usados mais veículos próprios e a bicicleta poderia ser uma solução, se as cidades estivessem preparadas para tal”.

Pedro Pinto, da eCooltra, disse que “os veículos de duas rodas ajudam a resolver a questão do espaço nas cidades e ajudam a democratizar a mobilidade sustentável, para além de requererem um investimento inicial mais reduzido”. Quando apareceu em Portugal, a eCooltra desempenhou um papel importante na sensibilização para a mobilidade sustentável, através da facilitação do acesso a veículos elétricos de duas rodas, e continua, desde então, apostar na evolução das gamas de veículos.

Uma contribuição interessante do Adelino Dinis, do Watts On: “A crise económica que vivemos no momento pode fazer com que utilizemos os nossos recursos de forma mais racional e até fazer uso de soluções que a tecnologia nos faculta.”

Falou-se também do tema da multimodalidade como o futuro da mobilidade: cada vez mais a tendência vai para soluções integradas que permitem às pessoas conjugar vários meios de transporte complementares na mesma viagem, com um título de transporte único.

O Adelino acrescentou: “os transportes públicos são decisivos [para a mobilidade sustentável das cidades], mas a sua cobertura é ainda muito limitada em Portugal.” Aqui o Miguel Baptista também adiantou que “é preciso que as autarquias comecem a apostar nas alternativas ao automóvel nas cidades.”

O painel de oradores aproveitou também para desmistificar alguns mitos que ainda persistem sobre a mobilidade elétrica.

Mobilidade: electrificada e partilhada

No segundo painel, moderado pelo Adelino Dinis, do Watts On, foi feita uma análise ao estado atual das coisas, às iniciativas das marcas e fabricantes, e às oportunidades que temos à disposição. Desta vez, entrámos mais em pormenor, e especificamente, no mundo da mobilidade elétrica.

O Henrique Sanchez, da UVE, abriu o painel e falou da sua experiência pessoal, terminando com um apelo à experimentação dos VEs: ”Primeiro estranha-se, depois entranha-se!”

O Antonio Melica, da Nissan, revelou a estratégia da marca que passa pelo investimento em novas tecnologias e num novo modelo de carro elétrico com mais autonomia. Acrescentou também que “a Nissan tem um compromisso muito forte com Portugal no que diz respeito à criação do ecossistema elétrico que permite tornar os processos mais eficientes e sustentáveis.” E anunciou, em primeira mão, que a Nissan tem uma nova campanha para o Leaf, que pode conhecer aqui.

O papel das duas rodas

Quanto ao atraso dos construtores tradicionais na produção de veículos elétricos de duas rodas, o Pedro Pinto diz que “foram apanhados um pouco desprevenidos. Neste momento ainda não há um amadurecimento nos mecanismos de produção dos elétricos que permita dar fiabilidades equivalentes ao que os construtores tradicionais estão habituados a oferecer aos seus clientes, quer ao nível de performance, quer ao nível de autonomia. Já a China tem outra capacidade de produção e acaba por ser muito competitiva.”

O Pedro continuou, revelando mais detalhes sobre a mobilidade multimodal em Portugal e como a eCooltra está já a fazer parte dessa nova realidade. A eCooltra está a expandir a gama de veículos a nível ibérico. Em Lisboa, estão a testar novas áreas geográficas nas zonas suburbanas de Lisboa para garantir que cobrem as necessidades dos seus utilizadores da micro-mobilidade e colmatar falhas ao nível dos transportes públicos.

Gonçalo Caeiro, CEO do Grupo JOYN, falou de um dos principais mitos ainda associados à mobilidade elétrica: “genericamente, as pessoas têm a ideia que a mobilidade elétrica é dispendiosa”. Para desmistificar este mito, o Gonçalo fala do exemplo do Grupo JOYN que passou toda a sua frota para carros elétricos: “devido aos incentivos fiscais que temos, no instante em que fazemos a conversão da frota para carros elétricos, estamos a poupar 50% do cash flow.”

Henrique Sanchez, da UVE, conclui que “esta pandemia serviu para todos nos apercebermos que os nossos comportamentos têm impacto” no ambiente, na economia e muito mais. “Nós podemos, e estamos já, a fazer a diferença!”.

Remata ainda dizendo que “Com o mesmo investimento, qualquer pessoa consegue ter um carro com uma eficiência energética muito superior a um motor de combustão interna, com muito melhor performance e muito mais ecológico.”

Antonio Melica, da Nissan, esclareceu que “a mobilidade partilhada não é uma ameaça aos fabricantes, ela tem de ser aproveitada. O sector tem de mudar a abordagem com uma oferta de produtos e serviços inovadores que sigam as tendências e os desejos dos consumidores.”

O painel terminou com mais uma sessão de Q&A onde foram respondias questões dos espectadores.

Para concluir, ficou uma mensagem de encorajamento por parte da Presidente da Câmara da Amadora e o convite para o ON Mobility Amadora de 17 de Setembro, no âmbito das celebrações da Semana Europeia da Mobilidade.

Aqui fica o vídeo do evento.

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* o webinar decorreu nas novas instalações do Grupo JOYN (detentor da Evolut), num espaço devidamente preparado e cumprindo todas as normas de segurança da DGS.