Chama-se ShadowCAM e como o próprio nome sugere baseia-se numa câmara que deteta e interpreta as variações das sombras no solo em redor dos obstáculos no raio de visão, a permitir adivinhar o que não se vê. Ainda em fase de protótipo, o poderá ser utilizado como ferramenta a juntar ao rol de sensores e radares, na prevenção de acidentes a envolverem outros veículos ou peões que possam surgir dos chamados ângulos cegos ou sem visibilidade.
O sistema capta sequências de fotogramas de vídeo em pontos chave, em torno de um pilar ou no solo, à saída de um cruzamento sem visibilidade, por exemplo. E analisa cada “frame” mediante odometria visual buscando variações na intensidade da luz.
O dispositivo será apresentado na próxima semana, na edição deste ano do International Conference on Intelligent Robots and Systems (IROS), depois de confirmados os primeiros testes bem-sucedidos em condições reais de utilização, com modelos autopilotados em parques de estacionamento. Segundo o relatório dos responsáveis, o sistema provou níveis de eficiência superiores aos congéneres equipados com tecnologia de LIDAR (que consegue apenas detetar obstáculos visíveis), sendo quase meio segundo mais rápido a imobilizar a marcha depois de detetar a aproximação de um veículo.
«Para aplicações em que robots circulam no mesmo ambiente com outros veículos e humanos, o nosso método permite avisar o robot que alguém se aproxima ao virar da próxima esquina com alguma antecedência, para que este possa abrandar, adaptar a sua circulação, e antecipar todos os procedimentos para evitar a colisão», explicou Daniela Rus, diretora do Laboratório de Ciências e Inteligência Artificial (CSAIL)
Atualmente, o ShadowCAM foi apenas testado no interior de instalações fechadas, a velocidades relativamente baixas e com condições de luz mais consistentes. O desafio seguinte será aperfeiçoar a tecnologia para operar com competência semelhante fora de portas, onde a interpretação das sombras pode colocar outros desafios.