Transmitindo uma sensação permanente de opulência e rigor tecnológico, o renovado GLE distingue-se pela atenção ao detalhe e aposta no conforto, brilhando na versão 350 d 4MATIC pelas prestações que fazem esquecer o seu tamanho.
Cada vez mais obrigatórios para o sucesso dos diferentes fabricantes, os SUV têm na Mercedes-Benz um destaque muito especial, dada a disseminação de variantes e finalidades que a marca de Estugarda tem vindo a apresentar nos últimos anos – ainda recentemente apresentou mais uma variante deste GLE, com a carroçaria Coupé, que se junta a muitas outras, como o estiloso compacto GLB ou o ainda mais luxuoso GLS. Aliás, basta atentar que na casa alemã os SUV já levam um acumulado de mais de seis milhões de clientes em todo o mundo. O que diz muito sobre a sua popularidade.
Por outro lado, a bordo, há enormíssimo rigor na construção e na escolha dos materiais, criteriosamente selecionados para uma experiência altamente prazenteira. Visual e tecnologicamente, o grande destaque vai para a conjunção dos dois ecrãs de grandes dimensões no tablier. Ambos de 12.3”, um serve de painel de instrumentos personalizável e o outro como centro de comando das funções do sistema de infoentretenimento e do automóvel, recorrendo à tecnologia MBUX, com comandos vocais e conexão aos smartphones, entre muitas outras competências que o sistema oferece, como o Energizing, que permite alterar regularmente o banco para manter o corpo de certa forma em movimento, mesmo parado e sem sair do lugar.
O conforto e o rigor estão ainda inculcados nos bancos com revestimento em Alcantara (mais uma ‘cortesia’ da Linha AMG), de ajuste elétrico à frente e, opcionalmente, atrás (aqui também com comando elétrico dos encostos dos bancos para o rebatimento), com ótimo apoio do corpo. Há também muitos espaços de arrumação no habitáculo e, nos lugares traseiros não falta espaço em todas as direções para viagens desafogadas dos ocupantes – mesmo para adultos de maior estatura. A grande distância entre eixos (2995 mm) proporciona esse mesmo desafogo, sobressaindo a largura apreciável e altura que não deixa problemas. A bagageira, à qual se acede a partir de um portão de acionamento elétrico (e no qual está o botão para ativar ou esconder o gancho de reboque), disponibiliza 630 litros, que não surpreende atendendo às dimensões exteriores.
Mas, para quem procura luxo e robustez num só ‘pacote’, o GLE tem relevância redobrada. Esta atualização surge imbuída de uma sensação de grandeza técnica que enaltece as suas competências sobretudo quando chega o momento de abordar percursos com piso em muito mau estado. Uma suavidade e ligeireza de movimentos que deixam bem à vista o seu acerto muito eficaz para resguardar os ocupantes de ressaltos e buracos, destacando-se ainda pelo profundo trabalho efetuado no capítulo da insonorização. Encerradas as portas, o ruído exterior emudece, embora o funcionamento do motor turbodiesel de seis cilindros em linha seja facilmente audível – de forma rouca e não estridente como seria de supor num Diesel – nos períodos de aceleração mais forte.
A nota predominante é mesmo essa: conforto. A qualidade de rolamento e o funcionamento da suspensão AIRMATIC (2150€) têm como resultado um modelo muito suave no trato dos passageiros. Todavia, se o seu tamanho e peso (2235 kg) nunca são totalmente esquecidos, o GLE revela competência surpreendente em percursos encadeados. Seguro e estável em curva, a inclinação da carroçaria é evidente, embora se deva elogiar a sua homogeneidade dinâmica com os dois eixos a colaborarem de maneira exímia na descrição da trajetória em curva, destacando-se ainda a direção bastante precisa e informativa, o que se revela importante para ocultar o tamanho do conjunto.
Mas o GLE não é um ginasta de fácil girar de anca. Este SUV gosta muito mais de estradas largas e direitas, fazendo sobressair a sua qualidade de rolamento em tiradas compridas, mesmo que não se esquive a outras práticas com competência assinalável, como já atrás se referiu. Deve-o em muito também ao sistema de tração integral 4MATIC, que faz o seu trabalho na separação do binário entre os dois eixos para que a motricidade seja sempre elevada dependendo das condições do piso.
Os modos de condução do Dynamic Select permitem alternar entre diversos parâmetros do veículo, como a resposta do binómio motor turbodiesel/caixa automática 9G-Tronic, amortecimento ou os consumíveis: à escolha do condutor estão os modos Eco, Sport, Comfort, Individual e o mais aventureiro Off-Road, este último aliado ao Pack Off-Road (2350€), que acrescenta ainda duas funcionalidades suplementares – o assistente de controlo de velocidade em descida e a função de redutoras da caixa (LOW RANGE), a que se junta também a possbilidade de aumentar ou baixar o curso da suspensão a partir de um comando na consola central.
Rápido e musculado
O motor de seis cilindros em linha e 3.0 litros de cilindrada está associado a uma caixa automática de nove velocidades, que é rápida no seu funcionamento e eficaz no aproveitamento de todas as potencialidades desta mecânica de nova geração da Mercedes-Benz.
Sente-se bem o impulso dos 272 CV e o binário de 600 Nm é fundamental para respostas sempre decididas, sobretudo quando ativado o modo de condução Sport, que aplica ainda um perfil mais agressivo de funcionamento da caixa de velocidades, que premeia com maior agrado a condução graças às patilhas atrás do volante. Rapidamente, o GLE se atira para diante, como demonstra a aceleração dos zero aos 100 km/h em apenas 6,6 segundos.
Porém, o modo Eco é aquele que denota melhor equilíbrio de prestações com economia, sendo perfeitamente lógico que se opte por esse na maior parte do tempo. Esse permite a condução à ‘vela’ quando o piso é plano ou descendente e não há carga no acelerador, ajudando a baixar os consumos, que em condução normal se fica pela casa dos nove litros por cada 100 quilómetros. No nosso ensaio, obtivemos uma média de 9,7 l/100 km. Não é excelente, mas bastante tolerável tendo em conta o invólucro. Afinal, já olhou bem para as fotos?
E nem mesmo percursos de TT retiram coragem ao GLE: com bons ângulos de ataque, ventral e de saída, suspensão pneumática, as redutoras e os pneus de 20 polegadas de medida 275/50, este SUV não tem receio de ir para fora de asfalto, mesmo que seja de acreditar que poucos dos seus utilizadores o utilizem como fizemos no nosso ensaio…Com um preço base de 102.840€, a lista de equipamento é extensa e compreende diversos elementos, mas vale a pena apontar que os opcionais são muitos e de custo elevado, como é apanágio no segmento Premium. Contudo, parece-nos óbvio que quem deseja um SUV como este GLE não olha propriamente para esse ponto com preocupação. Assim, se quisesse uma unidade como a ensaiada, seria necessário passar um cheque de 138.704€ à casa alemã.
Entre os opcionais presentes na viatura de ensaio, destacamos o Pacote Premium Plus, que inclui a iluminação MULTIBEAM LED (que ajusta o feixe de luz de acordo com a estrada e com a presença de outros veículos na estrada), teto de abrir panorâmico ou o sistema de som de alta-fidelidade da Burmester, mas também o Pack Off-Road Engineering (2350€), a Linha Interior e Exterior AMG (4150€) ou o Pack AIRMATIC (2150€). Também o sistema head-up display de grandes dimensões (1250€) merece atenção.
VEREDICTO
Um SUV opulento repleto de qualidades de conforto e de robustez. Eis uma boa súmula para este modelo da Mercedes-Benz que tira partido de uma mecânica turbodiesel eficaz e potente, aliada a um acerto de chassis que dá primazia ao conforto mas que também não diz que não a uma estrada mais sinuosa dando confiança ao seu condutor. A experiência a bordo traduz um ambiente Premium e requintado, destacando-se a qualidade de construção e os materiais escolhidos, pelo que facilmente se percebe que este GLE é modelo de topo no seu segmento. Poderão existir em marcas rivais escolhas com maior foco na vertente dinâmico, mas o GLE merece estar entre os lugares de topo na categoria.
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