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Teste Renault Megane Electric Techno 60 kWh: Elétrico de excelência

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A mudança fez bem ao Megane. Alterando radicalmente o conceito deste seu popular modelo compacto, a Renault tomou uma decisão arriscada que, em termos de produto, pagou dividendos ao conceber aquele que é um dos melhores elétricos do mercado, valendo-se de uma nova faceta tecnológica, digital e estética. Teste ao modelo com bateria de 60 kWh e 220 CV.

Fortemente convicta de que o caminho da eletrificação é irrefutável (embora também tenha uma aposta forte no hidrogénio, com a Hyvia para os comerciais), a Renault prepara uma autêntica ofensiva de automóveis alimentados a bateria, que terá como pontos altos o regresso dos 4 e 5 em formato modernizado sem emissões para conquistar os segmentos mais populares da Europa, os B, C e D. Porém, o presente é feito, para já, com o Megane Electric em grande destaque.

Este novo compacto tem como base a plataforma CMF-EV desenvolvida no seio da Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, a qual tem o condão de ser estritamente usada para modelos elétricos, permitindo ganhos consideráveis em termos de compactação dos elementos e funcionalidades tecnológicas.

Com 4,2 metros de comprimento e altura ao solo mais elevada, quase ao estilo de um crossover, o Megane Electric pauta-se por uma distância entre eixos de 2685 mm para melhorar a habitabilidade a bordo, onde o novo mundo tecnológico dita leis e faz deste modelo um dos melhores do mercado, tanto no visual, como nas competências. Adotando um conceito que, sem exageros, se pode apelidar de referencial, o Megane aposta no novo sistema OpenR Link que é composto por um painel de instrumentos de 12.3″ à frente do condutor e pelo ecrã central tátil de 12″, disposto na vertical, num conjunto visual que faz do interior deste Renault um espaço impressionante.

Os dois ecrãs são personalizáveis pelo condutor, embora em moldes naturalmente distintos: o de instrumentos varia de acordo com os modos de condução Multi-Sense ou a gosto do condutor, enquanto o central tem como mote a tecnologia desenvolvida em conjunto com a Google. Este sistema operativo, denominado Android Automotive, tem pontos em comum com os smartphones, sendo bastante intuitivo e rápido na resposta. Uma lufada de ar fresco e que irá ser estendido a todos os outros modelos da Renault em breve, agora até já com a possibilidade de ter o Waze integrado entre as aplicações disponíveis.

De resto, o condutor pode ainda tirar partido de funcionalidades da Google, como a navegação com recurso ao Maps e a todos os outros serviços associados desta gigante tecnológica. A loja de aplicações Play Store também permite o download de diversas aplicações e os responsáveis da marca garantem que o número vai crescer nos próximos anos para que o próprio sistema possa evoluir, sendo também atualizável de forma remota por updates ‘over-the-air’.

De resto, num ambiente ‘limpo’ e excelsamente construído, com recurso a materiais de primeira linha, vale a pena notar igualmente a manutenção de alguns comandos físicos de atalho para determinadas funções, nomeadamente as do sistema de climatização, proporcionando maior tranquilidade nas operações por parte de condutor e do passageiro dianteiro.

A habitabilidade é boa, mas o espaço disponível nos lugares traseiros não é referencial, estando na média do segmento daquilo que oferecem alguns rivais com motor de combustão. Ou seja, parece não tirar total partido dos benefícios de uma plataforma elétrica dedicada, mas isso não quer dizer que não seja um compacto familiar bastante competente para uma pequena família. Ainda assim, dois adultos podem viajar comodamente, bem como as suas bagagens no compartimento dedicado, que oferece 440 litros e um pequeno espaço sob o piso que permite esconder o cabo de carregamento.

Esteticamente, o Megane Electric é um dos elétricos mais elegantes do mercado, algo que não só as linhas robustas consubstanciam, mas também as jantes de 20 polegadas em associação à pintura vermelha da unidade ensaiada.

Fórmula evoluída

Uma das premissas básicas dos elétricos é a sua rapidez de resposta e competência nas acelerações e retomas. O Megane com o seu motor elétrico de 160 kW/220 CV não é diferente, mostrando enormíssima facilidade de condução e desempenho que pode chegar a entusiasmar como o de um desportivo compacto. Afinal, cumpre a aceleração dos zero aos 100 km/h em 7,4 segundos, o que é um valor muito interessante, bem como as recuperações fruto do binário de 300 Nm praticamente instantâneo.

Mas existem boas nuances neste elétrico. A distinção entre os modos de condução do Multi-Sense (selecionáveis no volante) é bem executada e o Megane age, efetivamente, de maneira diferente consoante a fórmula escolhida. O modo mais eficiente é o ‘Eco’, que suaviza sobremaneira a entrega da potência, seguindo-se o modo ‘Normal’, que é o mais interessante e que se recomenda pelo compromisso entre poupança e desportividade, a qual é totalmente focada no modo ‘Sport’.

Na prática, o desempenho é muito aprazível e o Megane satisfaz plenamente neste aspeto, mas é na dinâmica, na forma como se permite conduzir que é ainda mais apelativo. Com efeito, na sua classe, este é um elétrico com pouquíssimos rivais, na medida em que o controlo da carroçaria em curva é excecional, dando assim uma noção de segurança e de eficácia àqueles que esperam de um elétrico o mesmo nível de emoção que um térmico.

A direção precisa aliada a um amortecimento eficaz na conjugação de agilidade com conforto tornam este Megane num automóvel altamente recomendável para um condutor que goste de alguma emotividade ao volante, mas também para quem se preocupa, acima de tudo, com o bem-estar familiar. Nota, apenas, para algumas situações com o piso molhado em que a tração se mostra mais débil, nomeadamente, quando se pisa a fundo no acelerador a uma velocidade relativamente baixa, com o eixo motriz (dianteiro) a evidenciar dificuldades na transmissão da potência ao piso.

O consumo é também uma das ótimas surpresas, com um valor registado no nosso ensaio de 100 quilómetros com múltiplos traçados de 14.1 kWh/100 km, o que se deve também ao eficaz sistema de regeneração, que pode ser gerido a partir de patilhas atrás do volante, permitindo jogar com a desaceleração.

E aqui deixamos os reparos: atrás do volante há um número excesso de comandos, sobretudo no lado direito. Uma haste para o seletor de condução (‘D’, ‘N’ e ‘R’), manípulo para o limpa para-brisas imediatamente atrás de uma das patilhas para comando da regeneração e, mais abaixo, o comando satélite para os comandos do áudio. Por vezes, a mão resvala nalgum deles.

A autonomia homologada de 470 quilómetros (WLTP) parece-nos alcançável atendendo à eficiência do sistema, com a bateria de 60 kWh a poder ser recarregada a 130 kW nos postos CC ou até 22 kW nos postos CA. Aqui, nota para o facto de demorar 3h10 para uma carga completa a 22 kW e cerca de 6h17 a 7.4 kW numa ‘wallbox’.

De resto, no nível de equipamento Techno, que é o intermédio, o conjunto oferecido é já bastante aliciante por um valor base de 44.750€, que inclui já os dois ecrãs de maior dimensão do sistema OpenR Link, os vidros traseiros escurecidos, as jantes em liga leve de 20″, o airbag central dianteiro (a juntar aos demais), o Multi-Sense e uma panóplia de elementos de segurança como a travagem de emergência ativa com deteção de peões e ciclistas, alerta de fadiga do condutor, aviso e prevenção de saída da faixa de rodagem, sistema de som Arkamys, reconhecimento dos sinais de trânsito com alerta de excesso de velocidade e Android Auto e Apple CarPlay sem fios.

VEREDICTO

O Megane (agora sem acento) renovou-se de corpo e alma e surge adaptado à nova era da mobilidade com uma série de atributos que fazem dele um dos melhores elétricos disponíveis no mercado entre o seu segmento. Com um design cativante (os olhos também comem), um habitáculo repleto de preciosismos tecnológicos e prestações de alto nível, este é um elétrico que também oferece uma excelente eficiência de condução para dar resposta à cada vez menos preocupante ‘ansiedade de autonomia’ (ainda há quem a tenha?).

Além disso, é também dotado de uma condução apelativa que não se cinge ao simples ato de acelerar muito bem em linha reta, revelando-se também uma fonte de descoberta para quem gosta de conduzir.

O preço é ainda algo mais elevado face a um Mégane térmico (que ainda se mantêm à venda e… têm acento na denominação), mas o caminho para a mudança começa por aqui e com méritos mais do que comprovados.


MAIS
Estilo ganhador
Ótimas prestações
Tecnologia a bordo
Condução equilibrada
Eficiência geral
Equipamento de série

MENOS
Excesso de comandos atrás do volante
Algumas perdas de motricidade em piso ‘difícil’
Espaço atrás inferior ao de alguns rivais

FICHA TÉCNICA
Renault Megane Electric Techno 60 kWh
Motor Elétrico singular, síncrono de íman permanente
Potência 220 CV/160 kW
Binário máximo 300 Nm
Bateria Iões de lítio, 60 kWh
Transmissão Tração dianteira, automático
Acel. 0-100 km/h 7,4 segundos
Vel. máxima 160 km/h
Consumo médio (WLTP) 16.1 kWh/100 km
Autonomia (WLTP) 454 km
Carregamento Máximo de 130 kW (CC); 3h10 de 0-100% a 22 kW (CA); 6h17 de 0-100% a 7.4 kW (CA)
Dimensões (C/L/A) 4199/1768/1505 mm
Distância entre eixos 2658 mm
Peso 1711 kg
Bagageira 440-1332 litros
Pneus 215/45 R20
Preço 44.750€
Gama desde 36.750€