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Apresentação Abarth 500e: Escorpião elétrico que sabe bem como divertir

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Antes de mais, responda-se já à pergunta que todos querem saber: é o novo Abarth 500e um digno representante da marca do escorpião? Sim. O 500e supera todas as expectativas e é, mesmo, um dos melhores elétricos naquilo que se propõe – ser divertido de conduzir, fácil de explorar e recompensador. Mas vamos explicar como é que a marca italiana conseguiu esta proeza.

Para qualquer ‘petrolhead’, a simples ideia de a Abarth se converter à eletrificação é quase uma heresia. Porém, depois de o experimentarmos, essa ideia pareceu-nos absurdamente fora da realidade. O 500e segue de perto os preceitos do já conhecido Fiat 500e, o novo elétrico citadino da marca, mas os engenheiros da Abarth procederam a um amplo trabalho de ajuste para que o seu modelo fosse mais divertido de conduzir, mais reativo e mais competente na área dinâmica.

Antes de mais, a Abarth continua ainda hoje a ser fiel aos princípios de Carlo Abarth, fundador da marca, que se dedicava a melhorar os automóveis da Fiat com o objetivo de extrair mais performance de uma forma acessível e muito cuidada, embora o cenário automóvel seja hoje muito distinto do de outros tempos. Agora, a marca cujo símbolo é o escorpião tem de manter a sua essência – a diversão de condução – numa nova era, a da eletrificação, tirando partido também das suas potencialidades.

Esta é, de acordo com os seus responsáveis, a nova forma de viver a marca, trazendo-a para uma era mais sustentável. Como é que a marca italiana o fez? Seguindo alguns pequenos passos.

Passo 1: o design

O Abarth não se divorcia totalmente da imagem do Fiat 500e, mas tal como na atualidade tem uma presença totalmente distinta, sublinhada por muitos elementos de índole desportiva, como os para-choques à frente e atrás, os faróis com uma assinatura luminosa distinta (com peças em plástico no capot a simular o semi-círculo de LED do Fiat), as jantes de 17 ou de 18 polegadas com um design especial ou as diversas insígnias do escorpião estilizado, agora associado a um raio, numa clara indicação de que este é um modelo elétrico (como nas laterais). Há também novo ‘lettering’ Abarth em cinzento titânio escuro no capot e na traseira.

Além disso, um novo logótipo de assinatura eletrificado do Escorpião está posicionado na lateral do automóvel, junto à porta, para informar os condutores de que estão a entrar num novo mundo elétrico.

A bordo, também houve retoques mais do que suficientes para fazer do Abarth um modelo especial, desde logo a começar pelo revestimento no tablier em Alcantara, ainda que predominem, regra geral, os plásticos rijos, mas de boa aparência no resto do habitáculo.

O volante desportivo com revestimento em pele e Alcantara e marco central superior para indicar o ponto intermédio do volante é um bom detalhe, sendo complementado pelos bancos desportivos (embelezados com as riscas do escorpião gravadas no tecido em verde ‘Acid’) e com ótimo suporte, sendo também de salutar a posição de condução mais baixa e mais cómoda em relação à geração anterior, com um leque de ajustes mais amplo.

O que também é interessante é perceber que a marca manteve os aspetos mais simbólicos presentes no novo Fiat, como as representações gráficas do 500 clássico nos puxadores das portas ou a silhueta da cidade de Turim junto ao local para guardar o smartphone na consola central.

À frente do condutor encontram-se dois grandes ecrãs: o primeiro é o painel de instrumentos digital TFT de 7” com gráficos dedicados, sobretudo atendendo ao facto de dispor de diferentes modos de condução (já lá iremos), enquanto ao centro reside um amplo ecrã tátil de 10.25″ do sistema de infoentretenimento – o Uconnect rádio NAV – com as novas Performance Pages, menus especificamente concebidos para o novo Abarth elétrico. Os sistemas Apple CarPlay e Android Auto estão igualmente disponíveis.

Os clientes podem escolher entre cinco cores, sendo que em destaque estão as novas ‘Verde Acid’ e ‘Azul Poison’, que se juntam aos ‘Branco Antidote’, ‘Preto Venom’, ‘Vermelho Adrenaline’, nomes que remetem para a identidade desportiva da marca.

Passo 2: Afinar e melhorar

Face ao 695 (que se mantém em comercialização até 2024), o novo Abarth elétrico beneficia de um aumento de 24 mm na distância entre eixos, o que melhora a sua agilidade, enquanto na distribuição de peso, a dianteira representa 57% e a traseira 43%. A largura de vias aumentada em 60 mm tem o condão de melhorar a estabilidade. Ao nível do chassis, a marca empregou molas específicas na suspensão, em parelha com amortecedores dedicados, enquanto o sistema de travagem foi reforçado com a presença de discos de travão traseiros de 278×12 mm com pastilhas em cobre. Nota ainda para a estreia de pneus Bridgestone desportivos para elétricos, desenvolvidos em parceria com a Abarth, procurando dessa forma fomentar ainda mais o dinamismo do conjunto.

Entrando no capítulo técnico, a Abarth procedeu a algumas alterações no conjunto motor/caixa/bateria para melhorar as prestações e a capacidade de resposta: em primeiro lugar, tanto o motor elétrico, como o inversor, foram otimizados para reduzir as perdas elétricas, ao passo que na caixa alterou-se o rácio de 9.6:1 no Fiat para 10.2:1 no Abarth. Dessa forma, obtém um maior equilíbrio entre aceleração e velocidade máxima.

O motor elétrico passa assim a debitar 114 kW/155 CV de potência e 235 Nm de binário, tirando partido igualmente de um mapeamento diferente do pedal do acelerador, consoante o modo de condução selecionado.

Mas houve mais trabalho feito para obtenção de maior performance na bateria. Tendo os mesmos 42 kWh da bateria presente no Fiat 500e, a do Abarth foi revista para assegurar dinamismo e fiabilidade na entrega da potência. A corrente da bateria é sempre superior para garantir todas as performances necessárias, enquanto as mexidas procuraram também que o estado de carga influenciasse negativamente as performances. Assim, a marca assegura que abaixo dos 50% apenas há uma redução de 5% em comparação com o estado de carga acima daquele valor intermédio. O peso da bateria, 295 kg, ajuda a manter o centro de gravidade baixo.

A autonomia anunciada em ciclo misto WLTP é de 265 quilómetros, podendo carregar totalmente em 4h15 quando numa tomada trifásica de 11 kW ou, num posto rápido de CC, atingir os 80% do estado de carga em cerca de 35 minutos, com um máximo de 85 kW.

Refira-se também a existência de dois modos de atuação para a direção, uma mais desportiva e firme para os modos de condução ‘Scorpion’ e outra mais suave e confortável para utilização no modo ‘Turismo’.

Esses três modos de condução são o ‘Turismo’, ‘Scorpion Street’ e ‘Scorpion Track’. O primeiro é mais pensado para uma condução quotidiana e com apenas 100 kW disponíveis para incrementar a economia, ao passo que os dois seguintes são ambos pensados para o máximo desempenho, sendo que a única diferença é a manutenção do pedal de travão com máxima regeneração (‘one-pedal’), o que não acontece no modo ‘Track’.

Em termos de prestações, o novo 500e demora 7,0 segundos a acelerar dos zero aos 100 km/h, mas demarca-se por outros critérios a seu favor: é um segundo mais rápido nas retomas em ambiente urbano, o que significa uma aceleração 50% mais rápida dos 20 aos 40 km/h do que o seu homólogo a gasolina. Fora da condução urbana, por exemplo em curvas sinuosas, consegue acelerar de 40 a 60 km/h muito mais rápido do que a versão a gasolina, a qual atinge os 60 km/h um segundo mais tarde.

Passo 3: Faz som? Escape Record Monza!

Não tem escape, mas parece que tem. Graças à tecnologia, a Abarth faz aquilo que nenhuma outra marca com automóveis elétricos fez até aqui: manter o apelo emocional com os automóveis de combustão do passado. E os adeptos destes, por muito que possam vir a torcer o nariz, irão ouvir o Abarth 500e e achar curiosa a solução. Depois, começarão a gostar. A marca recorre a um altifalante com woofer cónico na secção traseira que dá ‘corpo’ ao Abarth Sound Generator (de série no nível de equipamento ‘Turismo’) e que reproduz fielmente o som de um motor a gasolina Abarth inspirado no famoso escape Record Monza. O espectro sonoro do escape foi mesmo reproduzido de maneira quase idêntica, permitindo simular a aceleração com maior afinco.

O novo Abarth 500e chega aos concessionários entre junho e julho, com preços de entrada nos 38.030€ no caso da versão base, ao passo que o mais equipado ‘Turismo’ tem um preço base de 41.030€.


CONTACTO: Na pista e na estrada, um Abarth surpreendente

Com uma pista de testes tão versátil e interessante como Balocco, em Itália, a Abarth fez questão de mostrar as reais competências do novo 500e precisamente neste circuito em que dezenas de outros carros camuflados do Grupo Stellantis vêm fazer testes de desenvolvimento. As conclusões iniciais demonstraram que a Abarth fez um ótimo trabalho.

A companhia italiana decidiu preparar uma comparação direta, sem receios, entre os 695 com motor a gasolina de 180 CV e caixa manual e o novo 500e, totalmente elétrico e com 155 CV de potência. A chuva ligeira que teimou em cair não ajudou a tirar o máximo partido do asfalto, mas ajudou a clarificar a noção de que o novo Abarth faz aquilo a que se propõe – oferecer uma diversão de condução superior.

A comparação direta, saindo de um carro para o outro, serviu precisamente para deixar bem à vista a forma como a entrega da potência é mais rápida na versão elétrica, mesmo que não seja uma diferença brutal. Há efetivamente uma reação mais eficaz em baixas velocidades no 500e (por exemplo, ao sair de um gancho), o que no caso do motor de combustão se explica com as rotações que precisam de ganhar ânimo, enquanto no outro caso o binário elétrico está disponível de imediato. A sonoridade Record Monza proveniente do altifalante adiciona uma camada suplementar de emoção que se julgava perdida nos elétricos, ainda que também nunca desapareça da nossa mente a constatação de que… é a fingir. Mas insere-se na categoria dos bons fingimentos…

Foto: Mauro Ujetto/LaPresse

Muito bem-vinda é a posição de condução mais baixa e com mais ajustes, que permite maior naturalidade ao volante, enquanto o aumento nas dimensões ajuda, sobremaneira, a que o 500e seja mais estável em curva e muito ágil nas mudanças de direção repentinas. O tato do pedal do travão, em modo ‘Scorpion Track’, também nos pareceu muito bom, com ótima capacidade de paragem.

Por outro lado, a experiência de trocar de mudança após uma subida de regime até ao ‘redline’ em segunda, ouvir o escape a borbulhar e, novamente, colocar o pé no acelerador com um maior doseamento do mesmo para fazer o carro rodar em curva ao nosso gosto continua a ser um exclusivo do 695 com motor 1.4 T-Jet de 180 CV…

Finda a experiência em pista, conclui-se que o Abarth 500e cumpre com a sua missão de divertir e de oferecer uma experiência em linha com a ideia de um desportivo emotivo, libertando-se daquele que é um dos maiores problemas dos elétricos que se dizem desportivos, que é a inércia causada pelo peso da bateria. Aqui, isso não existe ou é praticamente impercetível.

A impressão foi depois confirmada num breve ensaio por estradas públicas, no qual demonstrou também outra credencial: a de uma vivência confortável e amistosa, com consumos energéticos moderados e suspensão perdulária o suficiente para que não se torne fastidioso, mesmo em mau piso. A estabilidade e a aderência elevada ficam também patentes em percursos mais sinuosos, merecendo por isso a ideia de que este é um digno herdeiro da linhagem Abarth.

Em suma

Uma abordagem que dá esperança ao universo dos ‘petrolheads’ que sabem o que o futuro reserva – a eletrificação plena. Mas isso não tem de representar o final das emoções ao volante para todos aqueles que têm nas curvas um gosto especial. O 500e não chega a ser o desportivo extremo que talvez muitos apreciariam, sendo antes um ótimo equilibrista de fatores e de conteúdos que lhe permitem ser, acima de tudo, divertido de conduzir e de explorar, mas sem ser desconfortável ou intrusivo (até a sonoridade Record Monza artificial pode ser desligada).

*Em Balocco, Itália.